Funk Carioca

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O Funk Carioca é uma manifestação cultural que origina a partir do hibridismo com manifestações culturais negras, como funk americano, hip hop, maracatu. Assim como o Hip Hop , o funk envolve diversos elementos, que não pode ser caracterizado apenas como uma música ou uma dança, é uma cultura. Segundo MC Leonardo, o funk é, acima de tudo, uma linguagem da juventude das favelas. 1 O movimento inicialmente rompe com a ideia de que o gosto popular é manipulado por uma industria cultural de massa e que segue o gosto burguês. O funk sofreu diversas transformações desde os anos 70 até os dias de hoje.


Tabela de conteúdo

Funk americano

O funk originou-se na década de 60 nos Estados Unidos, descendente do rhythm'n blues, soul e do jazz a partir da mudança rítimica de 2:4 para 1:3 proposta pelo cantor, produtor, compositor e performer negro americano James Brown, que, além disso, acrescentou metais à melodia.

James-Brown.jpg
Imagem retirada de http://userserve-ak.last.fm/serve/_/33909929/James+Brown+jamesbrown.jpg - acesso dia 15/06/2013


Anos 70

Nos anos 70, no período de ditadura militar, no Brasil, o subúrbio e favelas cariocas promoviam grandes bailes ao som do funk americano comandadas por um Disk-Jockey, chamado de DJ, e/ou um MC que canta/ improvisa.
O Canecão, casa de shows carioca, foi o primeiro grande palco do funk, onde acontecia o Baile da Pesada promovidos pelos DJs Big Boy e Ademir Lemos reunia aproximadamente 5.000 dançarinos de todas as partes da cidade, mas, ainda em alta, o funk deu lugar à MPB e ganhou mais força no subúrbio e na Baixada. No final da década, surgiram a Soul Grand Prix e a Black Power e a partir de então, começaram a surgir outras festas black. E, em 1978, duas equipes de som, Som 2000 e Guarani 2000 se fundiram criando a Furacão 2000, que dominou a cena do funk nos anos 80.
O ritimo preferido dos bailes era o soul por ser mais marcado, o público que frequentava os bailes era público que dançava, tinha coreografia, então os DJs tocavam as músicas mais marcadas.

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Anos 80

Em meados dos anos 80, os bailes funk se disseminaram, reuniam aproximadamente um milhão de pessoas em mais de 700 bailes na zona norte e oeste do Rio de Janeiro, de acordo com Hermano Vianna. Influenciados pelo Miami Bass, música eletrônica conhecida pela batida de dança acelerada e, algumas vezes, pelo conteúdo sexualmente explícito das letras, por exemplo os grupos 2 Live Crew, Cuccie Crew e Gigolo Tony. Por serem letras em inglês, nem todos os entendiam o que essas músicas falavam mas não demorou para darem um jeito de adaptá-las ao português, criando suas próprias versões, assim, criando o melô.
“Os dançarinos (ou os funkeiros) dançavam o som do hip hop, misturando passos de break com movimentos de outros ritmos negros, considerados nacionais, como o jongo e o samba. Ainda que, nesse momento, não houvesse funk cantado em português, o processo de transformação do hip hop em funk carioca já começava a acontecer. A “criatividade” de DJs e dançarinos era a marca das festas, na qual a diáspora africana era mais uma vez reencenada com novas misturas e novos elementos.” (LOPES, 2010, p. 32)

Anos 90

Fernando Luis Mattos da Matta, o DJ Malboro, já trabalhava como discotecário há mais de 10 anos, quando iniciou um projeto de nacionalização do funk, com a produção da Musica Eletrônica Brasileira, o que resultou no primeiro disco. Assim, as músicas começam a ser cantadas em português e a fazer referência ao cotidiano das favelas e do subúrbio. Nesse período, o funk também ganha espaço nas boates da Zona Sul e começam a atrair os jovens de classe média para os bailes nas comunidades.

