Maxixe

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O maxixe foi o primeiro tipo de dança urbana surgida no Brasil. Era dançado em locais que não atendiam a moral e aos bons costumes da época, como em forrós, gafieiras da cidade nova e nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro, por volta de 1875. Mais ou menos quando o tango também dava os seus primeiros passos na Argentina. Mais tarde se espalhou aos clubes carnavalescos e aos palcos dos teatros de revista. Os homens de classes mais privilegiadas frequentavam esses bailes e gafieiras, em busca da sensualidade das danças africanas.


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Por enlaçar pelas pernas e braços e apoiarem as testas dos pares, a maneira de dançar lhe valeu o título de dança escandalosa e excomungada. Foi perseguida pela polícia, igreja, chefes de família e educadores. Para que pudessem ser tocadas em casa de família, as partituras de maxixe eram chamadas com o impróprio nome de "Tango Brasileiro", por exemplo: “Odeon” e “Brejeiro” de Ernesto Nazareth e ”O corta jaca” de Chiquinha Gonzaga.


Tabela de conteúdo

História

Há muitas versões acerca da origem do Maxixe.

Segundo pesquisas, pela primeira vez se fez referência a machicheiros e machicheiras (com ch) em jornais de 29 de novembro de 1880. Foi a Gazeta da Tarde, do Rio de Janeiro que publicou uma matéria paga na coluna Publicações a Pedido nos seguintes termos: "U.R. (traduzidas por Jota Efegê como União Recreativa) - Primeira Sociedade do Catete - Poucas machicheiras... grande ventania de orelhas na sala. Parati para os sócios em abundância. Capilé e maduro para as machicheiras não faltou, serviço este a capricho do Primeiro Orelhudo dos Seringas - O poeta das azeitonas." Diz Jota Efegê que em nenhum dos puffs, da época do carnaval, encontrados nos jornais de antes de 1880, aparece referência ao machiche ou mesmo aos machicheiros e machicheiras. Só em 1883, no Carnaval, a dança é anunciada numa quadrinha e sua prática incitada nas folganças de Momo:


Outros afirmam que o ritmo, segundo hipótese levantada por alguns estudiosos, foi influenciado pela música trazida por escravos de Moçambique, daí advindo seu nome, que é o nome de uma cidade moçambicana.


Há ainda rumores que quando o movimento tradicionalista Gaúcho se expandiu, e com a “Tchê Music” no começo do século XX, o Maxixe ressurgiu nas periferias de Porto Alegre. O Vanerão continuava o principal alvo dos bailes do tradicionalismo Gaúcho, mas não atraía a parcela negra da população porto-alegrense. Com a inclusão de elementos do axé e do pagode no som da Tchê Music, os negros passaram a descer o morro e frequentar os CTGs (Centro de Tradições Gaúchas).

Como não sabiam dançar o dois pra cá do retangular vanerão ortodoxo, começaram a rebolar e adaptar o seu samba no pé ao som da sanfona. As pessoas mais próximas achavam aquilo muito engraçado e aos poucos começaram a imitar. E assim cresceu ganhando uma grande popularidade.

Naturalmente que os arautos da tradição campeira e dos valores da família gaúcha bateram um pouco de frente com a forma sensual da dança e chegaram a proibi-la nos CTGs. Mas pouco adiantou, porque assim chamou mais a atenção, e o Maxixe se espalhou ainda mais pela juventude da capital gaúcha.


Segundo a versão de Villa-Lobos, o maxixe tomou esse nome de um indivíduo apelidado Maxixe que, num carnaval, na sociedade Estudantes de Heidelberg, dançou um lundu de uma maneira nova. Foi imitado e toda gente começou a dançar como o Maxixe. Jota Efegê no seu maravilhoso livro Maxixe - a dança excomungada, editado em 1974 não corrobora esta versão. Mas também não consegue explicar a origem do nome.

Em suas exaustivas pesquisas ele encontrou uma variedade grande de explicações que dão à origem do maxixe, até hoje, um certo ar de mistério.


No Brasil teve grandes adeptos, destacando-se Kito, sua parceira Jacira e Paulista. Na Europa, seu divulgador foi o mestre baiano Antonio Lopes de Amorim, (Duque), e suas parceiras Maria Lina e Gaby. Nos Estados Unidos, o maxixe sensibilizou a grande dupla de dançarinos Fred Astaire e Gingers Rogers. Ressaltando a presença do maxixe nos Estados Unidos e particularmente na carreira de Fred Astaire, o filme inclui trechos de 'Carioca', do longa-metragem americano 'Voando Para o Rio', com música e coreografia inspiradas no maxixe. Entre os cultores do gênero - como música e não como dança - destacam-se Irineu de Almeida, Sebastião Cirino, Sinhô, Romeu Silva, Pixinguinha, Paulino Sacramento, Freire Júnior e Chiquinha Gonzaga - a grande maestrina brasileira, que compreendeu perfeitamente o ritmo desse gênero musical e, graças às várias facetas do seu talento, criou um maxixe para a peça "Forrobodó", uma burleta de costumes cariocas de Carlos Bittencourt e Luiz Peixoto e que fez enorme sucesso na época.

