Pastoril

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Autor: Massuel dos Reis Bernardi


Nascido na Europa, o Pastoril, também conhecido como Folguedo, passou por várias modificações quando chegou no Brasil. O Pastoril é o mais conhecido e difundido folguedo popular do estado de Alagoas. É uma fragmentação do Presépio, sem os textos declamados e sem os diálogos. É constituído apenas por jornadas soltas, canções e danças religiosas ou profanas, de épocas e estilos variados.

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Tabela de conteúdo

Estrutura

Realizados no período natalino, os Pastoris apresentam duas modalidades: a lapinha e o pastoril propriamente dito.

A lapinha, dançada na sala da casa, diante do presépio, por meninas vestidas de pastoras, celebra o nascimento de Cristo. As pastorinhas formam dois cordões: o encarnado, liderado pela mestra, e o azul, pela contramestra. A disputa entre os dois cordões é aproveitada como forma de angariar fundos para as obras sociais da paróquia, pois a cotação de cada cordão vai subindo de acordo com as doações pecuniárias de seus defensores.

O pastoril, executado sobre um tablado ao ar livre, tem caráter profano e satírico, e é dançado e cantado por mulheres, dirigidas por um personagem cômico: o cebola, o velho, o saloio, o marujo etc.

Seus principais personagens são a Mestra, a Contramestra, Diana, a Camponesa, Belo Anjo, a Borboleta, o Pastor, o velho e as pastoras. Dois partidos vestidos de cores diferentes, dois cordões disputam as honras de louvar Jesus Menino.

Levam um pandeiro feito de lata, com cabo e sem tampa, ornado de fita com a cor do cordão a que pertence. Acompanhamento: conjunto de percussão e sopro.

Os trajes típicos da dança são saia, blusa, colete, meião e sapatilha compõem a roupa especial. Na cabeça, tiara com fitas e flores. Já nas mãos, pandeiros e maracás para casar com a cantoria e dar som à apresentação. as pastorinhas usam chapéus de palha, blusas brancas, saias xadrez, arcos e cestinhas de flores; dançam uma coreografia específica para a apresentação diante do presépio.


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Histórico

Como os Presépios, o Pastoril origina-se de autos portugueses antigos, guardando a estrutura dos Noéis de Provença (França). Esta festa folclórica de origem portuguesa que comemora o nascimento de Jesus, não se restringe a lugares fechados. As Pastorinhas desfilam pelas ruas da cidade, cantam marchas em louvor ao Menino Jesus envolvendo a população na brincadeira.

Essa manifestação popular ainda sobrevive em alguns municípios do Brasil.

As pastorinhas representam autos. Festivo teatro popular, alegre, mas cheio de ensinamentos morais e as músicas são cheias de ternura.


Fica evidente que a dramatização do tema permitia uma fácil compreensão em torno do episódio do nascimento do Cristo. Desta forma, a cena tomava vida, com a introdução de recursos visuais e sonoros.

No Brasil e mais precisamente em Pernambuco, segundo Pereira da Costa, o aparecimento do presépio vem, talvez, dos fins do século XVI, no Convento dos Franciscanos em Olinda, por iniciativa de Frei Gaspar de Santo Antônio, primeiro religioso a receber hábito no Brasil.

Já Fernão Cardim, o Jesuíta, nos dá uma indicação em que talvez possamos detectar as origens do Pastoril brasileiro, por conta de uma representação em 1584, no dia 5 de janeiro ou no dia dos Reis, como consta num documento, também citado por Mário de Andrade (2002): "Debaixo da ramada se representou pelos índios um diálogo pastoril, em língua brasílica, portuguesa e castelhana, e têm eles muita graça em falar línguas peregrinas, maximé a castelhana. Houve boa música de vozes, flauta, danças, e dali em procissão fomos até a igreja com várias invenções".

Também chamado de Pastorais, Bailes Pastoris, Festa da Lapinha, Terno de Reis, Pastor, Pastoril Religioso ou Profano. Mário de Andrade (2002) nomeou Pastoril.

O Pastoril, bailado que integra o ciclo das festas natalinas do Nordeste, teve início na Idade Média e era clássico em Portugal onde recebia a denominação de Auto do Presépio. Tinha, contudo, um sentido apologético, de ensino e defesa da verdade religiosa e da encarnação da divindade.

Dança de representação dramática, transforma­-se em sincretismo profano­ religioso e encontra boa receptividade principalmente na região nordeste do Brasil criando raízes em novas reelaborações dos personagens como o velho, as mestras e contramestras do bailado.


Característicos da região nordestina e em algumas partes da região norte do país, o Pastoril ganhou solo fértil em terras potiguares. Em alguns municípios Norte-Riograndense os Pastoris estão em plena atividade.

Podemos encontrar essa dança da cultura popular nos municípios de Natal (Praia de Ponta Negra e Bairro do Bom Pastor), São Gonçalo do Amarante, Ceará­ Mirim, Pedro Velho, Nísia Floresta, Tibau do Sul, São Paulo do Potengi e em Parnamirim (Praia de Pirangi), alternando­-se em fases de apogeu e de declínio.

A encenação do Pastoril integra o ciclo das festas natalinas do Nordeste, particularmente, em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.O pastoril é um dos quatro principais espetáculos populares nordestinos, denominados de danças dramáticas por Mário de Andrade (2002). O povo participa ativamente dos pastoris. O auto, ou enredo contado, do pastoril é todo relacionado como Natal: o auto é todo escrito em versos e musicado, com um prólogo, dois atos e um epílogo. A comicidade, uma das características mais fortes dos espetáculos populares do Nordeste, aos poucos também foi aparecendo no Pastoril. As pastorinhasse dividememdois cordões, o azul e o encarnado.


