Conjunto Coreográfico Brasileiro

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Apresentação


Dona Clotilde Guimarães, senhora da alta sociedade carioca e casada com o jornalista Afonso Guimarães, decidiu por volta dos anos de 1920 e 1930, após perder três filhas acometidas por uma grave doença cardíaca, receber crianças em sua casa, no bairro de Copacabana.
Por conta de sua boa condição financeira, ajudou algumas famílias, que não dispunham de recursos para garantir uma boa criação à seus filhos.
No começo, chegavam até ela filhos de pessoas conhecidas, ou de pessoas por eles indicados, mas um tempo depois o número de crianças aumentou tanto que Dona Clotilde se viu obrigada a mudar-se para uma casa maior, em Ipanema. O número de crianças continuava a crescer, e novamente, Dona Clotilde teve que procurar um novo espaço para abrigar tantas crianças. Dessa vez, o bairro escolhido foi Botafogo, onde alugou uma casa que se tornaria a sede da União das Operárias de Jesus, orfanato fundado por ela.
Por conta de sua dedicação e da boa estrutura que era oferecida as crianças, o próprio Juizado de Menores da cidade do Rio de Janeiro passou a encaminhar crianças para o abrigo que ela criou.
Mais tarde, juntaram-se á Dona Clotilde, as senhoras Maria Teresa, parte de uma tradicional família quatrocentona de São Paulo, e que através de seu conhecimento social, ficou responsável por arrecadar fundos e donativos para o orfanato, e Antonieta Martins, pianista premiada que acompanhava a educação das crianças. Enquanto Maria Teresa circulava com o livro de ouro da União das Operárias de Jesus pelas grandes firmas da cidade, Antonieta supervisionava as crianças, acompanhando seu processo educacional e Dona Clotilde, gerenciava a instituição.
Assim foi fundada, no ano de 1934, a União das Operárias de Jesus. Uma organização de cunho filantrópico, sem nenhum subsídio do governo, mantendo-se apenas de donativos.
Dona Clotilde pensava em formas de melhorar a qualidade de vida dessas crianças, e instrumentalizá-las com o que havia de melhor em termos de formação.
Além de oferecer o considerado como básico, alfabetização e primário, também eram oferecidas às crianças diversas oficinas, como a de marcenaria, bordado e culinária. Através dessas oficinas as crianças aprendiam a criar móveis com entalhes artísticos, bordados finos que eram usados em casamentos da alta sociedade carioca e massas caseiras. Mais tarde, foi criada também a oficina de sapataria, que ensinava o processo de fabricação artesanal de sapatos ortopédicos e sapatilhas de balé. Naquela época, só havia fábricas de sapatilhas de balé na cidade de São Paulo, e os sapatos de ponta era todos importados. Os alunos da União, para aprender a maneira de se fazer as sapatilhas, as desmontavam, para ver era feita a costura.
A União conseguiu também bolsas de estudos para seus alunos no Colégio Pedro II, no Instituto Franco-brasileiro e nos Colégios Andrews e Mallet Soares, até que, alguns anos mais tarde, organizaram uma escola dentro da própria sede da instituição.
Sempre pensando a frente, Dona Clotilde queria oferecer ainda mais para as crianças, e optou por desenvolver trabalhos de capacitação artística na instituição. Para isso, contratou os professores Guilherme Fontana, para dar aulas de piano, Edgar Guerra, que dava aulas de violino e Frutuoso Viana para o canto coral. Graças a essa iniciativa muitas das crianças se tornaram grandes músicos.
Naquela época o balé ainda se desenvolvia na cidade do Rio de Janeiro, e por conta disso, o principal objetivo daqueles que se interessavam por essa arte era entrar para a Escola Municipal de Bailados, ligada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Algumas meninas da União das Operárias de Jesus prestaram exame e foram admitas na escola, tendo a oportunidade de conhecer e estudar com o bailarino e coreógrafo tcheco, que dirigia a Escola de Bailados na época, Vaslav Veltchek.
