Luzia Amélia

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Breve Histórico



Luzia Amélia é bailarina e coreógrafa. Com uma atuação política contundente no cenário artístico local em Teresina, esteve a frente, desde o final dos anos 80, de importantes projetos na área de dança do Piauí vinculados a arte-educação e gestão cultural. Fundou e dirigiu o Balé Folclórico de Teresina, companhia que em seu percurso deu origem ao Projeto Balé de Teresina - ONG que trabalha com formação e inclusão social através da dança. Coordena a Cia Luzia Amélia de Dança, com quem estreou os espetáculo "Mercado central" (2007) e "Sangue" (2010) e desenvolveu, entre outras ações, o Projeto 1 Minuto para a Dança. Em parceria com estudantes, teóricos e artistas, e o apoio de instituições como o SEBRAE, Luzia tem articulado o Fórum Social da Dança, evento que acontece desde 2010 e promove mesas redondas, lançamento de publicações e um conjunto de ações voltadas para a dança e o impacto dessa atividade no campo econômico no Piauí.

Com graduação em Artes Visuais atualmente conclui mestrado em Dança e Estudos Contemporâneos na Universidade da Bahia-UFBA, investigando a dança como uma estratégia evolutiva da nossa espécie, hipótese que vai buscar na física, biologia e na ontologia um olhar para as "figuras de dança" encontradas nas pinturas rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara (São Raimundo Nonato - PI). Atua como pesquisadora da área de dança no NUPEAC (Núcleo de Pesquisa da Arte e Cultura do Piauí) na Universidade Federal do Piauí. Integra o grupo de educadores e artistas que estão discutindo e articulando a implantação da primeira graduação em Dança da Universidade Federal do Piauí.


Trajetória



Luzia Amélia, nasceu em Teresina em 1972. Contrariando uma iniciação no balé clássico na infância, dado comum entre os artistas de sua geração, Luzia inicia uma espécie de "formação livre" mais tarde. As primeiras lembranças de uma experiência contundente com dança são da adolescência, aos quinze anos, freqüentando aulas livres de jazz na Academia Agiteite. A Academia, funcionou como ponto de encontro para uma geração de jovens artistas em Teresina nos inicio dos anos 80. Período em que a cidade possuía algumas academias privadas de balé clássico e o projeto para a abertura de uma Escola de Dança Estadual se desenhava politicamente, reunindo uma série de artistas que desde os anos 70 trabalhavam com dança na cidade.

Antes dos vinte anos Luzia dança no espetáculo "Nordeste e sua Gente" e passa a ter aulas com artistas de outras cidades (principalmente Salvador e Fortaleza) a exemplo de Valdemar Queiroz trazidos pela Academia Agiteite. Recebe então o convite de Ludmila Olicar, á época bailarina e professora, para integrar o projeto Balé Popular de Teresina. Lá passa se aproxima do trabalho do coreógrafo Sidhe Ribeiro e mesmo integrando por pouco tempo o Balé Popular de Teresina, segue numa trajetória de aulas com o coreógrafo nas academias da cidade. Luzia dá inicio a uma formação fragmentada mas ainda tendo como eixo o balé clássico. Participa do projeto de dança desenvolvido pela Escola Técnica do Estado do Piauí com a professora Jandira e Ana Lurdes, o grupo desenvolve um trabalho de repertório e apresenta-se pela cidade com coreografias influenciadas pela GRD por volta de 1988. A partir daí, Luzia integra o Balé da Cidade de Teresina, principal companhia de dança até o final dos anos oitenta, seguindo como performance/bailarina em sua trajetória.

Ainda no final dos anos 80 por meio de um concurso realizado pelo Prefeitura do Estado Luzia recebe o convite para assumir uma oficina de dança no bairro São João, uma região periférica de Teresina onde a Fundação Cultural Municipal desenvolvia ações de inclusão social. A partir daí Luzia começa um percurso mais autoral em seu trabalho desligando-se como bailarina do Balé da Cidade de Teresina. Já como professora introduz nas turmas do bairro São João, essencialmente formada por garotas, meninos e jovens que freqüentavam o projeto. Passa então a cruzar sua formação em dança, e o próprio balé clássico, com outras referências como a dança afro. Surge o "Grupo Alternativo de Dança" que inaugura a trajetória de coreógrafa de Luzia Amélia.

