Axé

De Wikidanca

Edição feita às 15h17min de 6 de setembro de 2013 por Massuel (disc | contribs)
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O Axé, ou axé music surgiu no estado da Bahia na década de 1980 durante as manifestações populares do Carnaval de Salvador, misturando o Frevo pernambucano, ritmos e Dança Afro-brasileira, reggae, merengue, Forró, Maracatu e outros ritmos afro-latinos.

No entanto, diferente dos ritmos de raízes africanas ou o estilo de música de qualquer banda ou artista que provém da Bahia não necessariamente são considerados Axé.

Com o impulso da mídia, o axé music rapidamente se espalhou por todo o país (com a realização de carnavais fora de época, as Micaretas), e fortaleceu-se como potencial mercadológico, produzindo sucessos durante todo o ano.


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Tabela de conteúdo

A Dança

Conhecida e definida como dança, o axé não é o essencial segundo suas origens, mas sim uma mistura de gingados e passos que compõe uma dança enérgica e marcada pelo pop, pagode e sensualidade exacerbada. Os movimentos de quadril, flexão de braços e pernas são fortes influências Afro que permanecem nas coreografias e danças de axé.

Por conta da difusão explosiva midiática no Brasil na década de 1980/90, a mistura de ritmos e influências apelativas ao mercado que se expandiu na exposição dos corpos e valorização das formas, a dança do axé ficou à mercê desses tipos de esteriótipos. Corpos malhados, roupas curtas e disposição espacial da dança como aulas de aeróbica em academias também são algumas dessas influências.


A Música

As origens do carnaval como conhecemos hoje estão na década de 1950, quando Dodô e Osmar começaram a tocar o Frevo pernambucano em guitarras elétricas de produção própria (batizadas de guitarras baianas) em cima de uma Fobica (um Ford 1929). Nascia o trio elétrico, atração do carnaval baiano que mais tarde implantou a tradição de grandes cantores 'puxando' os trios elétricos. A partir da década de 1960, paralelamente ao movimento dos trios, aconteceu o da proliferação dos blocos-afro: Filhos de Gandhi, Badauê, Ilê Aiyê, Muzenza, Araketu e Olodum. Eles tocavam ritmos afro como o ijexá e o samba (utilizando alguns instrumentos musicais da percussão, comuns nas baterias das escolas de samba do Rio de Janeiro).

Sob a influência das letras e canções de Bob Marley nos ouvidos, surgiu no Olodum que apresenta um ritmo que mistura Reggae e Samba, num estilo com forte caráter de afirmação da negritude, que fez sucesso em Salvador a partir dos anos de 1980: o Samba-reggae.

A nova música baiana avançaria mais ainda na direção do pop em 1992, quando o Araketu resolveu acrescentar música eletrônica nos tambores, e o resultado foi o disco Araketu, gravado pelo selo inglês independente Seven Gates, e lançado apenas na Europa. No mesmo ano, Daniela Mercury lançaria O Canto da Cidade, e o Brasil se reconheceria e legitimaria de vez o axé.


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Ritualística da Música

No ritual original do Candomblé (toque, festa), há duas partes: a preparação, que começa uma semana antes de cada festa, com muita gente na casa lavando, passando, cozinhando, limpando e enfeitando. Quando você entra no barracão e vê as bandeirinhas no teto da cor do Orixá que está sendo homenageado, alguém teve que comprar, cortar e colar as bandeirinhas e colocá-las no lugar para que o barracão fique bonito. Durante a semana diversas obrigações são feitas, de acordo com a determinação do jogo de búzios, animais são sacrificados a Exús, Eguns e aos Orixás homenageados (revigorando o Axé). Os animais tem que ser limpos e preparados por alguém, pois será servido uma parte (Axé) para os Orixás e outra parte para todos os presentes na festa. Na "parte pública" que é a festa, os filhos-de-santo (iniciados) dançam e entram em transe com seu Orixá. O babalorixá evoca cantigas que lembram os feitos do Orixá e este executa uma dança simbólica recordando seus atributos. A cerimônia termina com um banquete onde será distribuído o Axé em forma de alimento entre todos os presentes.


A Palavra Axé

A palavra "axé" é uma saudação religiosa usada no candomblé e na umbanda, que significa energia positiva. Axé (Àse, em yoruba, "energia", "poder", "força"). No contexto do Candomblé axé representa um poder de força sobrenatural.

