Live Art

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*;[www.thisisliveart.co.uk| LADA - Live Art Development Agency]
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== Referências Bibliográficas==
== Referências Bibliográficas==
*GORINI, Paula O. ''A Rede da Dança: uma cartografia em movimento''. Dissertação defendida como requisito parcial para obtenção de título de mestre. Programa de Pós-graduação, Faculdade de Comunicação Social, UERJ. Rio de Janeiro, 2012.
*GORINI, Paula O. ''A Rede da Dança: uma cartografia em movimento''. Dissertação defendida como requisito parcial para obtenção de título de mestre. Programa de Pós-graduação, Faculdade de Comunicação Social, UERJ. Rio de Janeiro, 2012.

Edição atual tal como 16h25min de 2 de junho de 2013

Tabela de conteúdo

Contexto

O conceito de Live Art que estamos nos baseando, possui uma história e identidade muito peculiar. Nosso objetivo com a narrativa da experiência com a live art está mais voltada para rede que se constrói na Inglaterra, em relação a uma determinada prática, a uma certa perspectiva sobre o fazer artístico que na Inglaterra se entende por live art.


Estamos propondo uma abordagem sobre o termo, e consequentemente as práticas que nele se incluem, que está diretamente relacionada com a experiência de trabalho na LADA, Live Art Development Agency. No Reino Unido, no universo que compreende o fazer artístico da live art, desta perspectiva, a expressão é reivindicada como um “feito britânico”. Partindo dessa premissa, a live art é contada em um histórico próprio, com identidade própria.


Existem, no entanto, outras abordagens sobre o termo live art, identificadas com o desenvolvimento da arte moderna, uma variação de body art, performance art, happenings... formatos de expressões artísticas que começaram a ser experimentados nas décadas de 60 e 70, inicialmente nos EUA.


Sendo assim, outros recortes poderão vir a somar com a apresentação deste conceito, no futuro.


Breve Histórico

O conceito surgiu na década de 1980 como um termo estratégico para englobar em editais públicos, curadoria e programas de fomento à arte, trabalhos que não pertenciam as linguagens artísticas já institucionalizadas: como dança, teatro ou artes visuais. Numa tentativa de acolher a produção de arte que estava sendo produzida no Reino Unido, mas que não recebia apreciação dos curadores e diretores artísticos, e que ainda se ressentia de visibilidade, o termo foi “criado” (firmado) como um guarda-chuva conceitual.


Em seu engajamento ontológico, o termo acabou por também englobar obras que tratavam de temas específicos, com viés político, como raça, gênero, sexualidade, deficiência física, etc.


Historicamente, a “criação” do termo tal qual entendemos aqui é atribuída à Lois Keidan, também fundadora e atual diretora da LADA. Segundo ela conta, trabalhava como crítica e curadora para o ICA (Institut of Contemporary Art), quando, num processo de produção de um texto, observou a necessidade de uma estratégia política para desenvolvimento das obras que não se enquadravam em nenhuma das descrições já existentes, que resolveu nomear de live art. Ainda segundo Keidan, parte da estratégia do termo, e por isso precisava ser diferenciado do conceito de “performance art”, era uma identificação direta à produção que acontecia no Reino Unido.


Entrevista keidan.png

Entrevista Lois Keidan.


O desenvolvimento da Live Art no Reino Unido

Para o conceito de live art, o que observamos é que, a partir da criação do termo e da conseqüente fundação de um órgão institucional que se dedicasse ao desenvolvimento dessa expressão, a Live Art Development Agency (LADA), o conceito cresceu e se fortaleceu em sustentabilidade e credibilidade. No website da agência inglesa, um trecho (repetido em quase todo material impresso produzido pela Agência) que descreve o conceito de live art:


"O termo live art não é uma descrição de uma forma de arte ou disciplina, mas uma estratégia cultural para incluir
processos e práticas experimentais que poderiam ser, de outra forma, excluídas dos recortes curatoriais, culturais e
críticos estabelecidos. Live Art é um enquadramento conceitual para um catálogo de abordagens, para possibilidades de
vivacidade, por artistas que escolheram trabalhar através, entre e nos limites dos formatos de arte mais
tradicionais. O termo 'live art' caiu em uso no Reino Unido em meados de 1980 e nasceu da frustração de artistas
profissionais de prestar contas de práticas artísticas que expandiam ou escapavam das classificações em uso. Artistas
estavam fazendo trabalhos que não eram exatamente dança, não podiam ser chamados de teatro, que não se encaixavam em
nenhuma das categorias em oferta. Enquanto Performance Art tem sido um gênero estabelecido nos EUA desde 1970, o
termo 'live art' foi uma tentativa de reconhecer a diversidade de práticas artísticas 'vivas'."
(website oficial da Live Art Development Agency).1




