Madeleine Rosay
De Wikidanca
Tabela de conteúdo |
Apresentação
Magdalena Rosenzveig nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 12 de outubro de 1923. Seus pais, David e Janete Rosenzveig, haviam chegado ao Brasil apenas um ano antes, vieram em busca de um ambiente mais tranqüilo para formar sua família, já que a Europa pós Primeira Guerra Mundial apresentava-se ainda muito instável política e economicamente.
Para eles, assim como para muitos outros imigrantes europeus, partir dava a sensação de ter um futuro mais certo apesar da dificuldade que era tomar essa decisão, afinal, largar toda sua história e recomeçar em um lugar completamente diferente não é fácil, e, mesmo com a assinatura do tratado de paz de Versalhes, em 1919, partir pareceu mais sensato e seguro.
David, pai de Magdelena, era russo de nascimento, e estava na Polônia durante o último ano de guerra quanto conheceu a jovem polonesa Janet.
Se casaram logo, mas o clima de incerteza e a dificuldade para encontrar um emprego que garantisse o sustento dos dois foram fator determinante para a decisão de deixar a Europa.
Chegando no Rio, o casal alugou um pequeno sobrado nas cercanias da Praça Paris, no bairro da Glória.Seria nessa mesma praça que, anos mais tarde, a filha do casal, estudante de balé, ficaria treinando os grandes saltos, já que na pequena casa não havia espaço suficiente.
Apesar do bom emprego de David, como agente de turismo, a vida não érea fácil. O casal lutava contra as dificuldades para manter a casa e criar sua pequena filha. Para ajudar no orçamento familiar, Sra. Janete trabalhava como governanta em casas de família e dava aula de francês. Aliás, foi em uma dessas aulas que o caminho de Magdalena na dança começou a ser traçado, já que uma das alunas era a esposa de Joaquim Rolla, grande empresário da noite na época, e proprietário de grandes hotéis e cassinos no Rio, em Niterói e em Petrópolis.
Joaquim Rolla, além de proprietário, era também o responsável pela escolha do elenco para os shows que aconteciam em seus hotéis e cassinos, e por isso, em uma das aulas que dava para a esposa de Joaquim, Sra Janet decidiu tentar arranjar um teste para sua filha.
O teste foi arranjado, e a única exigência que foi feita era que Magdalena usasse uma malha na apresentação, para que seus movimentos pudessem ser melhor observados. Porém, Magdalena não possuía nenhuma malha, nem mesmo um maiô de banho, o que fez com que sua mãe tivesse que pedir emprestado a vizinha o maiô de banho de sua filha. O pedido foi aceito, porém, mãe e filha teriam que esperar a menina voltar da praia para pegar o maiô.
Depois de horas de espera, e o medo e incerteza de que conseguiriam chegar no horário marcado para o teste, o maiô é entregue, ainda molhado.
Sra. Janete secou-o a ferro, e partiu em disparada junto de Magdalena para o teste, que foi o maior sucesso e rendeu a Magdalena o emprego de dançarina no cassino do empresário.
Depois de algum tempo dançando nos empreendimentos de Joaquim Rolla, foi feita uma sugestão, por parte de um médico, que Magdalena fizesse alguma atividade que não fosse muito pesada, mas que fosse capaz de desenvolver sua musculatura e postura, pois a menina era ainda muito frazina, até mesmo para a idade que tinha.
Foi ai que Magdalena entrou no balé. Em busca de algo que atendesse as sugestões médicas e também lhe fosse agradavél. Mal sabia que as aulas e a dedicação à dança eram intensivas, requerendo das bailarinas grande esforço e concentração.
Primeiros Passos no Balé
Aos 8 anos de idade Magdalena fez sua primeira aula de balé. Logo notou-se o desenvolvimento de seu físico, com ganho de musculatura e força nas pernas e pés, porém, o seu tipo pequeno e delicado prevaleceu, imprimindo simultaneamente leveza e desenvoltura aos papéis que interpretou.
Com apenas dois meses de aula, a pequena aluna já participava das festas particulares organizadas pelas senhoras da sociedade carioca, que contavam com a presença das alunas de Maria Olenewa. O progresso foi espantoso, e, no ano seguinte, aos 9 anos, fez sua estréia como solista, interpretando a Dança dos Cocos, na ópera O Guarani, no Theatro Municipal.