O Pastoril Religioso do RN

Este pastoril Norte-Riograndense surgiu no início do século XX, vindo da vertente do pastoril religioso galego­português que se ressignifica nesses municípios a cada representação.


Em São Gonçalo do Amarante, por exemplo, além do Pastoril de Dona Joaquina, há os pastoris Estrela de Belém, Estrela Guia e Estrela do Norte em sua vertente religiosa. Esses pastoris exibem­se em apresentações culturais nos distritos rurais e sede da cidade em eventos de cunho religioso ou em períodos festivos da cidade.


Em Ceará­Mirim quem comandou os pastoris nos tempos áureos foi a família Américo. Este pastoril de caráter profano­religioso é lembrado por uma das pastoras como um “pastoril de entontar”. O mesmo já perdura a mais de seis décadas sendo que o mesmo teve suas fases de declínio e de apogeu. Apresenta uma característica peculiar em sua formação de pastoras sendo doze para cada cordão acompanhadas da Mestra, Contra­mestra, Diana, Estrela, Florista, Anjo, Velho e um conjunto de sanfoneiros que acompanham as cançonetas interpretadas pelas pastoras.


Em Nísia Floresta o pastoril apresenta duas composições: uma formada apenas por adolescentes e outra por velhos ligados ao grupo de idosos da referida cidade. O grupo formado por adolescentes é da comunidade de Campo de Santana, distrito rural de Nísia Floresta. Já o Pastoril dos Idosos concentra suas atividades na sede do município. Na Praia de Pirangi, distrito de Parnamirim o pastoril recebe o nome de “Flor do Lírio” e é dançado por crianças. O Pastoril está presente na referida praia a pelo menos sessenta anos. Em tempos idos era dançado por filhas de pescadores que passaram seus conhecimentos da dança para suas filhas e netas.


O Pastoril Flor de Lírio é formado, geralmente, por sete pastoras em cada cordão, mais a Diana e o palhaço. Uma das funções dessa formação de pastoras é resgatar as canções para que as mesmas não caiam no esquecimento. No Bairro de Ponta Negra, na vila dos pescadores, registramos o Pastoril profano da Saudade ou da Melhor Idade que tem apoio do projeto de extensão Encantos da Vila da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.


O Pastoril da Saudade ou da Melhor Idade é composto por dezesseis integrantes sendo quinze mulheres e um homem, além do acompanhamento da orquestra. Assim como outros pastoris do Rio Grande do Norte, este é composto pela Mestra, Contra­Mestra, Diana e as demais participantes recebem nomes de acordo com sua posição no cordão.


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Principais grupos de Pastoril

Pastoril Estrela do Oriente Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Raio do Sol Arapiraca - Alagoas - Região Agreste


Pastoril Axé Zumbi Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Estrela Renascente Arapiraca - Alagoas - Região Agreste


Pastoril Menino Jesus Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Recordar é Viver Pastoril / Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Mensageiros da Fé Marechal Deodoro - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Coração de Jesus Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Flor do Campo Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril da Melhor Idade "Alegria de Viver" Pão de Açúcar - Alagoas - Bacia Leiteira


Pastoril da Mocidade Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Pedro Teixeira Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril de Meirus Pão de Açúcar - Alagoas - Bacia Leiteira


Pastoril de São José Coruripe - Alagoas - Região Sul


Pastoril do "Projeto Hora da Cultura" Rio Largo - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Estrela de Branquinha Branquinha - Alagoas - Região do Vale do Paraíba e do Mundaú


Pastoril da Melhor Idade Pilar - Alagoas


Pastoril Nossa Senhora Mãe dos Homens Coqueiro Seco - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Nossa Senhora das Graças Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Herói Luzia Delmiro Gouveia - Alagoas - Região do Sertão


Pastoril Revivendo Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Nossa Senhora das Candeias Japaratinga - Alagoas - Região Sul


Pastoril Mensageiros de São José (DESATIVADO) Maceió - Alagoas - Região Metropolitana


Pastoril Mensageiro da Paz Maceió - Alagoas


Pastoril de Santo Antônio Junqueiro - Alagoas - Região Agreste


Pastoril Nossa Senhora da Salete Viçosa - Alagoas - Região do Vale do Paraíba e do Mundaú


Pastoril da Barra Grande Maragogi - Alagoas - Região Norte


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Ver Também

Danças Populares

Maracatu

Bumba meu boi

Frevo

A Dança do Carimbó

Maculelê


Referências

ANDRADE, Mário de. Danças dramáticas do Brasil. 2 ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002.

http://www.portaledumusicalcp2.mus.br/Apostilas/PDFs/7ano_10_Dancas%20dramaticas%20brasileiras.pdf agosto/2013

http://www.cchla.ufrn.br/humanidades/ARTIGOS/GT30/Cartografia%20do%20Pastoril%20no%20Rio%20Grande%20do%20Norte.pdf agosto/2013

http://www.potyguar.com.br agosto/2013

http://capoeiralencodeseda.org.br/as-pastorinhas agosto/2013

http://ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2011/12/16/video-pastoril-e-tradicao-na-epoca-natalina-315883.php agosto/2013

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120215123924AA9b4IS agosto/2013

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