Bastante aplaudido, o maxixe estava nos programas das revistas que traziam-no como tempero indispensável e os artistas dançavam-no com uma variedade admirável de nuanças. Segundo Marisa Lira, o maxixe foi o primeiro passo dado para a nacionalização da nossa música popular. Os compositores da Velha Guarda dedicaram ao povo "endiabrados maxixes que entonteceram à gente daquela época".

Posteriormente, o samba de salão, música mais simples e mais fácil de dançar, fez o maxixe cair no esquecimento.


No início do século XX, o Maxixe alcançou grande sucesso nos palcos europeus. Foi levada para a França e Inglaterra, em 1914 e 1922 pelo dançarino Duque dotada de vários requintes coreográficos. Mas logo entrou em declínio cedendo espaço ao fox-trote e, posteriormente, ao samba.


Atualmente existem diversos grupos organizados, como o Bonde dos Maxixeiros, DN -Danadas Maxixeiras, Tradição Maxixeira, SWAT - Elite Maxixeira e os pioneiros da Patrulha Maxixeira (o primeiro a se organizar e hoje um dos maiores e mais ativos).


A Palavra Maxixe

A palavra Maxixe veio do legume, que representava algo simples e rasteiro.


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A Dança

O balanço irresistível do maxixe, de tão variado, não pode ser classificado como um ritmo musical. O que o caracteriza mais é a coreografia muito peculiar.

No início, o maxixe era uma forma de dançar certas músicas europeias, popularizadas no Brasil. Depois, adquiriu personalidade própria, impondo por 40 anos seu predomínio no teatro de revista, bailes e Carnaval. Ganhou fama e espalhou-se pelo mundo, nos pés de marinheiros, viajantes e dançarinos,

Para se dançar maxixe, é necessário ter os pés praticamente fixos no chão, e responder às marcações da música com acentuados requebros de cintura.Dança-se maxixe com os corpos colados, e alguns cavalheiros tomam a liberdade de pousar as mãos abaixo da cintura de suas parceiras durante os volteios.

Como todas as criações desse nosso miscigenado povo, ele se formou musical e coreograficamente pela fusão e adaptação de elementos originados em várias partes. Segundo o que se apurou até agora, a polca europeia lhe forneceu o movimento, a habanera cubana lhe deu o ritmo, a música popular afro-brasileira como o lundu e o batuque também concorreram e finalmente o jeitinho brasileiro de dançar e tocar completaram o trabalho.

Da mesma fonte nasceu a sua coreografia: a vivacidade da polca, os requebros da habanera e do lundu. O resultado foi uma dança sensual e muito desenvolta que acabou sendo até proibida. O maxixe nasceu primeiro como dança. Dançava-se à moda maxixe as polcas da época, as habaneras, etc. Só mais tarde nasceu a música maxixe ou o ritmo maxixe e as composições passaram a trazer impresso em suas partituras o nome de maxixe como gênero.

Na atualidade, o maxixe, enquanto dança, ainda existe nos passos do samba de gafieira, cuja música (que é um tipo de samba extremamente sincopado, por exemplo, o samba de breque e o samba-choro) também preserva muitas estruturas rítmicas do maxixe, e se enriqueceu com grande variedade de passos e figurações como o parafuso, saca-rolha, balão, carrapeta, corta-capim, etc.

O samba e a lambada são dois exemplos de danças que devem algumas contribuições de estilo ao Maxixe.


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A Música

A época do seu aparecimento coincide com a popularização da schottisch (nosso xotis, aportuguesado) e da polca. Teria o maxixe nascido exatamente da descida da polca, dos pianos dos salões para a música dos choros, à base de flauta, violão e ofclide. Transformada a polca em maxixe, via lundu dançado e cantado, por meio de uma estilização musical realizada pelos músicos dos conjuntos de choro.

No início era composto sem letra, somente mais tarde é que a letra se agregou ao maxixe, com versos de duplo sentido e malicioso. A letra do refrão devia ser de fácil assimilação, dentro da quadratura para que se popularizasse.

Na medida em que a classe mais baixa começa a entrar em contato com a polca, a dança urbana começa a mudar, originando o maxixe. Dança urbana em par enlaçado, considerada imoral de ritmo binário.

Dançada a um ritmo rápido de 2/4, notam-se também influências do lundu, das polcas e das habaneras. O samba e a lambada são dois exemplos de danças que devem algumas contribuições de estilo ao Maxixe.

Dançava-se acompanhada da forma musical do mesmo nome, contemporânea da polca e dos princípios do choro

Ainda hoje, o padrão rítmico da Marrabenta (música moçambicana) guarda semelhanças com os padrões rítmicos do maxixe.

Alguns relatos afirmam também uma diferença com relação à harmonia, sendo a do Tango Brasileiro (como os de Ernesto Nazareth) um pouco mais complexa do que de seu "irmão", o Maxixe.

As primeiras partituras a apresentarem o nome maxixe como gênero de música, só apareceram por volta de 1902 a 1903.


Ver Também

Dança Afro-brasileira

Tango


Referências

Memória do Rádio – Bauru-SP , Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed. Publifolha.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Maxixe junho /2013

http://www.chiquinhagonzaga.com/biografia/textos_nacionais/2009_chiquinha_maxixe.pdf junho 2013

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