Foi nessa época, que Olenewa sugeriu que o sobrenome Rosenzveig fosse diminuído para Rosay, facilitando não só a pronúncia, mas também o reconhecimento por parte do público e da imprensa. Mas apenas a partir de 1936 o nome próprio foi a afrancesado, e Madeleine Rosay apareceu pela primeira vez nos programas dos espetáculos do Theatro e da escola de dança.
Em 1935, aos 12 anos, Madeleine apresentou-se como sucesso no espetáculo de encerramento de ano da Escola de Danças do Theatro Municipal. Divido em 3 partes, o espetáculo apresentou diferentes coreografias em que as alunas tiveram a oportunidade de mostrar sua versatilidade.
Nas duas primeiras partes, Madeleine fez um papel coadjuvante, porém, na última, Madeleine dançou uma Variação Clássica de R.Drigo e Danúbio Azul, de Strauss, peças criadas por Olenewa, encantando não apenas o público mas, principalmente, os críticos que logo notaram seu talento e carisma em cena.
O jornal O Globo de 9 de abril de 1936 já chamava atenção para a jovem aluna da mestra russa:
A pequena Madeleine Rosay é uma séria promessa da Escola de Dança do Municipal, tendo começado a dançar muito criança. Madeleine Rosay já é uma bailarina da qual muito pode se esperar.
No mesmo ano foi criado o corpo de baile do Theatro, que apresentou-se ainda como a Escola de Baile do Theatro Municipal. O espetáculo de 13 de junho de 1936 exibiu o mesmo programa do ano anterior, em que Madeleine Rosay, já solista, mostrava sua técnica e versatilidade interpretativa.
O sucesso foi tão grande que Madeleine recebeu um convite para fazer sua estréia cinematográfica, dançando no filme Bonequinha de Seda, tendo como partner Yuco Lindberg.
O filme foi o grande sucesso do ano, e o mais importante da década, por se tratar da primeira superprodução brasileira. A partir de então, Madeleine Rosay e Yuco Lindberg tornaram-se nomes conhecidos do grande público.
Aos 14 anos de idade, em 1937, Madeleine Rosay foi nomeada primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, fato inédito para o Theatro, que pela primeira vez na história teve uma bailarina totalmente formada no Brasil, e fato extraordinário para uma menina que havia ingressado na escola de danças daquele teatro apenas seis anos antes, sem possuir qualquer tipo de treinamento específico de balé.
Sua mestra, Maria Olenewa, que havia sido primeira-bailarina da companhia de Anna Pavlova, ao estabelecer-se no Brasil, na segunda metade da década de 1920, recebeu anos antes a coroa usada por Pavlova em suas apresentações do balé O Lago dos Cisnes. Da mesma forma com que a famosa bailarina havia confiado nela, transformando-a em sua dileta discípula e herdeira de sua coroa, Olenewa elegeu entre suas pupilas aquela de maior talento e brilhantismo para receber tal honraria, Madeleine Rosay, que antes mesmo de completar seus 15 anos já ostentava um dos maiores símbolos que qualquer bailarina clássica poderia sonhar em possuir.
A Pequena Pavlola
Após o sucesso alcançado nos balés apresentados nas óperas das temporadas líricas e a participação no filme Bonequinha de Seda, Madeleine estava pronta para dançar a Bailarina do balé Petrouchica, obra de Michel Fokine com música de Igor Stravinsky, papel que foi criado por Tamara Karsavina, e que seria seu primeiro grande desafio.
Assim 1937 trouxe importantes novidades para a temporada de balé do Theatro Municipal, como a apresentação de espetáculos com as alunas particulares de Olenewa e o corpo de baile daquele teatro, além de Madeleine Rosay como primeira-bailarina, dançando o famoso balé de Fokine ao lado de Yuco Lindberg.
Madeleine Rosay foi consagrada pelo público e pela crítica, recebendo os maiores elogios pelas récitas apresentadas no mês de junho.Não houve um único jornal que não publicasse uma nota ou matéria sobre a interpretação da jovem carioca que havia sido promovida a primeira-bailarina do Theatro Municipal.
Anos mais tarde, em 1945, Madeleine confidenciou a um jornal que dançar Petrouchica havia sido o momento mais emocionante de sua vida até ali.
