Adriana Banana
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Edição atual tal como 18h04min de 7 de dezembro de 2011
Idealizadora e diretora artística do Fórum Internacional de Dança - Fid, desde a primeira edição, em 1996.
FORMAÇÃO
- Aos 13 anos entrou na (Escola do Grupo Corpo) onde começou sua formação como dançarina de balé e dança moderna de 1987/1992. Em 1993/1994 cursou dança contemporânea na Dansmakers Amsterdam, antiga Amsterdam Danswerkplaats (Amsterdam - Holanda), tendo como professores nomes como Anouk Van Dyke, Donald Fleming e Ursula Schmidt. Adriana também estudou na Trisha Brown Dance Company (Nova Iorque/ EUA) no ano de 2001.
- É mestre em Dança pela UFBA e doutoranda em Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP.
- Em 1997, criou o Clube Ur=Hor, grupo de dança no qual atuou como bailarina e hoje atua como coreógrafa em parceria com as coreógrafas/bailarinas Luciana Gontijo, Margô Assis, Thembi Rosa e Renata Ferreira. O coletivo produziu espetáculos de dança contemporânea como, Creme (1997), Magazin (1998), Solo para Thembi (2002 - dentro do projeto Ajuntamento), Desenquadrando as Possibilidades do Movimento (2004 - Prêmio Rumos Itaú Cultural Dança), além de outros.
- Foi co-fundadora da Companhia de Dança Burra, em 1998, na qual dançou e criou, em parceria com Marcelo Gabriel, sete peças, entre elas O Estábulo de Lixo e Partiram o Seu Coração em uma Festa?.
CRÍTICAs
Poucos artistas brasileiros têm levado tão a sério a idéia de pesquisa como a mineira Adriana Banana. Há anos sem pisar num palco, ela apresenta agora uma amostra dos caminhos para onde sua investigação está levando: "Corpo de Referência" reúne três momentos desta investigação.
A obsessão de Adriana Banana é investigar a habilidade motora. Como surgem novos padrões de movimento? Como os movimentos são aprendidos? Que vínculo existe entre locomoção e orientação de um corpo no espaço? Segundo a coreógrafa, os três trabalhos que integram "Corpo de Referência" são etapas na busca de respostas para perguntas como estas. Do Zero ao Limite do Um, com vídeo de Patrícia Moran; Solo para Thembi, dançado por Thembi Rosa; e Corpo de Referência, criado e dançado pela própria Adriana, Charles Davidson, Vanessa Assis e Joana Martins, marcam uma trajetória de buscas entre 1999 e a atualidade.
O estudo parte de questões simples: “É impressionante como quase nunca pensamos em coisas básicas, como andar normalmente”, diz Adriana, constatação que fez quando tentou simplesmente “andar” no palco e descobriu que acabava “dançando”. Pesquisar o início e o fim do movimento era ,o problema era o contínuo entre estes extremos: “E precisamos entender, para sermos capazes de trabalhar o descontínuo também”. Na mesma lógica, problemas como simetria ou assimetria do movimento mereceriam investigação mais cuidadosa.
Os estudos de Adriana Banana com a Trisha Brown Dance Company em 2001 deram novo impulso ao trabalho. As fontes para o pensamento que orienta a pesquisa são muitas. Da graduação em filosofia que está fazendo, por exemplo, ela busca pensamentos sobre a representação espacial e o diálogo entre as relações que só dependem do corpo (como “em frente” ou “atrás”) e as que dependem de referências culturais(“esquerda”, “direita”). Mas pensa em passar por outros cursos, afinal, conteúdos como anatomia e fisiologia, mais típicos num curso de medicina, são bem interessantes para uma pesquisadora de dança. A investigação recebe apoio também de pesquisadores de outras áreas: o grupo musical O Grivo é responsável pela trilha de Corpo de Referência: “A pesquisa deles é paralela à nossa, não é a trilha pontuando o movimento, mas investigando algo simultaneamente”, explica ela.
- Matéria Jornal Estado de Minas – caderno Divirta-se, em 11/06/2010.
Já tem alguns anos que certos setores da dança flertam com ciência e tecnologia. No Brasil, uma das artistas que conduz esse flerte com mais intensidade é a mineira Adriana Banana. Quem duvidar, que dê uma olhada no nome do grupo que ela dirige, Ur=H0r, uma das fórmulas-chave para a compreensão dos processos de nascimento e surgimento do universo. O novo capítulo daquele flerte estreia hoje à noite no Espaço Ambiente: Prop.Posição # 2 – Desenquadrando Euclides, criação do grupo coordenada por Adriana Banana.
O título da obra também dá bons indícios do tal namoro, e de suas relações com outros elementos significativos do universo como pensado pela coreógrafa. O Euclides do título é o geômetra grego, cujo Elementos é obra fundamental da matemática, considerada um dos livros mais influentes de todos os tempos. Adriana é daquelas que não se conformam com a ideia de espaço que predomina no imaginário da maioria das pessoas – um espaço “euclidiano” (não curvo) em três dimensões. E sistematicamente busca, nas criações de que participa, “desenquadrar” esse espaço, ou seja, fazer o espectador percebê-lo de outras maneiras – em Prop.Posição #2, por exemplo, ela afirma propor ao espectador a ideia de espaço cultural e social.
A primeira parte do título, por sua vez, brinca com ciência e política. Por um lado, ele traz o termo “proposição” (o mesmo que Euclides usava para suas hipóteses a serem demonstradas ou para as figuras que afirmava serem de construção possível no campo de sua metodologia). De “proposição”, o título destaca “posição”, palavra que, ao mesmo tempo em que se refere ao espaço geométrico (euclidiano ou não), refere-se também a outro campo caro a Adriana Banana, a política. Boa parte de seu trabalho, como coreógrafa ou produtora cultural, pretende produzir o debate a respeito de ideologias, ou seja, pressupõe a consciência a respeito dos posicionamentos do artista e do espectador frente à maneira como as coisas são e como deveriam, de uma perspectiva que sempre inclui a ideia de coletivo.
Mas o interesse do Ur=Hor não fica apenas na ciência pura ou numa relação filosófica entre dança e realidade. Investiga, também, a aplicação da ciência, a tecnologia. Adriana adora olhar para as coisas de pontos de vista incomuns. Olha para uma sapatilha de ballet, por exemplo, e percebe ali uma tecnologia adequada a uma visão de mundo e de dança que pretendia que as bailarinas parecessem flutuar, desafiar a gravidade. Prop.Posição #2, entre outras coisas, brinca com o oposto: quais seriam as tecnologias adequadas a uma época como a nossa, em que enxergamos outros objetivos e usos para a dança ou para a arte.