Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação

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Histórico

Angel vianna, Klauss Vianna e Tereza d'Aquino fundaram, em março de 1975, o Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação, situado na Rua Góes Monteiro, em Botafogo no Rio de Janeiro. O “Corredor Cultural”, como ficou conhecido, era uma casa antiga cortada por um corredor que dava acesso às salas de aula. Tratava-se de uma escola de dança, especializada em Expressão Corporal, mas o espaço atraía profissionais de diversas áreas – bailarinos, arquitetos, psicólogos, fisioterapeutas, músicos, poetas, atores, donas-de-casa, entre outros – promovendo uma troca constante e interdisciplinar.


Para Angel Vianna (VIANNA apud FREIRE: 2005, p.92), a escola foi fruto da necessidade de “um local mais claro de expressão corporal”, e de sua busca constante em realizar o trabalho em que acreditava. Ela se encarregava das aulas de Consciência Corporal e Klauss Vianna ministrava as de Dança Moderna, enquanto Tereza d'Aquino, as de Balé Clássico. Foram contratadas Lourdes Bastos (1927- )1 e a coreógrafa norte-americana Beverly Crook, para aulas de Dança Moderna. Havia também cursos especiais de Expressão Corporal para crianças de 3 a 6 anos, idade em que o balé clássico ainda não é aconselhável. Essas aulas pretendiam, através da experiência criativa e da exploração da imaginação, criar uma espécie de teatro infantil que se utilizava de elementos da dança.


O Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação foi o precursor da atual Escola Angel Vianna, situada na Rua Jornalista Orlando Dantas, que hoje também integra a Faculdade Angel Vianna. A Escola e Faculdade Angel Vianna funciona sob quatro vertentes: os cursos livres de dança e movimento corporal, os cursos de formação técnica, os cursos de nível superior (3o grau) e a pós-graduação lato sensu.


De acordo com RIBEIRO et al (2010), a proposta do Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação foi pioneira nas pesquisas de linguagem do corpo, “primeiro local especializado neste trabalho no Brasil” (POLO: 2005, p.45). As opções de trabalho profissional em dança nessa época no Rio de Janeiro se resumiam ao corpo de baile do Teatro Municipal e algumas inserções na televisão:

O ballet no Rio de Janeiro, na época, era o Ballet do Teatro Municipal. Não existia outra possibilidade de se dançar 
profissionalmente, a não ser no corpo de baile do Teatro Municipal ou participando de programas de televisão. Klauss trouxe conceitos 
inovadores para uma época em que se traduzia o talento do bailarino(a) pelo 'pé e pernas bonitas' como indicadores da vocação. Na 
aula de Angel, a 'estética' dos alunos de expressão corporal era diferente do habitual (FREIRE: 2005, p.89).


Filosofia

Para Angel Vianna, a filosofia desse espaço se concentrava em um (re)conhecimento do próprio corpo, na percepção por parte dos bailarinos do sentido e finalidade de cada movimento, além da tentativa de extrair toda a potencialidade expressiva de cada pessoa. Além disso, ela fala da importância de conhecimentos de anatomia por parte dos educadores: “acho que o ensino do ballet ou de qualquer ginástica só deve ser feito por gente que tenha estudado anatomia”, já que a dança quando ensinada de maneira indevida pode acarretar danos e lesões corporais. Dessa maneira, o ensino dessa escola pretendia que os alunos chegassem a um conhecimento tal do próprio corpo que pudessem reconhecer se estavam em uma posição viciada ou inadequada.


Ninguém entra aqui só para fazer pliés, piruetas ou exercícios que são executados aereamente. Nós tratamos de explicar ao aluno 
o sentido e a finalidade de cada movimento, fazendo-o tomar conhecimento real do seu corpo, e extrair dele toda a sua potencialidade. 
Só depois disso, está apto a usar o corpo como instrumento de trabalho. Expressão corporal não serve para emagrecer e também não é 
uma espécie de parente da ioga. Mas ajuda a liberar as tensões e a fazer com que a pessoa se torne mais espontânea e mais tranqüila. 

Tereza D'aquino em reportagem para o Jornal O Globo de 15/06/1975


“Como uma parteira, como ela mesma se intitula, é ajudando o nascimento de corpos sensíveis, onde o movimento e a dança de cada 
um de nós pode brotar, que Angel encontra seus motivos para atuar ainda hoje” (FREIRE: 2005, p.87).


Ver Também


Referências Bibliográficas

CALAZANS, Julieta; CASTILHO, Jacyan; GOMES, Simone (orgs.). Dança e educação em movimento. São Paulo: Cortez, 2003.

FREIRE, Ana Vitória. Angel Vianna – uma biografia da dança contemporânea. Rio de Janeiro: Dublin, 2005.

MAGALHÃES, Marina Campos. Angel Vianna e o Grupo Teatro do Movimento. Pós Graduação em Formação de Preparador Corporal nas Artes Cênicas. Faculdade Angel Vianna, Rio de Janeiro, 2010.

POLO, Juliana. Angel Vianna através da história – a trajetória da dança da vida. Oitavo Programa de Bolsas RioArte: Rio de Janeiro, 2005.

RIBEIRO, Joana et al. "Homenagem ao Grupo Teatro do Movimento - 1975-1980". II ENGRUPEDANÇA: Diálogos e Dinâmicas. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2010. p. XVII-XXVI.

TAVARES, Joana Ribeiro da Silva. Escola Angel Vianna – Uma escola “em movimento”. O Percevejo Online. Periódico do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas PPGAC/UNIRIO. Rio de Janeiro, 2009. Volume 1, Fascículo 2.

VIANNA, Klauss. A dança. São Paulo: Summus, 2005.

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