Em 1937 Madeleine dançou em São Paulo, apresentando-se como solista da companhia lírica de Gabriela Bensanzoni Lage, participando dos bailados das óperas.
O Corpo de Baile, assim como a escola de dança, acabaram não se apresentando no Theatro Municipal em 1938. Porém, no ano seguinte Olenewa contou com a ajuda do bailarino e coreógrafo tcheco Vaslav Veltchek, e juntos montaram a primeira temporada oficial da companhia do Theatro Municipal, que resultou num sucesso tão grande, que uma récita extre teve que ser programada.
Mais uma vez, após a apresentação os jornais publicaram matérias tecendo elogios a toda a companhia e a Olenewa, mas exaltando principalmente o talento de Madeleine, que mais uma vez se destacara em meio a tantos talentos.A “Pequena Pavlova”, como era agora chamada por ser herdeira da coroa que recebera de Olenewa, era figura de destaque no Theatro Municipal e nas manchetes dos jornais e da crítica especializada em todos pais.
O balé lhe consumia quase todo tempo, porém seus estudos não eram deixados de lado. Seus pais sempre deram ênfase a necessidade dos estudos, assim como sua mestra, Olenewa, e por isso Madeline começou a tomar aulas particulares em casa, fazendo com que fosse necessário ir a escola somente para aplicação de provas.
No inicio da década de 1940, o nome Madeleine Rosay já era uma referencia obritória quando se tratava de dança. Suas interpretações eram ovacionadas em todos os lugares em que se apresentasse.
Em 1943, após a turbulenta saída de Olenewa da direção do corpo de baile e da escola de dança do Theatro, Vaslav Veltchek assumiu a temporada, e apesar da tristeza de não ter mais sua grande mestra e amiga por perto, Madeleine alcançou, mais uma vez, enorme sucesso, principalmente com sua performance em A Morte do Cisne.
Em 25 de novembro de 1944, Madeleine realizou seu primeiro recital no Theatro Municipal, idéia que já vinha acalentando há algum tempo. No mesmo ano, uma triunfante turnê pelo Sul do país e uma apresentação no Estádio do Pacaembu, em São Paulo,confirmaram sua condição de estrela nacional.
O prestígio de Madeleine era tão grande que foi feita uma estátua em sua homenagem. Esculpida pelo artista plástico Flory Gama.
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, e o consequente treinamento e envio de pracinhas para a frente de batalha, levou Madeleine a iniciar uma atividade diferente. Além de suas apresentações em Theatros por todo o Brasil, Madeleine começou a dançar para os soldados da Força Expedicionário Brasileira/FEB.
A temporada do ano seguinte, preparada pelo coreógrafo e bailarino russo Igor Schwezoff não foi, uma boa recordação para Madeleine, que durante um dos ensaios do segundo ato de O Lago dos Cisnes, montado pela primeira vez com o Corpo de Baile do Theatro Municipal, sofreu uma queda, fraturando o braço, tendo que imobilizá-lo e por conta disso ficando de fora daquela temporada.
Um ano depois, já recuperada, Madeleine recebe a maravilhosa notícia de que foi concebida, pelo governo brasileiro, uma bolsa de estudos para aprimorar sua técnica de balé nos Estados.
A bolsa de estudos cobriria os gastos com passagem e estadia pelo período de um mês na cidade de Nova York, porém, juntando as economias que havia feito com os pagamentos dos shows realizados nos cassinos, Medeleine pôde prolongar esse período para quatro meses.
Foram quatro meses estudando e pesquisando na escola de dança moderna de Martha Graham e de balé, na American Ballet School.
Ao regressar ao Brasil, surgiu um novo convite para retornar aos estúdios de cinema. Desta vez como atriz principal em um filme dirigido pelo diretor italiano Alberto Pieralisi, o que lhe rendeu uma experiência ao mesmo tempo proveitosa e extremamente desgastante.
Neste mesmo ano, Madeleine decidiu não fazer mais parte do Corpo de Baile do Theatro Municipal. Poder administrar sua arte mais livremente tinha se tornado sua prioridade.
Sua última apresentação, dessa vez como recitalista ao lado do bailarino português Francis Graça, se deu em 22 de setembro de 1947, no Theatro Municipal.