O grupo segue por oito anos apresentando-se na cidade e nesse período surge no circuito local a expressão "meninos da Luzia", termo que de alguma forma, acaba por apresentar ao cenário da dança em Teresina uma série de novos artistas, bailarinos e criadores anos mais tarde. O trabalho do "Alternativo de Dança" ganha espaço e o grupo segue de maneira independente desligando-se do projeto que lhe deu origem na Prefeitura de Teresina. Nos anos 90 "O Alternativo" estréia um grande espetáculo inspirado nas músicas do "Secos e Molhados" e Luzia começa a aprofundar as relações existentes entre o trabalho coreográfico desenvolvido com os jovens e outras camadas relacionadas a gênero e classe social. O Grupo gradativamente passa a construir um outro entendimento sobre arte e poítica e juntos passam a cavar um espaço de reconhecimento e legitimação junto ao Poder Público Municipal conquistando infra-estrutura mínima para sua existência.

Em paralelo, de um encontro com duas outras bailarinas Mara e Mauréa, surge o grupo Ânima, companhia formada por três mulheres que existiu pelo período curto de três anos. O grupo desenvolveu uma série de pequenos trabalhos e ocupou os principais espaços da cidade com espetáculos feitos em colaboração entre as criadoras.


Em 1996 Luzia recebe novamente o convite da Fundação Cultural Municipal de Teresina - FMC, na época tendo a sua frente a Prof. Cecilia Mendes, para criar o Balé Folclórico de Teresina, como um prolongamento do trabalho que já vinha desenvolvendo com o "Grupo Alternativo de Dança " . O Balé Folclórico de Teresina estréia em 1997 o "Calango" no Teatro do Boi, o espetáculo tem grande repercussão levando a companhia a um momento de amadurecimento estético e um funcionamento mais profissional. A parti daí Luzia, e os artistas do grupo, estabelecem uma política de confronto com os órgão públicos e conseguem no ano seguinte que uma segunda companhia de dança em Teresina tenha uma manutenção permanente - a exemplo do Balé da Cidade. Em 1998 como um desdobramento cria a Escola de Danças Folclóricas, projeto que funcionava no Teatro do Boi/ Ciarte Matadouro, comunidade onde o grupo surgiu. Lá inicia um projeto de formação em dança para crianças e adolescentes a partir das lendas e imaginário popular mas tendo balé clássico como técnica norteadora.

Luzia Amélia consolida seu trabalho como coreógrafa a frente do Balé Folclórico de Teresina, e cria uma série de espetáculos nos anos seguintes, dentre eles, "Piauiês" e "Mercado Central ". Em 1999 o grupo participa de um festival internacional de dança em Salavador. Na efervescia dos festivais competitivos que eclodiam no Brasil, "Calango" é premiado e ovacionado pelo júri estrangeiro. Lá estabelecem uma série de conexões que resultariam, logo mais, na turnê internacional do espetáculo. O trabalho de Luzia é recebido como mais próximo do que se entendia por dança contemporânea à época se distanciando de outras companhias que se denominavam grupos folclóricos. De volta de Salvador a companhia lança um site mudando o nome para Balé de Teresina. A semelhança entre as denominações "Balé da Cidade e Teresina" e "Balé de Teresina" gera divergências junto a gestão da fundação Cultural Municipal, e o Luzia e os artistas desligam-se definitivamente do Poder Público Municipal. Tem inicio aí o projeto Balé de Teresina, que passa a se constituir como pessoa jurídica independente.

Nesse meio tempo Luzia Amélia assume a gestão da Escola de Dança do Estado, Lenir Argento. Lá cria o Corpo de Baile da Cidade e junto a equipe de artistas, promove além das montagens anuais de repertório, uma série de ações como o título de "Primeiro Bailarino Negro" e o projeto para implantação da Biblioteca de Dança do Estado. Instaura uma nova política de dialogo com as academias privadas de dança alavanca o número de crianças atendidas pela Escola.

