Dora Andrade
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Edição atual tal como 21h13min de 20 de agosto de 2013
Bailarina e coreógrafa cearense, Dora Andrade é a idealizadora e fundadora da Edisca (Escola de Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes), que funciona em Fortaleza desde 1991.
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Biografia
Dora Isabel de Araújo Andrade nasceu em 13 de março de 1959, em Fortaleza. Filha de um advogado e de uma artista plástica, irmã do também bailarino Gilano Andrade, começou sua trajetória aos 10 anos de idade, com aulas de balé clássico, no Theatro José de Alencar, tendo como mestre o bailarino, professor e coreógrafo Hugo Bianchi. Ainda no Ceará, frequentou a Academia Goretti Quintella.
Em busca de expressões contemporâneas de dança, participou de oficinas com Gisele Santoro, em Brasília, e morou em Curitiba. Nos Estados Unidos, teve aulas no Minnesota Dance e Jazz Music Company, e em Paris, no Peter Goss Center.
De volta a Fortaleza, fundou a própria companhia juntamente com outros nomes locais, passando a levar a dança para cidades do interior do Ceará, como Quixadá e Sobral, onde montou escola particular de balé exibindo espetáculos no Teatro São João. Também dava aulas de dança e palestras de cunho cultural na periferia da cidade. Nessa mesma época, Dora montou um grupo para promover a dança em locais onde ela não é comumente vista, como cadeias, asilos, em pequenas cidades no sertão, nas praças e nas praias.
No final dos anos 80, em Fortaleza, com o Grupo de Danças Dora Andrade, começou a trabalhar com crianças da periferia da cidade promovendo oficinas temporárias nas comunidades. Era o embrião da EDISCA. Aos poucos, a bailarina que mantinha duas academias de dança na capital do Ceará, foi deixando suas aulas particulares e se dedicando exclusivamente ao projeto. Em 1991, nascia oficialmente a Edisca, com 50 crianças vindas do Morro Santa Teresinha. Nove meses depois, a Escola estreava O Maior Espetáculo da Terra, montagem de dança elogiada pela plateia cearense.
Dora é mãe de duas filhas.
Criações coreográficas
- O Maior Espetáculo da Terra (1992) – levou ao palco a arte mambembe
- Elementais (1993) – representou o universo mágico das fadas, duendes e gnomos
- Brincadeiras de Quintal (1995) - resgatou o lado lúdico do universo infantil
- Jangurussu (1995) – a narrativa coreográfica das lutas de famílias que tiram o seu sustento dos aterros ssanitários das grandes metrópolis. Prêmio Funarte de melhor coreografia, em 1997, e maior público do Theatro José de Alencar naquele ano.
- Koi-Guera (1997) – a expressão significa “O que será morto”, em tupi. Cama a atenção para um dos maiores problemas atuais: o etnocídio indígena.
- Duas Estações (2000) – desenvolvido a partir de uma concepção surrealista que recria um Nordeste de realismo-mágico, a partir de um tocador de rabeca cego.
- Mobilis (2003) – propõe um novo modo de ver o mundo, no balanço entre a ordem e o caos, o real e o virtual, num jogo de gravidade e suspensão.
- Demoaná (2004) – espetáculo inspirado nas lendas e mitos brasileiros, um mundo de seres fantásticos de beleza e poder.
- Urbes Favela – a grande dança (2006) – Exercício coreográfico e cênico sobre o multiculturalismo, das culturas juvenis e da cultura de massa em suas relações de influência e tensão. Como suporte, música, teatro, vídeo e dança.
- Urbes favela – o teatro (2006) – Teatro de corpo e gesto com base na Sagração da Primavera, de Stravinsky, e de hits da música pop, em situações cotidianas abordadas com humor.
- Sagrada (2011) – uma reflexão sobre a relação do homem com as questões ambientais. Uma jornada pela criação do mundo.
- Só (2013) – expõe o comportamento da nossas solidão, os encontros e desencontros, as falas ininteligíveis, o ritmo descompassado dos desejos, as tensões, os cansaços, o flerte com a promeça de liquidação de nossa solitude.