1. No original: The term Live Art is not a description of an art form or discipline, but a cultural strategy to include experimental processes and experiential practices that might otherwise be excluded from established curatorial, cultural and critical frameworks. Live Art is a framing device for a catalogue of approaches to the possibilities of liveness by artists who chose to work across, in between, and at the edges of more traditional artistic forms. The term ‘Live Art’ came into usage in the UK in the mid-1980’s, and was born out of a frustration by arts professionals to account for art practices that expanded or escaped the classifications in use. Artists were making work that wasn’t quite dance, that couldn’t be called theatre, that didn’t fit into any of the categories on offer. While Performance Art had been an established genre in the US since the 1970’s, the term ‘Live Art’ was an attempt to acknowledge the diversity of live based arts practices.


Mas por que arte viva?

Live art se refere a presença do performer na obra, mesmo que numa publicação impressa ou num trabalho para câmera (vídeo). São obras efêmeras, que acontecem com a presença do artista “ao vivo”, ou que deixam vestígios no público, que podem nunca ser repetidas da mesma maneira duas vezes, que contam com a imprevisibilidade como fator de criação. Conceito que em si, se torna difícil de ser decifrado, exemplificado, relatado.


Um dos artistas mais importantes de live art em Londres atualmente, Joshua Sofaer, apresenta o termo em um “vídeo performance”, ou, como usualmente chamado na live art “work to camera”. Em seu vídeo, Sofaer apresenta um texto retirado da documentação de live art pela LADA, narrado por ele, enquanto outros elementos visuais se misturam na paisagem. O vídeo não é apenas um registro, mas uma obra de live art.


Whatislivearte sofaer.png

"What is Live Art?"/ Joshua Sofaer. Foto: Manuel Vason.


"O que é live art? Bem, de forma mais fundamental, Live Art é quando um artista escolhe trabalhar diretamente em
frente à platéia, em espaço e tempo. Então, em  vez de fazer um objeto, ou um ambiente (uma pintura por exemplo) e
deixando isto para o público encontrar em seu próprio tempo, a Live Art acontece no momento preciso do encontro entre
artista e espectador. Ou pelo menos, mesmo que eles não estejam fisicamente presentes, o artista prepara uma situação
em que a platéia experimenta o trabalho em um tempo e espaço particulares, e a noção de 'presença' é a chave de
preocupação para o trabalho." (SOFAER, 2002)1


Com cinco minutos de duração, o vídeo encena um homem de terno e gravata, (que poderia ser um repórter), no meio de uma das avenidas mais movimentadas do centro de Londres, Oxford Street, explicando o conceito de live art, como se estivesse dando uma declaração (talvez para um jornal televisivo). A câmera começa em close-up e vai se distanciando ao longo do discurso do artista, englobando em seu quadro os transeuntes que por ele passam, muitos voltando a olhar por trás, depois que passam. Para o espectador, o ambiente de rua, de movimentação urbana, apesar de poder nos remeter a imagem de um repórter, não se resolve em si.


O texto falado por vezes é metalingüístico, como por exemplo, quando o artista explica que live art pressupõe a presença do artista, ainda que ele não esteja mais presente no momento do encontro da obra com o público; ou em como essa linguagem se vale de diferentes lugares e situações para acontecer, como quando ele cita que a rua passa a ser uma galeria para os artistas de live art. O vídeo termina com Joshua virando de costas para a câmera e adentrando a multidão de passantes, com o detalhe de que, em sua veste, na altura das nádegas, há um recorte no tecido que as deixam expostas.


Sequencia joshua.png

Sequência de planos: "What is Live Art?"/ Joshua Sofaer.


Então, live art se constrói enquanto conceito em livros, obras, práticas e discursos, que fortalecem seu sentido também por repetição e uso. Talvez por isso, pensar a live art neste contexto é pensar mais na estratégia política com que o termo se identifica (que passa, inclusive, por abarcar expressões “marginalizadas” ou de cunho político).




1. No original: What is live art? Well, at its most fundamental, Live Art is when an artist chooses to make work directly in front of the audience in space and time. So instead of making an object, or an environment (a painting for example) and leaving it for the audience to encounter in their own time, Live Art comes into being at the actual moment of encounter between artist and spectator. Or at least even if they are not physically present, the artist sets up a situation in which the audience experience the work in a particular space and time, and the notion of ‘presence’ is key to the concerns of the work.


Links Externos

Referências Bibliográficas

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