Em 1949 Madeleine se casou, e um ano depois teve seu primeiro e único filho, o que fez com que ela parasse também com sua carreira de recitalista por um tempo, para se dedicar a familia.
Madeleine e a dança fora dos grandes teatros.
Convidada por Joaquim Rolla, a jovem bailarina voltou a participar de shows nos cassinos, só que agora como atração principal da noite.
Madeleine se diferenciava das outras bailarinas não apenas pro suas qualidade técnicas, mas também por desenvolver atividades consideradas não muito tradicionais para a época como dançar em shows nos cassinos e criar bailados em que priorizava compositores e temas nacionais.
Apesar da critica que alguns puristas faziam ao fato de uma bailarina clássica dançar em cassinos, a participação de Madeleine nestes shows foi fundamental para a difusão e popularização da dança, alcançando um público mais amplo e diferenciado do que aquele que usualmente freqüentava o Theatro Municipal.
Os shows no cassino eram muito variados, apresentando danças típicas coreografadas por ela, como A Gauchinha, sobre o folclore gaúcho, passando pelo frevo, samba, maxixe, chorinho. Um de seus números de maior sucesso e repercussão foi Tico Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, dançado nas pontas.
Se em em 1941, sua participação nos espetáculos do Cassino da Urca já chamava a atenção, pelo fato de uma bailarina clássica também enveredar por este caminho, em 1942, na revista O Cruzeiro, este fato era motivo de comemoração:
A dança brasileira tem em Madeleine Rosay uma de suas maiores intérpretes. Pode-se dizer que lhe deve muito, dado o prestígio que possui, como primeira-bailarina do Theatro Municipal na divulgação de temas nacionalistas, como a encantadora “Dança do Coco”, ou da nossa música popular, pela forma coreográfica eletrizante eu soube emprestar a esse maxixe incomparável que é ‘Tico Tico no Fubá”.
Realmente, Madeleine Rosay, pura dançarina clássica, intérprete ideal de “Sylphides”, demonstrou cabalmente que se pode pensar numa forma elevada de tratar os nossos motivos regionais, o que vem conseguindo com grande sucesso.
Ao dançar suas criações, papéis a caráter que muito a atraíam por suas diversidades interpretativas, Madeleine mostrou uma outra faceta de suas possibilidades técnicas, além de figuras delicadas e poéticas que usualmente dançava nos balés apresentados no Theatro.
Considerada pelos críticos como “aquela que nasceu para difundir o belo”, Madeleine foi uma artista perfeita por reunir não apenas as qualidades ténicas da arte da dança, mas também por saber dominar como ninguém as nuanças interpretativas dos bailados em que atuava.
A Mestra Madeleine Rosay
Em 1949 Madeline assumiu simultaneamente a direção do Corpo de Baile do Theatro Municipal e a Escola de Danças, e mesmo com todas as dificuldades que ocorreram naquele ano, como a tumultuada passagem da coreógrafa Nina Verchinina como diretora e maître de ballet do corpo de baile, o baque causado pela morte de Yuco Lindberg, e tendo um corpo de baile praticamente inativo, Madeleine organizou uma temporada e, em três meses, mostrou o resultado ao público.
Com um programa composto pro criações suas, exceto Batuque, que foi coreografado por Yuco Lindberg, os quatro espetáculos levados entre os meses de abril e maio de 1949 alcançaram relativo sucesso.As coreografias apresentadas foram Concerto, com música de Mendelssohn; Jogos Infantis, canções populares com harmonização e orquestração de Martinez Grau; Slavônica, de Enesco; Carnet de Baile, música de Tchaikowsky, e alguns divertissements.
Apesar das dificuldades, como o curtíssimo tempo para preparar a temporada, a crítica especializada teceu elogios aos esforços despedindos por ela para que o público não ficasse sem sua temporada de bailados.
Madeleine permaneceu a frente do Corpo de Baile apenas por um ano, e por dois anos na Escola de Danças, apresentando os espetáculos de encarramento dos anos de 1949 e 1950.
Em 1950, quando Tatiana Leskova assumiu a direção, foi designada como auxiliar de coreógrafa.
Em 1951 Madeleine foi convidado pelo American Ballet Theater, que esteve em temporada entre maio e junho no Thetro Municipal, para que montasse um bailado brasileiro em seu repertório.
