Jongo

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Autor: Massuel dos Reis Bernardi


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O Jongo é uma das Danças Populares e das Dança Afro-brasileiras mais fortes no Brasil.

Uma manifestação associada ao legado cultural africano no Brasil e que influiu fortemente na formação do samba, e das culturas populares brasileiras como um todo.

Segundo os jongueiros, o Jongo é o "avô" do Samba.

Foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.


Tabela de conteúdo

Origens

Inserindo-se no âmbito das chamadas danças de umbigada (aparentada com o "Semba" ou "Masemba" de Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros bantu, sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.

Composto por música e dança características (jongoo), animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, com cantigas ou pontos enigmáticos, o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens (pelo menos no que diz respeito à estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhas angolano, denominado Jinongonongo.

Pesquisas históricas indicam que o Jongo possui, na sua origem, relações com o hábito recorrente das culturas africanas de expressão bantu, durante o período colonial, de criar diversas comunidades organizadas internamente, dentre as quais podemos citar até mesmo irmandades católicas, como a Congada. Essas fraternidades tiveram importante papel na resistência à escravidão, como modo de comunicação e organização, até mesmo comprando e alforriando escravos.

Apesar de ser uma expressão da religião, mantém como um traço essencial de sua linguagem a presença de símbolos que possuem função supostamente mágica ou sagrada, provocando, segundo se acredita, fenômenos mágicos. Desse modo, o fogo serve para afinar os instrumentos e também para iluminar as almas dos antepassados.

Há comunidades, como a favela da Rocinha no Rio de Janeiro, onde se relata que antigamente não poderiam participar do jongo mulheres e crianças. Em outras comunidades acredita-se que a participação sempre foi aberta a homens e mulheres.

Dentre as importantes jongueiras mulheres, cita-se Clementina de Jesus.

A valorização da ancestralidade toma forma de um grande respeito aos mais velhos, também chamados "jongueiros cumba", pois a idade é relacionada, nesse contexto, à grande sabedoria e poder. Isto é visível em metáforas cantadas/narradas/faladas como a que um jongueiro cumba, certa vez, plantou uma bananeira no início da noite da festa do jongo e, ao amanhecer, todos colheram bananas maduras.


O Tambor

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Os tambores são consagrados e considerados como ancestrais da própria comunidade. Feitos de troncos de madeira e couro animal, são elementos centrais no jongo, sempre reverenciados pelos jongueiros, pois fazem ligação com entidades do mundo espiritual e expressam a conexão do jongo com outras manifestações afro-brasileiras. São respeitados na roda de jongo verdadeiras entidades e sem eles o jongo não sai.

Alguns tambores chegam a ter mais de cem anos de batuque e são passados de geração em geração. São tão importantes que, em geral, o guardião é o líder da comunidade jongueira.

Os instrumentos que acompanham os jongueiros variam. Na formação mais conhecida inclui dois ou três tambores chamados de tambu e candongueiro ou de caxambu e candongueiro. Algumas comunidades usam também um tambor de fricção (espécie de cuíca maior, a puíta ou angoma puíta).


A Dança

Iniciado o toque dos tambores, forma-se uma roda de dançarinos que cantam em coro, respondendo ao solo de um deles. De forma encadeada, para abrir a roda é necessário o ponto (forma poética e musical) de homenagem aos jongueiros velhos. Existem os pontos para pedir licença aos ancestrais vivos e mortos. Há ainda pontos de circunstâncias específicas como de encerramento e saída da roda.

Sozinhos ou em pares, os dançarinos vão ao centro da roda passando pela saudação (permissão) ao tambor. Muitas vezes nota-se no momento da substituição, o elemento da umbigada.

A dança em círculos com um casal ao centro remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido permanece inacessível para os não-jongueiros.

Dança-se conforme se sabe, rodando, pulando, arrastando os pés, devagar, rápido. Muitas vezes os passos são como de danças observadas nas rodas de santos da umbigada. Mais característicos do Jongo da Serrinha, usam-se marcações com os pés oriundas de outras Danças Populares como o mancador, amassa café e tabiado, além da saudação com os braços pro céu em reverência a poderes divinos ou ancestrais.

