A Dança na Umbanda
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A Umbanda
A Umbanda é uma religião brasileira, porém, formada pela união de elementos de outras religiões como o catolicismo e o espiritismo e ainda elementos da cultura indígena e africana. Não podemos considerá-la como uma religião politeísta e sim, monoteísta devido a presença do orixá supremo Olorum ou Obatalá em seu panteão.
Assim como no candomblé, nos rituais da Umbanda as danças são realizadas com os participantes dispostos em forma circular, onde essas rotações são realizadas em sentido anti-horário para se repensar a ideia de volta aos princípios, uma forma de aproximação com a ancestralidade.
As cerimônias são caracterizadas por dois momentos, o Xirê, onde se canta para todos os orixás, no mínimo três cantigas acompanhadas pelas danças. Em uma grande roda, todos os integrantes dançam representando as características de cada orixá, imitando seus gestos. O segundo momento é caracterizado pela chegada dos orixás, os integrantes então são devidamente trajados e recebem suas ferramentas. A partir daí, o orixá que desenvolve a coreografia sagrada.
Essa dança ritualística da umbanda, acaba por corresponder uma forma de oração corporal, uma prece em movimento. Essa oração é expressada pela dança ritual, promovendo harmonia entre espírito, mente e corpo, como uma forma de canalização de energias transcendentes do mundo espiritual e externando-as na dimensão material.
Na dança umbandista, consolida-se o fenômeno mediúnico no movimento. Fato que ocorre na dança ritualística, onde o médium comunica corporalmente seu estado de transe e deixa transparecer o outro espiritual que naquele momento apodera-se, mesmo que parcialmente, na sua mente. O médium libera a irradiação da energia pelo seu guia, o círculo feito durante a dança afasta tudo que se refere ao mundo exterior e concentra ali apenas o que é espiritual e divino, acontecendo então a união com o sagrado, o seu orixá.
Ao longo do transe, as entidades manifestadas nos médiuns executam movimentações e gestos que caracterizam símbolos arquetípicos das entidades que habitam seu corpo. Movimentos circulares ou em forma de cruz, movimentações feitas geralmente com as mãos para representar as flechas, espadas, lanças, espelhos, pentes, laços e etc, objetos pertencentes aos orixás.
Outro fator de suma importância nas danças ritualísticas, é a relação dos pés com o chão. Os pés descalços relembrando a dança dos negros e dos indígenas brasileiros, a relação com a terra dando a ideia de ancestralidade está presente quase sempre nessas danças. O corpo do médium a partir desse momento simboliza a memória e tradição da cultura umbandista.
A dança umbandista então, integra aspectos sociais, espirituais e cósmicos. Por conta disso utilizam-se de movimentos que expressam suas tradições, o contato como mundo espiritual e a alteração da consciência.
A prática da dança ritualística de forma ordenada e realizada com conhecimento acaba ocasionando uma condição de saúde mental, valorizando a imagem corporal dos indivíduos e colocando-os em uma condição de relacionamento saudável com ele próprio e com o coletivo.
Por que o Orixá dança?
Quando nos referimos ao candomblé ou a umbanda, tratamos de falar de religiões que são passadas aos indivíduos de forma oral, através das danças. Para os que praticam essas religiões, a partir de suas danças, o Orixá conta ao público suas mitologias históricas, seus feitos, suas batalhas, redistribuindo sua energia vital e trazendo o sagrado de volta ao mundo cotidiano. Na umbanda assim como no candomblé, todos são irmão e expressam a partir de seus cantos e danças, a alegrias de estarem ali dividindo e presenciando aquela imensa fé e representando os orixás tão adorados pelos seus seguidores.
Os Orixás e seus movimentos característicos
- Ogun : bravando sua espada ou seu facão;
- Bará : versatilidade e energia;
- Xangô : tremendo a terra com a força de um trovão;
- Iansã : linda, leve e solta;
- Obá : em suas disputas de guerra, com sua curta espada;
- Oxum : meiga e vaidosa, mirando-se em seu espelho;
- Ossaim : recolhendo as folhas do chão e pulando em um pé só, sem fazer barulhos;
- Odé : coreografia de caçador;
- Nanã : embalando simbolicamente seus filhos;
- Obaluaiê : celebrando vida e morte com seus movimentos rápidos e vibrantes;
- Omolú : cansado, velho;
- Iemanjá : com seus movimentos de remadora, banhando-se em suas águas;
- Oxalá : em certos momentos vibrando e em outros apoiando-se;
- Oxumaré : graça, beleza e leveza;
Veja também
Referências
Raiz Cultura. Cultura Umbandista. Disponível em: <http://raizculturablog.wordpress.com/2008/09/03/cultura-umbandista-part-i/>. Acesso em: 11 jun. 2013.