Danças Galdérias
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História
Danças Tradicionais Gaúchas revelam tradição gaúcha As danças ocupam um espaço nobre dentro do tradicionalismo gaúcho. Tanto como expressão de emotividade quanto uma manifestação de arte, que requer técnica e habilidade. Desde os primórdios, a dança se constitui num exercício para corpo e um descanso para espírito. A topografia do terreno, a vestimenta, o espírito, a idiossincrasia e a emotividade do indivíduo, foram os pontos de apoio em que se assentaram as bases para a formação coreográfica que se criou em cada setor do universo.
RAdicionalismo e Conceito – “Carta de Princípios”, Tradição, comparativamente, é o campo das culturas gauchescas. Tradicionalismo é a técnica de criação, semeadura, desenvolvimento e proteção das suas riquezas naturais, através e entidades sociais praticantes desse culto. O tradicionalismo gaucho é um estado de consciência que busca preservar as boas coisas do passado, com influencia com o progresso, adequando esse procedimento a evolução por culto e vivencia sem desvirtuar a origem. GAUCHO- Nome pelo qual é conhecido o homem do campo na região dos pampas da Argentina, Uruguai e do Rio Grande do Sul e, por extensão, os nascidos nesta este brasileiro. Originariamente, o termo foi aplicado em sentido pejorativo (como sinônimo de ladrão de gado e vadio), aos mestiços e índios, espanhóis e portugueses que naquela região, ainda selvagens viviam de prear gado que, fugindo dos primeiros povoamentos espanhóis se espalhava e reproduzia livremente pelas pastagens naturais. Igualmente livre, sem patrão e sem lei, o gaucho tornou-se livre hábil cavaleiro, manejador do laço e da boleadeira.
As músicas e danças gauchescas vinculam-se ao meio rural, independente da região mas com as características da colonização das mesmas. Assim poderíamos elencar desde o Vaneirão ( cuja raiz está na havaneira) até os ritmos "importados" do Prata, como o Chamamé e a Milonga, entre outros. Da mesma forma citamos o Fandango, uma manifestação festiva das mais tradicionais do RS. A sua origem está nas danças do século passado, apresentadas de forma mais ou menos comuns: acompanhados à viola, tinham uma parte cantada e outra, com solo instrumental, sapateada. Os fandangos, com exceção das Tiranas, eram portugueses ou luso-brasileiros - vindos de outros estados do Brasil. O seu ciclo predominou no Rio Grande do Sul, desde o início do século XIX até a guerra do Paraguai (1865-1870), quando os novos ritmos trazidos pela gaita e liderados pela Valsa propiciaram o surgimento de novas opções e estilos de música e dança. Hoje, contudo, os festivais de música nativista estabeleceram um novo padrão, tanto na música em si como nas letras. Sempre lembrando de suas raízes musicais as novas composições, entretanto, apresentam-se dentro de um estilo mais contemporâneo, o qual não se apega apenas ao bucólico, mas, também, à realidade do cotidiano.
Dança
Valsa: Rainha das danças de pares enlaçados foi homenageada pela maioria dos renomados do século XIX.O compasso ternário como dança é muito antigo. Originaria das danças tirolezas austríacas. Entretanto com o titulo de valsa somente aparece no Sec XVll e se realiza nos bailados de operas no sec. XVII. Veio para o Brasil nos fins do Sec XVII era conhecida “VALSA FIGURADA”, trazida pelos portugueses. Hoje no sul do país a valsa ganhou seu estilo próprio, ritmo e dança. Adaptou-se aos costumes e maneiras do peão gaucho. Temos 3 tipos de valsas: Brasileira ou Tradicional, Campeira e Clássica. Chote: Dança de salão originária da Hungria. Apareceu no Brasil no período Regencial e foi moda no segundo império. È dançado em pares com quatro passos de juntar comuns diferentes: um e um, dois e dois ou dois e um. E principalmente, no sul, descendentes da imigração açoriana dançam chotes a afigurados sem limites de passo e figuras. Milonga: É um ritmo de Montevideo e Buenos Aires, mas de origem africana e que surgiu no fim séc.XIX. Nascida nos arredores de Buenos Aires, alguns autores ainda alegam que teria surgido a partir da mazurca. A milonga foi introduzida no Rio Grande do Sul inicialmente na fronteira, ao som do violão, o acompanhamento predileto dos declamadores gaúchos.A milonga no Rio Grande do Sul é dançada com a marcação de 2 e 1, duas marcações feitas com uma perna e a outra fazendo deslocamento com um passo para frente ou para trás.
Forma de Dançar:
A Milonga pode ser dançada de três maneiras diferentes: 1) Milonga Vaneirada: copiando os passos da vaneira, dança-se pares enlaçados como na valsa; 2) Milonga Tangueada: dançada em passos de marcha, acredita-se ser uma variante do tango. É realizado através de pares enlaçados com passos de marchas.