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Imagem retirada de http://www.oesquema.com.br/urbe/2009/07/30/funk-brasil-dj-marlboro-michael-jackson-e-o-efeito-simonal.htm - acesso dia 15/07/2013
Ao mesmo tempo que o funk começa a se disseminar, ocorre um preconceito musical, que esconde um preconceito racial e social. Nos anos 90, o termo "funkeiro" começa a ser associado, pela mídia, aos “arrastões”, supostas invasões de funkeiros dispostos a saquear banhistas na Zona Sul.
“Nas matérias sobre o funk e o arrastão, de alguma maneira, nos permite compreender como os significados raciais são silenciados e articulados na construção da imagem da cidade do Rio de Janeiro. É interessante notar como essas notícias sobre os funkeiros – considerados o “novo pânico” ou o “novo medo” do Rio de Janeiro – vieram, muitas vezes, acompanhadas de mapas da cidade, que propunham identificar as favelas de proveniência desses jovens e alertar os leitores sobre quais seriam as “áreas de risco” na cidade e nas praias. Destaco, portanto, fragmentos dessas narrativas do discurso jornalístico, que parecem tecer uma espécie de ‘cartografia do medo’, intrinsecamente relacionada com a racialização dos espaços e das identidades jovens na cidade do Rio de Janeiro.” (LOPES, 2010, p. 34)
Nessa lógica, negro, pobre, funkeiro e favelado, é sinônimo de bandido, traficante e, por tanto, um perigo social e deve ser eliminado para não trazer risco à sociedade.

Anos 2000

Na manhã de 25 de agosto de 2009, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), ocorreu uma audiência pública para a votação da descriminalização dos bailes funks e o reconhecimento do funk como cultura. A mesa da Assembléia, presidida pelo Deputado Marcelo Freixo do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), contava com dois artistas, dois intelectuais e dois representantes do Estado. A criminalização de movimentos produzidos pela cultura negra é uma antiga prática no Brasil, e descriminalizar o funk é apenas etapa para romper com o preconceito. A partir de então, novas audiências e projetos de fomentos à cultura funk começaram a tomar visibilidade e serem incentivados, porém, a população continua a discriminar o movimento.

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Imagem retirada de http://www.virusplanetario.net/wp-content/uploads/2012/08/audiencia-publica.jpg - acesso dia 17/06/2013


Proibidões

A grande preferência dos jovens são os chamados “proibidões”, músicas que fazem referência explícita ao sexo e violência e são proibidas de tocar nas rádios ou sofrem alterações nos palavrões e nas palavras de "baixo calão". O sexo é apresentado para o jovens na escola ou pela família, em geral, com destaque ao perigo de contrair DST, engravidar, entre outros problemas, dificilmente se expõe o prazer e a diversão que o ato sexual proporciona. No funk, os jovens encontram a forma de falar sobre isso de forma divertida.
“O funk é um dos únicos veículos de comunicação e expressão estética que trata o sexo de forma lúdica e destacando a dimensão do prazer carnal que lhe é inerente.” (FACINA, 2010, p. 9)
Os proibidões que se referem à criminalidade, são muitas vezes rotulados como apologia ao crime tem como personagens inimigos a polícia e facções criminosas rivais. Nesse estilo, diferente do “proibidão” “baixaria”, as danças são menos sensuais, são coreografias com o “dedinho pro alto”, imitando armas de fogo. “É o momento mais “neurótico”, no qual armas verdadeiras são por vezes exibidas, numa encenação do poder tanto dos que as detêm quanto de toda a comunidade.” (FACINA), 2010, p. 10) A temática é muito presente no cotidiano da favela, onde a população é oprimida pelos policiais. O funk, então é alternativa para dar voz à essa população. Porém, nem sempre o compositor é, de fato, envolvido com o crime, muitas vezes compõe letras que exaltam certas facções para se inserir nos bailes da comunidade ou, então, são pagos pelos chefes do tráfico de drogas para compor.


Funk Gospel

A maioria dos funkeiros é muito religiosa. Essa forte religiosidade foi levada também para o “batidão”do funk, onde os MCs falam sobre Jesus Cristo. E, possívelmente, devido à forte presença das religiões protestantes nas comunidades, os mais jovens rejeitam as religiões afro-brasileiras. Mesmo, que paradoxalmente, usem os toque de candomblé e umbanda nas batidas eletrônica das suas composições, sem terem consciência disso.

Referencias Bibliográficas

FACINA, Adriana. "Eu Só Quero É Ser Feliz": quem é a juventude funkeira no Rio de Janeiro?. Revista EPOS, Rio de Janeiro - RJ. Vol.1, nº2. Outubro 201. ISSN 2178-700X - disponível em: http://revistaepos.org/arquivos/02/adrianafacina.pdf - acesso dia 03/05/2013
LOPES, Adriana Carvalho. “Funk-se quem quiser”: no batidão negro da cidade carioca. Unicamp. Campinas, 2010. -disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000771300 - acesso dia 27/04/2013
VIANNA, Hermano. O Baile Funk Carioca: Festas e Estilos de Vida Metropolitanos. Museu Nacional. Rio de Janeiro, 1987. - disponível em: http://www.overmundo.com.br/download_banco/o-baile-funk-carioca-hermano-vianna - acesso dia 22/05/2013

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