Videodança
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Edição de 23h06min de 1 de setembro de 2011
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A história da videodança
A videodança como linguagem1 surgiu no início dos anos 70. No início, o vídeo associado à dança era uma forma de registro, uma vez que a dança sofre uma dificuldade histórica nesse aspecto. Por ser fruto de uma criação corporal, a dança tem uma premissa presencial muito peculiar, e mesmo o balé clássico que compôs uma gramática própria, ou as notações de Rudolf Laban que também são resultados da tentiva de sistematizar um método de trabalho físico, o desenvolvimento da dança sempre esteve atrelado ao instante do movimento, tornando difícil para os pesquisadores e criadores seu registro pela escrita ou imagem estática. A possibilidade de filmar e reproduzir os movimentos realizados por bailarinos trouxe, num primeiro momento, a inovação do estudo técnico da dança, expansão e repetição do conhecimento dessa área. As experiências inaugurais do vídeo com a dança, portanto, são do campo do utilitário.
Num segundo momento, o vídeo deixa de ser apenas um meio de registro e reprodução e passa a ser parte componente de uma criação. As primeiras experiências nessa direção são atribuídas por pesquisadores da área principalmente ao coreógrafo Merce Cunningham. Sua primeira videodança foi Westbeth, produzida em estúdio pelo filmmaker Charles Atlas, no outono de 1974, e lançada em 1975. Estava inaugurada a parceria entre os dois artistas, que geraria muitas outras obras. Westbeth é uma colagem de seis partes e foi baseada na constatação de que a televisão muda o nosso modo de olhar e altera nossa sensação de tempo. A diferença da videodança para o registro de dança é quando o artista se apropria da mídia utilizada, a partir de seus (mídia) valores estéticos e poéticos. Nesse aspecto, o uso do vídeo passa a ser também artístico.
A videodança é um dos possíveis resultados da interferência da tecnologia no fazer artístico de dança. Podemos atribuir seu desenvolvimento a fatores relacionados à facilidade de acesso a artefatos técnicos como filmadora, computador e internet, provenientes do avanço tecnológico em nossos dias, ou ainda à interdisciplinaridade cada vez mais evidente entre diferentes lnguagens artísticas. No entanto, para que facilite a compreensão desse conceito, ainda em construção, será apresentado de forma introdutória, um estudo da pesquisadora Maíra Spanghero que classificou e delimitou a videodança em três tipos.
1. A videoarte surgiu quando Nam June Paik, em 1965, filmou a Comitiva Papal de dentro de um táxi na Quinta Avenida, em Nova York, e na mesma noite apresentou o vídeo como seu trabalho artístico num encontro no Cafe a-Go-Go. Informações adicionais: o vídeo surgiu em meados dos anos 60, a TV nos anos 50 e a TV em cores em 1968. (SPANGHERO, pág. 38, 2003)
Terminologias para videodança:
Segundo Spanghero, a terminologia engloba três tipos de prática: o registro em estúdio ou palco, a adaptação de uma coreografia preexistente para o audiovisual e as danças pensadas diretamente para a tela. O primeiro tipo de prática nada mais é do que a gravação da coreografia original com uma ou mais câmeras sem que esta sofra alterações significativas. A câmera guia o nosso olhar para ver melhor a coreografia, com detalhes e distâncias que não veríamos na platéia do teatro, mas não promove um outro pensamento além do registro. O segundo tipo de prática entre imagem e dança é a adaptação ou transdução de uma coreografia preexistente para outro meio, que é a captura da câmera e o ambiente do computador. A terceira forma de relacionar dança e imagem é chamada, em inglês, de screen choreography: são as danças concebidas especialmente para a projeção na tela. Esta prática implica a passagem da dança de um suporte para outro, como nos demais casos, mas concebida como um processo carregado de transformações que constroem novos conceitos. São danças criadas para o corpo do vídeo e para o olho que se habituou a conviver com televisão, vídeo e cinema.
"Como na prática anterior, o que interessa primordialmente é que a câmera dance com o
bailarino e que o bailarino se coloque no espaço e no tempo da câmera. No olhar da câmera.
Quando a dança é captada pelo olho da imagem, ela ganha uma outra existência. Na realidade,
este jogo adaptativo permite o florescimento de novas práticas para a dança e a modificação
do corpo."(SPANGHERO, pág. 38, 2003)
Expandindo esta classificação, há ainda outro tipo de prática que envolve o movimento do corpo e o audiovisual: danças que acontecem no palco com a presença de projeções, capturadas ou não em tempo real. Talvez a videocenografia e demais formas de relação entre o corpo que dança e as câmeras também constituam outras ocorrências, ou subsistemas, neste panorama.
Videodança no Brasil:
A bailarina Analívia Cordeiro foi a primeira a trabalhar com videodança como linguagem no Brasil, criando coreografias exclusivas para câmera, sem passar por nenhum palco antes. A produção de videodança no Brasil ainda está em crescimento, mas tem ganhado força em festivais de dança que estão cada vez mais dedicados a um espaço especializado para essa linguagem. Atualmente, além de modalidades específicas, há um festival exclusivo de videodança, o festival Dança em Foco.
O Itaú Cultural também é grande incentivador dessa vertente artistica, que em seu programa Rumos de fomento à cultura, abre espaço para produção de videoartes, categoria em que a videodança também se enquadra. Além disso, o Itaú Cultural, em parceria com The British Council, empenhados na divulgação e no debate da videodança, promovem painéis como o Ciclo de Videodança Itaú Cultural, com exibições de programas e palestras em várias cidades brasileiras.
Historicamente, a Mostra Gradiente de Filmes de Dança, em São Paulo, realizada em 1992 e 1993, revelou ao público brasileiro os primeiros tesouros da videodança e dos documentários produzidos no mundo. Com curadoria de Helena Katz e produção executiva de Emilio Kalil, o evento exibiu no Masp, Museu de Arte de São Paulo, cópias de títulos da Cinémathèque de La Danse de Paris e da Dance Collection, da New York Public Library for the Performing Arts, os arquivos mais completos de dança em vídeo que existem.
Podemos citar ainda o Dança Brasil 2003, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, em que 22 das 40 videodanças que compuseram a edição, eram provenientes de Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Piauí, trazendo a público novos realizadores.
Ver também:
Referências Bibliográficas:
- SPANGHERO, Maíra. A dança dos encéfalos acesos. São Paulo: Itaú Cultural, 2003.
- TRINDADE, Mauro. Entre: A videodança e os gêneros da arte. In: Dança em Foco, vol. 4: A dança na tela. Rio de Janeiro: Contra Capa/ Oi Futuro, 2009.
- SANTANA, Ivani. A Dança na Cultura Digital. Salvador: EDUFBA, 2006.