3) Milonga Riograndense: dançada no chamado dois e um e ou com passos de marchas. Rancheira: Dança de origem árabe. Trazida e estilizada na Argentina. No Rio Grande do Sul o ritmo é mais vivo e a coreografia mais saltitante, estilo popular. A “Rancheira de Carreirinha” constitui uma variante da “Mazurca”. Vaneira: Origem Habanera ou Havanereira- Dança e canto popular originária da Havana, Cuba. Ritmo 2/4 sendo o primeiro tempo forte e bem acentuado. Musica popular em quase todos os países espano-americanos. No Rio Grande do Sul foi muito usada pelas Bandas da Colônias de imigração italiana. Nos campos, os gaiteiros gaúchos denominavam de “Vanera” e fez deste ritmo o mais amplo repertorio para animação de fandangos, bailantas e festas gauchescas. Bugiu: “Bugiu” de bugio- ritmo gaúcho de origem muito remota. Dança de peões com chinas indígenas, sob qualquer som musical da época. Na década de 60 passou a ter letra própria enfocando a presença do macaco bugio no contexto da letra. Hoje o bugiu é dança de salão e deu origem a grandes festivais como “Ronco do Bugiu” em São Francisco de Paula e “Querência do Bugiu” em São Francisco de Assis. O ritmo écompasso binário, de par enlaçado 2/4. Polonaise: Segundo a obra "Humaitá Cultura Espontânea de Sua Gente" a Polonaise começa a ser relatada a partir de 1645 e teria sua origem de uma marcha triunfal de antigos guerreiros poloneses. No começo era dançada apenas por homens, mas com a evolução dos tempos foi aceita por pares mistos, dispostos de acordo com a idade e grau de nobreza. No Rio Grande do Sul teve grande aceitação e tornou-se uma dança de integração entre os participantes dos fandangos gaúchos, sendo dançada no início ou pontos culminantes de festividades.
Música
A exemplo do que ocorre em outros estados brasileiros, o Rio Grande do Sul conta com uma música tradicional típica, que atua como um das principais formas de expressão de sua cultura artística. Em torno da música, que funciona como suporte, articula-se também a dança, outra expressão cultural das mais importantes dentro da tradição regionalista gaúcha. Sem dúvida, estas duas formas de arte auxiliaram sobremaneira a própria consolidação da imagem do gaúcho enquanto um tipo distinto e inconfundível, dentro do universo mais amplo do povo brasileiro. E, se a música e a dança ajudam a articular a construção do “tipo gaúcho” no imaginário nacional, também desempenham um forte papel nos processos de reprodução, atualização e reinvenção deste mesmo personagem, de contornos inclusive mitológicos, nos próprios limites do RS.
Se tentarmos buscar estes elementos que corresponderiam às matrizes centrais mais evidentes em torno das quais se estrutura esta produção musical, devemos, naturalmente, evidenciar o elemento ibérico. Em que pese a origem preponderante da população gaúcha seja portuguesa, há, não apenas em face da proximidade geográfica, mas também em torno da própria história da consolidação da fronteira sul do país, um longo processo de mútuos intercâmbios com uruguaios e argentinos, populações que correspondem a dois países dos mais importantes da América espanhola. De fato, há inúmeros pontos de identidade entre as culturas portuguesa e hispânica, mesmo porque a história da ocupação da região ibérica, de origens visigóticas, romanas, cristãs, árabes, judaicas, ciganas, etc., é comum, o que, naturalmente, reflete em certo parentesco entre as formas musicais advindas destes países; vale dizer, as formas musicais advindas de Portugal têm muitos pontos de contato com as espanholas - as quais deram substrato à música típica da região do Prata -, sem embargo das suas especificidades. Neste aspecto, cumpre destacar o elemento “oriental” que perpassa a produção musical daquela região européia, advindo especialmente das influências árabes, judaicas, góticas, ciganas, etc., o que representa realmente um diferencial significativo da música produzida naquela península européia em relação a outras formas musicais que se consolidaram no “Velho Mundo”. A própria figura mítica do “gaúcho” brasileiro, enquanto o elemento que, montado a cavalo, explora a atividade pastoril/pecuária, foi muito influenciada, na sua configuração regional, pelas práticas e costumes dos seus equivalentes uruguaios e argentinos, o que vem refletir também, naturalmente, na música feita no RS, que tem grande influência da produção musical daquela região. Contudo, é importante ressaltar que, em seu perfil cultural, o gaúcho brasileiro têm inúmeros elos comuns com os tropeiros/boiadeiros/peões/cavaleiros/vaqueiros/sertanejos/carreteiros do resto do país, mesmo porque o Estado, economicamente falando, sempre esteve muito mais articulado com o centro do país do que propriamente com os países do Prata.
Referências
FAGUNDES, Antonio Augusto. Curso de Tradicionalismo Gaúcho, Porto Alegre, Martins Livreiro, 1995)
CASTILLO, Carlos. Fogão Campeiro. Porto Alegre, Martins Livreiro, 1995. http://tvcultura.cmais.com.br/viola/edicoes/especial-musica-gaucha