Sabendo da grande chance que teria, e da importância que disso para o balé brasileiro, Madeleine aceitou o convite, porém, as coisas não sairam como ela esperava.
O tema escolhido por Madeleine foi Macenilha (A Flor que Embrigava), com música de villa-Lobos, as Bachianas n° 2 e n° 4, coreografia complicada, com movimentos difíceis que exigiriam muito ensaio, porém ouve uma pressão por parte da produtora para que a coreografia estreasse logo, o que fez com que parte dela fosse sacrificada e com que os bailarinos não dispussesem do tempo necessário para ensaiar. Além disse, por motivo de economia, optou-se por usar um cenário já velho, usado em um balé mexicano que havia sido apresentado em 1941, o que fez com que Madeleine não concordasse em apresentar sua coreografia e se expor nessas condições, cancelando a apresentação do balé.
Apesar da decepação e tristeza pelo cancelamento da estréia, Madeleine aproveitou sua estadia em Nova York para estudar. Fez mais uma vez aulas na American Ballet School, estudando com vários renomados mestres daquela escola, além de ter participado de programas de televisao nos Estados Unidos, nos quais apareceu dançando e divulgando a dança feita no Brasil.
O retorno ao Rio de Janeiro, em setembro de 1952, não ofereceu muitas chances à Madeleine, e fez com que ela resolvesse criar ela própria sua oportunidade, surgindo então a Companhia de Ballet Madeleine Rosay.
Formada apenas para a temporada de verão, aos moldes do que se fazia nos Estados Unidos, a companhia estreou em janeiro de 1953, no Theatro Mecanizado do Hotel Quitandinha em Petrópolis, apresentando os bailarinos Josemary Brantes, Dicléa Ferreira, Márcia Haydée, Inez Litowski, Yvonne Meyer, Johnny Franklin, Yelê Bittencourt e Antônio Barros.A formação da companhia marcou a volta de Madeleine aos palcos, o que foi comemorado pela crítica não apenas pela falta que fazia, mas por ainda manter sua forma técnica irrepreensível.
Não faltaram no repertório da companhia, que se apresentou pelas cidades serranas, os conhecidos pas de deux O Pássaro Azul e o Cisne Negro, além dos famosos Tico Tico no fubá e A morte do Cisne.
Após as apresentações de sua companhia, Madeleine assumiu como auxiliar de coreógrafa no Theatro Municiapl, quando montou, finalmente, Mancenilha.
Com argumento desenvolvido por ela, baseado na história de Villa-Lobos, o espetáculo foi um sucesso, rendendo muitos elegios do público e da crítica.
Mancenilha voltou a ser encenado na temporada seguinte, e depois no II Festival de Inverno de Dança, dirigido por Dalal Achar.
Em 1952, quando voltou ao Brasil, Madeleine também voltou a lecionar. Sempre rigorosa com sua técnica, continuou tal rigor quando se tornou professora. Cobrava de suas alunas e alunos sempre o melhor, passando e repassando os passos diversas vezes até que eles ficassem perfeitos, mas sempre de forma gentil, com jeitinho, o que fez com que ela se tornasse uma pessoa muito querida por todos a sua volta.
Assim como foi a aluna dileta de Olenewa, Madeleine também teve sua pupila: Clélia Serrano. Foi para ela, quando contava doze anos de idade, que Madeleine passou a coroa de cisne usada por Anna Pavlova, que havia recebido a décadas antes das mãos de Maria Olenewa.
Madeleine viveu com Clélia e sua familia durante quatro anos, de 1979 a 1983, na cidade de Campos no Rio de Janeiro, e ministrou aulas de dança, coreografou e montou espetáculos na academia de Danças Clássicas Clélia Serrano, até 1983, quando decidiu voltar para o Rio de Janeiro.
Paralelo ao trabalho desenvolvido em sua academia, Madeleine Rosay assumiu, em maios de 1959, a direção da Escola de Danças, onde ficou por sete anos até se aposentar.
Em 1960, através de uma iniciativa de Madeleine, a escola teve suas instalações aumentadas, passando a oferecer mais conforto aos seus alunos. Além disso, Madeleine fez algumas outras modificações para aprimorar a qualidade dos espetáculos de encarramento, desenvolveu novos mecanismos de aula reunindo todo o corpo docente, além de ter alterado o curriculo da instituição, ampliando o curso de sete para nove anos.