Helena Katz

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Conjugando sua atuação no jornalismo cultural com atividades acadêmicas, é professora no Curso Comunicação das Artes do Corpo e no Programa em Comunicação e Semiótica, na PUC-SP, onde concluiu o doutorado (1994) com a tese "Um, Dois, Três: A Dança é o Pensamento do Corpo", publicada em 2005. Graduou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia e Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1971) e exerce a função de crítica de dança desde 1977. Coordena o Centro de Estudos em Dança-CED, que fundou em 1986, grupo de pesquisa certificado pelo CNPq. Em 2010 tornou-se também professora na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora, professora, crítica e palestrante nas áreas de Comunicação e Artes, desenvolve, em parceria com a Profa. Dra. Christine Greiner, a Teoria Corpomídia (2001, 2003, 2004, 2005, 2007, 2009, 2010), na qual realiza uma nova etapa com o projeto de pesquisa "Os Novos Estatutos do Corpo nas Sociedades Pós-Ideológicas". É membro do Grupo de Pesquisa DC3-Dança, Ciência, Comunicação e Cultura, liderado pela Profa. Dra. Clélia Ferraz Pereira de Queiroz.


Tabela de conteúdo

Breve Bio

Os trechos biográficos narrados abaixo foram retirados de uma entrevista feita com a professora e crítica de dança Helena Katz, publicada no "Guia de Produção Cultural", em 2001.


Helena Katz se formou em filosofia e música, estudou matemática, sempre se interessou por biologia e medicina e se tornou uma das mais reconhecidas críticas de dança. Atua na área de jornalismo cultural, com especialização em dança desde a década de 70. É professora e coordenadora da faculdade de comunicação e artes do corpo, na PUC-SP, onde desenvolve uma pesquisa na área de ciências cognitivas. Ela conta:


"Decidi que iria estudar filosofia aos catorze anos e nem imaginava que seria a escolha mais sensata que faria
na vida, porque hoje em dia é a filosofia que me possibilita estar na PUC-SP trabalhando com teorias científicas e me
ajudando a encontrar um lugar para as artes do corpo na universidade, para que a universidade 'fale' com esse tipo de
produção, e também para conseguir fazer um tipo de jornalismo cultural que abrigue a dança de uma outra maneira."
(NATALE, 2001, p. 88)"


Entre outras ideias defendidas pela crítica de dança, está a de que corpo e mente não podem ficar tão separados quanto o modelo clássico científico estabeleceu, em que o corpo pertence à prática e a mente ideia. Helena vem tentando desmitificar essa dualidade em seus artigos, críticas de jornais, cursos, etc. Outro compromisso que assume é com a educação cultural e valorização da produção artística. Numa crítica aos meios de comunicação, ela diz:


"A sociedade também tem dificuldade em entender as atividades culturais como produtoras de conhecimento para
todos, e não somente para alguns poucos eleitos. Os meios de comunicação são os responsáveis pela massificação de
certos valores em detrimento de outros. Em se tratando de produção cultural, ou ela não ocupa ou ocupa um 'cantinho'
muito reservado na mídia." (Ibidem, p.89)


Katz aponta em sua entrevista, ainda, a importância em se recuperar a ligação entre educação e cultura. A cultura é também produção de conhecimento, produção de bens simbólicos, que introduz a criatividade, a reflexão crítica, a identidade. Cultura e educação se alimentam mutuamente e, segundo Katz, foram "separadas" durante a ditadura militar no Brasil justamente porque "o imenso poder do bem simbólico está na dificuldade de ele ser controlado, por isso era muito perigosa uma educação que se propusesse a fazer mais do que treinar alguém a repetir conteúdos." (Ibidem, p.90)


Acervo Helena Katz

Helena Katz começou a produzir artigos sobre dança em 1976. Ela atualmente possui um portal na internet, Portal Helena Katz, que reúne todos os seus artigos publicados em jornais, livros, revistas, revistas científicas. O portal fornece ainda alguns artigos produzidos especialmente para o site, informações sobre disciplinas, cursos, entrevistas, prefácios, textos para congressos e para programas/ catálogos.


Este é, sem dúvidas, um acervo valioso para o pesquisador de dança/ artista. Em meio a esses textos, o próprio pensamento sobre dança é também construído, discutido, revelado. Muitos artigos estão em formato PDF, o que nos revela a imagem original de sua publicação (como no caso de jornais, por exemplo). Selecionamos a seguir uma entrevista para o jornal "Correio do Triângulo", em julho de 1989, em que Katz defende o espaço de reflexão nas academias de dança.

Correio entrevist katz.jpg

A entrevista pode ser lida na íntegra no portal Helena Katz, através do link: http://www.helenakatz.pro.br/midia/helenakatz61175051064.jpg


Destacamos abaixo alguns trechos da entrevista:

Em conferência no V Festival de Dança do Triângulo, Helena Katz "discute conceitos que norteiam a teoria da dança na atualidade, critica a falta de ousadia nas experiências de festivais de dança e propõe alguns caminhos para a discussão intelectual entre bailarinos, professores da área e realizadores culturais."


Katz introduz a entrevista falando sobre o Núcleo de Dança, criado em 1985, em São Paulo. Ela conta como funcionam os encontros com os 30 pesquisadores que formam o grupo, que funciona como uma Pós-Graduação. Os participantes discutem textos, escrevem e lêem sobre assuntos relacionados às pesquisas.


Em seguida, a crítica de dança fala sobre a falta de espaço reflexivo nas academias de dança, principais formadoras de bailarinos na época. Num período de escassa profissionalização formal, as academias particulares são os principais espaços de formação, mas estão comprometidas apenas com a técnica de dança. Segundo Katz, estas academias, que seguem o interesse comercial de seus donos, não possuem compromisso educacional.


Por fim, Katz traz à tona uma discussão peculiar desse momento histórico da arte, os conceitos de "moderno", "pós-moderno" e "contemporâneo" na arte. Na tentativa de definir "pós-moderno", algo que começa quando o "moderno" termina, e que afirma ser um conceito confuso, uma vez que o moderno ainda está repercutindo nas produções artísticas, Katz já adianta uma das noções que norteiam até hoje o pensamento sobre dança (arte) contemporânea, um embaralhamento nos limites que "definem" as várias linguagens artísticas.


Abaixo uma passagem, que encerra a entrevista, e que serve como reflexão sobre uma ideia que ainda encontra espaço de atuação, visto que 15 anos depois, ainda há uma grande resistência à obras que não seguem a tradição já consagrada da dança, seja ela clássica, moderna ou contemporânea.


"O meu gosto é viciado, é cultural, é condicionado, injusto e pobre. Principalmente isso. Se eu reconheço as
coisas somente a partir do meu gosto, só vou conseguir reconhecer as mesmas coisas sempre. Se eu abro os poros e tiro
o gosto como filtro eu vou conseguir ver tudo como informação, sem classificá-la como boa ou ruim. Se eu consigo
isso, tenho mais informações e com isso eu amplio o meu gosto e saio do senso comum." (Katz, 1989)


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