- Paideia – Balezão (2013) - inspirado na cultura grega antiga no que diz respeito ao conceito filosófico da educação: do corpo, do intelecto, da emoção e do espírito.
Todos esses espetáculos foram apresentados pelo Corpo de Baile da Edisca
Balé Jangurussu
O espetáculo que estreou em 1995, coreografado por Dora Andrade, é um marco na sua trajetória e na história da Edisca.
Narra a dura realidade das famílias que sobrevivem dos aterros sanitários dos grandes centros urbanos, catando do lixo para sobreviver.
A coreógrafa se inspirou no maior aterro sanitário de mesmo nome que existia em Fortaleza. Foi motivado pela visão de crianças disputando com urubus pedaços de alimentos em decomposição, mães amamentando bebês sentadas nas montanhas de lixo e homens duelando pelo domínio da melhor parte dos dejetos, que
Jangurussu tem um tom de crítica social e provoca uma reflexão sobre as causas sociais que geram tais circunstâncias.
A trilha sonora é uma colagem musical de Chico Sales.
O que se disse
De Eduardo Diatahy B. de Meneses, no Jornal da Poesia, em dezembro de 1995:
“…O Balé Jangurussu é representação dramática do quotidiano dos catadores do hoje célebre aterro sanitário do Jangurussu, na periferia de Fortaleza. Sei que não são coisas propriamente comparáveis, mas em matéria de desfrute artístico a analogia que me ocorria por associação livre era com algo tão belo quanto a versão cinematográfica que fez Bergman da Flauta Mágica de Mozart. São duas experiências semelhantes na sua inexcedível grandeza estética. A diferença radical entre os dois espetáculos é de natureza mais profunda e consiste em que o talento do diretor sueco se exerce sobre os séculos de densidade cultural européia, ao passo que a refinada criação de Dora Andrade e colaboradores se faz por sobre séculos de miséria, transfigurada em beleza. Com efeito, como é possível extrair de tal penúria de condições materiais daqueles meninos e meninas também catadores de lixo tanto encanto, tanta harmonia e tanto ritmo?”
Edisca
Em um documentário da série Perfil, produzido pela TV Assembleia de Fortaleza, Dora Andrade define assim a missão da Edisca:
"A missão da Edisca não é apenas forma bailarinos, mas disponibilizar espaço pedagógico, rico de oportunidades e possibilidades, e servir de alicerce para que crianças e jovens que passam por essa organização saiam preparadas e fortalecidas em sua auto-estima"
Organização sem fins lucrativos, a A Edisca (Escola de Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes) promove o desenvolvimento de crianças em situação de risco social, por meio da dança, teatro e artes. Desde sua criação, em 1991, Dora Andrade tem se dedicado exclusivamente ao projeto.
Os primeiros programas implementados na Edisca foram Dança, Teatro e Canto Coral. A Escola passou a contar também com um reforço do ensino formal, além de programas de nutrição e saúde.
Os espetáculos da Edisca já foram vistos em cidades do Brasil (Ilhéus, Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, entre outras) e do exterior (Dusseldörf, na Alemanha; St. Pölten, Áustria; Paris, França; e Nova York, EUA)
Referências
Debates especiais Grandes Nomes O POVO http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/11/26/noticiasjornalvidaearte,2960147/dora-andrade-e-primeira-entrevistada-da-serie-debates-grandes-nomes-2012.shtml
Página oficial http://www.edisca.org.br/br/
Blog: http://mulheresquebrilham.wordpress.com/dora-andrade-voce-sabe-quem-e/
Blog: http://www.edisca.org.br/blog/2012/04/
"A recepção dos espectáculos de dança produzidos por uma ONG brasileira" - Isaurora Cláudia Martins de Freitas – disponível em http://www.aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR460e80f4e5860_1.pdf
"A Síndrome de Herodes Eduardo Diatahy B. de Meneses" – disponível em http://www.revista.agulha.nom.br/diath03.html http://www.edisca.org.br/blog/2012/04/