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Características e Legado do Jongo

Dançado e cantado outrora com o acompanhamento de urucungo (arco musical bantu, que originou o atual berimbau), viola e pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de Tambu ou 'Caxambu', o maior - que dá nome à manifestação em algumas regiões - 'Candongueiro', o menor e o tambor de fricção 'Ngoma-puíta' (uma espécie de cuíca muito grande), o Jongo é ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o Vale do Paraíba na Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo e Região das Minas e das fazendas de Café em Minas Gerais, onde também é chamado "Caxambu".

Entre as diversas comunidades que mantêm (ou, até recentemente, mantiveram) a prática desta manifestação, pode-se citar as localizadas na periferia das cidades de Valença, Vassouras, Paraíba do Sul e Barra do Piraí (Rio de Janeiro) além de Guaratinguetá e Lagoinha (São Paulo), com reflexos na região dos rios Tietê, Pirapora e Piracicaba, também em São Paulo (onde ocorre uma manifestação muito semelhante ao Jongo conhecida pelo nome de 'Batuque') e até em certas localidades no sul da Bahia

O Jongo no Rio de Janeiro

Na cidade do Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava Maria Teresa dos Santos muitos de seus parentes ou aparentados além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho e Tia Eulália, todos eles intimamente ligados a fundação da Escola de Samba Império Serrano, sediada no Morro da Serrinha. A partir de meados da década 70, no mesmo Morro da Serrinha, o músico percussionista Darcy Monteiro 'do Império' (mais tarde conhecido como Mestre Darcy), a partir dos conhecimentos assimilados com sua mãe, a rezadeira Maria Joana Monteiro (discípula de Vó Teresa), passando a se dedicar à difusão e a recriação da dança em palcos, centros culturais e universidades, estimulando por meio de oficinas e workshops, a formação de grupos de admiradores do Jongo que, embora praticando apenas aqueles aspectos mais superficiais da dança, deslocando-a de seu âmbito social e seu contexto tradicional original, dão hoje a ela alguma projeção nacional. É digno de nota também o 'Caxambu do Salgueiro', grupo de Jongo tradicional que, comandado por Mestre Geraldo, animou, pelo menos até o início da década de 1980, o Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca e era composto por figuras históricas daquela comunidade, entre as quais Tia Neném e Tia Zezé, famosas integrantes da ala das baianas da Escola de Samba G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro.


Encontros de Jongueiros

Em 1996 aconteceu no município de Santo Antônio de Pádua (RJ), o I Encontro de Jongueiros, resultado de um projeto de extensão da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolvido pelo campus avançado que a universidade possui neste município. Deste encontro participaram dois grupos de jongueiros da cidade e mais um de Miracema, município vizinho. A partir daí, o encontro passou a ser anual. Hoje, cerca de treze comunidades jongueiras participam deste Encontro.

Em 2000, durante a realização do V Encontro de Jongueiros, em Angra dos Reis, foi criada a Rede de Memória do Jongo e do Caxambu, com o objetivo de organizar as comunidades jongueiras e fortalecer suas lutas por terras, direitos e justiça social.


Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Mediante a um inventário realizado pela equipe do CNFCP/Iphan iniciado em 2001, o jongo foi legitimado em 2005 como patrimônio imaterial brasileiro.

Se estivesse vivo, Darcy do Jongo completaria 80 anos em 2012 e veria um sonho concretizado: a consagração do dia do Jongo. O dia 26 de julho, a celebração do Dia Estadual do Jongo, instituído em 2011 pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), atendendo a um pedido do Jongo da Serrinha.

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Outras Danças Afro-Brasileiras

Roda de Capoeira

Samba de Roda

Maracatu

Lundu

Cafezal

Caxambu


Referências

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jongo - maio/2013

http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=517 - maio/2013

http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/106/artigo38877-1.asp - maio/2013

http://extra.globo.com/tv-e-lazer/dia-do-jongo-da-inicio-uma-serie-de-acoes-que-revitalizam-genero-5586047.html#ixzz2Tknu2acV - maio/2013

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