Já nos anos 2000, apostando na reinvenção do seu trabalho, propõe junto a um grupo menor de artistas a Cia Luzia Amélia de Dança. Entre 2005 e 2007 desenvolve o projeto "1 Minuto Para a Dança", uma série de intervenções na paisagem urbana de Teresina, confrontando corpo e cidade. O projeto conta com a participação direta de intérpretes-criadores da Cia Luzia Amélia e se materializa em quatro principais ações-obras: "A Mais Forte", "12:27", "As Marcadas" e "Antes da Minha Última Morte".

Atualmente Luzia se divide entre Teresina e Salvador. No Piauí, além das ações e projetos promovidos pela Cia Luzia Amélia de Dança coordena o projeto Escola Balé de Teresina, ONG que possui uma sede no centro da capital e oferece aulas/turmas periódicas de balé clássico, ao mesmo tempo, que promove em parceria com a Secretaria Municipal de Educação - SEDUC oficinas bairros periféricos da capital, atendendo atualmente cerca de 600 alunos crianças. Na Bahia Luzia junto a outros pesquisadores Luzia conclui dissertação que aborda o homem das américas, descoberto na Serra da Capivara-Pi, numa interface com a Dança Contemporânea. Como uma extensão dessa pesquisa a coreógrafa estréia em 2012 o solo "LUZIA" , uma investigação que toma o o mais antigo fóssil encontrado nas Américas como ponto de partida. O fóssil, que recebeu o nome de Luzia foi encontrado pelobiológo Walter Alves Neves e reacendeu questionamentos acerca da origem do homem americano. Luzia coordena o Fórum Nacional 1 Minuto Para a Dança que reúne artistas, estudantes e pesquisadores em cursos, palestras e mesas redondas. O evento tem programação gratuita e é voltado para a dança como área do conhecimento e economia criativa da cultura.


Histórico da Cia Luzia Amélia de Dança

Principias Apresentações e Temporadas


2008 Salvador/BA Espaço Xisto Bahia Teatro Solar Centro cultural Plataforma Fortaleza/CE Teatro das Marias Parnaíba/PI Galpão Metáfora Teresina/PI SESC Av. Maranhão

2007 Campina Grande/PB - Festival de Inverno 2006 Alemanha - Kulturaum in Rosenhof Tegernau - MTV Ludwigsburg - Treff Punket Rotherbüplatz Stuttgart - Theaterhaus Stuttgar Rio de Janeirot Centro Coreográfico da Cidade

2005 Cesena/Itália Teatro Alesandro Bonci - Dance Grand Prix Italy Belém/PA - Festival do Folclore Brasileiro Rio de Janeiro Centro Coreográfico da Cidade 2004 João Pessoa-PB Teatro Santa Isabel

2003 Fortaleza/CE Teatro José de Alencar Recife-PE Marco Zero/50 anos da CHESF Serra da Capivara-PI Anfiteatro da Pedra Furada/Festival Interartes

2000 Teresina/PI Theatro 4 de Setembro/Circuito Cultural Banco do Brasil

1999 São Paulo-SP Sesc Pompéia/Projeto Nordestes Fundação Joaquim Nabuco/SESC

1998 São Luís-MA Teatro Artur de Azevedo     Premiações em Festivais Competitivos

 2006 Dance Grand Prix Italy - Melhor Coreografia; - Prêmio Especial do Júri.  

1999 Festival Internacional de Danças da Bahia - Melhor Grupo - Melhor Coreografia


Homenagens

2001 Medalha do Mérito “Conselheiro Saraiva”, concedida pela Prefeitura de Teresina;

2002 Medalha do Mérito Cultural ”Wall Ferraz”, concedida pelo Governo do Piauí.

  Participação em Projetos de Arte Educação

1997/2000 Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente – Prefeitura de Teresina 2000/2004 Escola de Danças Folclóricas – Prefeitura de Teresina 2005/2006 Projeto Sabiá – Programa Fome Zero do Piauí 2005/2007 – Escola Balé de Teresina 2008 – Balé na Comunidade – Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Piauí.

Referências



Entrevista com Luzia Amélia realizada em março de 2012. Site: http://cialuziaamelia.wordpress.com


Ver Também


http://cialuziaamelia.wordpress.com

http://baledeteresina.blogspot.com.br/

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