Expressão corrente no circuito musical soteropolitano, ela foi anexada à palavra em inglês music pelo jornalista Hagamenon Brito para formar um termo que designaria pejorativamente aquela música dançante com aspirações internacionais.

A palavra também pode ser usada para se referir ao terreiro, Ilê Axé (Casa de Axé).

Na Capoeira axé representa força, ânimo e energia.


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Nas mais diversas Danças Populares de roda, uma roda cheia de axé é uma roda animada e alegre. Como a maior parte dos praticantes de algumas dessas danças na atualidade não são adeptos do Candomblé, a palavra perdeu o âmbito sobrenatural e místico. Algumas vezes a palavra axé pode ser utilizada como uma saudação, um cumprimento através do qual se deseja ao próximo coisas boas, força, ânimo e energia.


O Ritual Axé

O axé, dos iniciados no Candomblé, Umbanda e outras religiões Afro, está ligado à sua conduta ritual e o relacionamento com seu orixá, sua comunidade, suas obrigações e seu babalorixá. O axé é considerado uma energia muito forte, mágica, universal sagrada do orixá manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos e símbolos.

O elemento mais precioso do Ilê é a força que assegura a existência dinâmica. É transmitido, deve ser mantido e desenvolvido, como toda força pode aumentar ou diminuir, essa variação está relacionada com a atividade e conduta ritual. A conduta está determinada pela escrupulosa observação dos deveres e obrigações, de cada detentor de axé, para consigo, ser orixá e para com seu ilê. O desenvolvimento do axé individual e do grupo, impulsionam o axé de ilê.


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A força do axé é contida e transmitida através de certos elementos e substâncias materiais, é transmitido aos seres e objetos, que mantém e renovam os poderes de realização. O axé está contido numa grande variedade de elementos representativos dos reinos: animal, vegetal e mineral, quer sejam da água - doce ou salgada - da terra, floresta - mato ou espaço urbano. Está contido nas substâncias naturais e essenciais de cada um dos seres animados ou não, simples ou complexos, que compõem o universo.


Elementos Portadores de Axé

Os elementos portadores de axé podem ser agrupados em três categorias: "sangue" vermelho; "sangue" banco; "sangue" preto.


O "sangue" vermelho

Compreende:

a) do reino animal: o sangue

b) do reino vegetal: o epô (óleo de dendê), osùn (pó vermelho), aiyn (mel - sangue das flores), favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos (obi, orobô), raízes...

c) Do reino mineral: cobre, bronze, otás (pedras), areia, barro, terra...


O "sangue" branco

a) do reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino), plasma (em especial do igbin - espécie de caracol -), inan (velas)

b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, alcool, bebidas brancas extraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori (espécie de manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos, raízes...

c) reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...


O "sangue" preto

a) do reino animal: cinzas de animais

b) reino vegetal; sumo escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji (pó azul), carvão vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos, raízes...

c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia, barro, terra...


Existem lugares, sons, objetos e partes do corpo (dos animais em especial) impregnados de axé; o coração, fígado, pulmões, moela, rim, pés, mãos, rabo, ossos, dente, marfim, órgãos genitais; as raízes, folhas, água de rio, mar, chuva, lago, poço, cachoeira, orô (reza), adjá (espécie de sineta), ilús (atabaques)...

Toda oferenda e ato ritualístico implica na transmissão e revitalização do asé. Para que seja verdadeiramente ativo, deve provir da combinação daqueles elementos que permitam uma realização determinada. Receber asé , significa, incorporar os elementos simbólicos que representam os princípios vitais e essenciais de tudo o que existe. Trata-se de incorporar o aiyé e o orún , o nosso mundo e o além, no sentido de outro plano. O asé de um ilê é um poder de realização transmitido através de uma combinação que contém representações materiais e simbólicas do "branco", "vermelho" e "preto", do aiyé e orún. O asé é uma energia que se recebe, compartilha e distribui, através da prática ritual. É durante a iniciação que o asé do ilê e dos orixás é "plantado" e transmitido aos iniciados.

A Iyálorixá é ao mesmo tempo iyálasé, zeladora dos ibás (assentos - representação material do orixá na terra, local específico para receberem suas oferendas, local que se entra em comunhão com os orixás), tudo relacionado aos orixás, zelar pela preservação do asé que manterá viva e ativa a vida do ilê.


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Referências

http://translenza.com.br/orixa/lnk_topicos.php?id=20 agosto/2013

http://pt.wikipedia.org/wiki/Axé agosto/2013

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