Angel Vianna

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Maria Ângela Abras Vianna, Angel Vianna, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, (1928). Descendente de família tradicional de Minas, filha de Libaneses, Angel iniciou seu percurso na dança aos 12 anos de idade. Teve como mestre em sua formação de balé clássico o professor Carlos Leite, que foi primeiro bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro do início do século XX. Estudou música com Francisco Masferrer, seu professor de piano particular e aos 15 anos de idade freqüentou o curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade do Estado de Minas Gerais, dirigida pelo artista plástico Alberto da Veiga Guignard. Principal replicadora do movimento da Dança-terapia e Expressão corporal no Brasil, junto com seu companheiro de trabalho e de vida,Klauss Vianna (1928-1992), que conheceu em 1943, no Colégio Padre Machado.

Angel Vianna (Acervo Klauss Vianna)



Em 1955 Angel montou sua primeira escola de dança, em Belo Horizonte, na casa em que foi morar com Klauss. Em 1959 o casal Vianna funda o Ballet Klauss Vianna, consequência do sucesso que foi a escola. Angel trabalhava como assistente de coreografia, primeira bailarina e coreógrafa do Ballet KV, que tinha por diferencial, em relação a outros grupos profissionais da época, a tentativa de uma criação em dança que dialogasse com questões atuais para os artistas da época. O grupo trabalhava com referências corporais de danças típicas brasileiras e temas nacionalistas, influência do movimento modernista que eclodia nas rodas de artistas e intelectuais da época, como a Geração Complemento. Como treinamento, Klauss, diretor artístico do grupo, usava o ensino de balé combinado com anatomia, uma inovação para época. O Ballet Klauss Vianna foi pioneiro na ruptura com a estética clássica no Brasil, assumindo uma linguagem contemporânea e levando seus fundadores ao lugar de referências históricas da dança mundial.


Em 1962 Rolf Gelewsky, aluno de Mary Wigmann, pioneira da dança expressionista alemã, então diretor da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), convidou o casal Vianna para participar do quadro docente da escola que ainda estava se estruturando. A fundação da Escola de Dança da Bahia em 1956 foi um marco para o Ensino de dança do Brasil, pois foi a primeira instituição brasileira oficializada (em 1968) como ensino superior em dança. Klauss passou a lecionar aulas de balé clássico com uma metodologia focada na anatomia do corpo e na expressão corporal dos bailarinos. Angel, além de ser assistente de Klauss na disciplina de balé clássico, passou a integrar o Grupo de Dança Contemporânea (GDC), da Escola de Dança da UFBA. Neste período em que permaneceram em Salvador, na universidade, frequentaram aulas de anatomia no curso de graduação, com o professor da faculdade de medicina. Aprofundaram sua pesquisa no conhecimento físico do corpo, o que seria essencial na estruturação de sua metodologia de trabalhos corporais, bem como deram início a um trabalho de "consciência corporal”.


A metodologia iniciada pelo casal tinha por objetivo criar uma forma de apreender a técnica clássica de dança de maneira mais consciente, trazendo para o bailarino noções de anatomia, algo antes inexistente neste tipo de formação. O ensino de balé clássico passava por um momento de ruptura, em que os vanguardistas do pensamento de arte moderna negavam o balé, alegando que o mesmo causava danos aos corpos dos bailarinos. Paralelo a isso, a importância dessa formação ainda se fazia presente nos locais mais tradicionais de dança. Angel e Klauss participaram desta ruptura, mas não romperam totalmente com o ensino de balé clássico, ao contrário, inovaram em sua didática.


A expressão corporal no Brasil, incentivada principalmente na preparação corporal de atores, também é fruto do trabalho deste casal Vianna. Historicamente é difícil falar de um sem falar do outro, e muitas vezes suas importâncias confundem-se. O desenvolvimento da técnica de expressão corporal se deu de forma intensa na cidade do Rio de Janeiro, onde Angel e Klauss desenvolveram métodos de trabalho físico para atores e bailarinos, o que hoje é conhecido como “Técnica Klauss Vianna”. Após 4 anos de trabalho em Salvador, Angel se mudou para o Rio de Janeiro. Recém chegada na cidade, teve dificuldades de encontrar um trabalho até conhecer o Estúdio de D. Tatiana Leskova, em Copacabana, onde iniciou suas aulas de “expressão corporal”. O estúdio reunia bailarinos profissionais que faziam aulas de aperfeiçoamento com a mestra de dança de origem russa e artistas que procuravam uma formação em dança. Na época não existia faculdade de dança no Rio. Angel propôs um horário dedicado apenas às aulas de expressão corporal e passou a trabalhar mais diretamente com atores (1966).


Em 1975, foi inaugurado o Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação, embrião da Escola Angel Vianna que se confirmaria anos depois (1983). Angel é reconhecida em seu trajeto na dança por seu olhar sensível às singularidades dos corpos. Desde o início de sua carreira se envolve com o desenvolvimento da relação entre corpo e mente, valorizando o aprendizado, processo criativo e despertar do movimento de forma integrada com a mente. Trabalhou em Belo Horizonte com pessoas portadoras de necessidades especiais, estudou com profissionais da terapia, como Roberto Freire e Norma Jatobá, e fundou o curso de Recuperação Motora e Terapia através da Dança (1985).

A partir dessa filosofia, Angel Vianna inovou com trabalhos coreográficos através das companhias que criou: Ballet Klauss Vianna, Grupo Brincadeiras, Grupo Teatro do Movimento e o Grupo Corpo Teatro do Movimento. Ela produz, cria e ensina dança desde 1948 e é uma das pioneiras da dança contemporânea no Brasil.


Recebeu várias homenagens, condecorações e premiações. Entre elas destacam-se o Prêmio Mambembe 1996 - Pelo total da Obra, a Comenda da Ordem ao Mérito Cultural, pela Presidência da República do Brasil (1999), o Diploma Orgulho Carioca, pela sua importância na vida cultural da Cidade do Rio de Janeiro (2000), o título de Doutora Notório Saber nas áreas de conscientização do movimento, cinesiologia e dança, reconhecendo a relevância de sua obra da Universidade Federal da Bahia (2003).



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