Veltchek ficou impressionado com a dedicação e seriedade das meninas, e pouco depois, foi convidado por Dona Clotilde para dar aula na sede da União das Operárias de Jesus.
Através dessa iniciativa, foi criada, em 1943, a Academia Brasileira de Dança, com sede na União das Operárias de Jesus.
Todas as crianças do orfanato podiam experimentar as aulas de balé, porém, havia uma seleção feita por Veltchek, que escolhia as crianças que se destacavam para compor o corpo de baile do orfanato.
Diversas turmas foram formadas, com crianças de várias idades e níveis técnicos, foram abertas, inclusive, vagas para crianças de fora da União, que pagavam mensalidade pelas aulas, e assim, contribuíam para a manutenção do curso e da instituição.
Mario Nunes, importante crítico da época, fez uma publicação exaltando a importância de serem criadas instituições como a UOJ. Mario dizia que lá as crianças não tinham acesso somente ao considerado básico, como educação formal e alimentação, mas também oportunidades de desenvolvimento profissional e artístico, através dos cursos profissionalizantes e de artes que eram oferecidos. Na instituição eram oferecidos cursos que faziam com que as crianças encontrassem sua vocação, e depois desenvolvesse seu potencial naquela atividade que lhe agrada.
As crianças da União também tinham oportunidade de aprender, conhecer e conviver com representantes da elite intelectual da época.
O advogado, jornalista e político Assis Chateubriand, homem muito influente na época, era um dos grandes protetores da instituição, assim como o poeta, diplomata e vereador Paschoal Carlos Magno, e através da influência desses dois, as crianças puderam conhecer os escritores Monteiro Lobato e Menotti del Picchia, além de conviver com os atores Sérgio Cardoso, Inez de Castro e Sérgio Brito.
Assistiam a ensaio de bons espetáculos, frequentavam o projeto Concertos para a Juventude, e eram convidados para assistir espetáculos das temporadas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro nos camarotes de seus benfeitores.
Com o passar do tempo, Dona Clotilde via seu objetivo sendo alcançado. Cada vez mais, graças as inúmeras atividades que eram oferecidas, as crianças se afastavam daquela atmosfera de tristeza e miséria que as rondava. Agora elas respiravam arte praticamente todo o tempo.
Vaslav trabalhou durante três anos com as crianças da União das Operárias de Jesus realizando diversas apresentações, a maioria delas acontecia no estúdio da UOJ, construído na garagem da sede da instituição. Essas apresentações eram oferecidas para os patrocinadores e apoiadores do projeto. Figuravam na plateia representantes de grandes firmas como Schindler, Cinea Trianon, Resseguros do Brasil, entre outras.
Os convidados eram levados por um tour por toda a instituição, para conhecer a estrutura que era oferecida as crianças, e, no final, aconteciam apresentações de balé e música, dos grupos formados por crianças da União.
Veltchek também organizada espetáculos formais, com melhor estrutura e ensaios mais sérios, como o espetáculo de natal, realizado em 1944 no Instituto Resseguros do Brasil.
No ano seguinte, 1945, o grupo de jovens organizado e guiado pro Vaslav Veltchek, já com o nome de Instituto Coreográfico Brasileiro, se apresentou para além de sua sede e das empresas parceiras.
Foram realizadas naquele ano, três apresentações de grande porte. A primeira foi no dia 4 de fevereiro, no Teatro Dom Pedro, na cidade de Petrópolis-RJ; a segunda no dia 3 de dezembro, na Escola Nacional de Música, e, por último, a tão sonhada estreia oficial do Conjunto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
O compromisso das crianças com a dança se tornava cada vez maior, e por conta disso elas não conseguiam acompanhar o curso nas escolas convencionais.
Para assegurar boa educação à suas crianças, Dona Clotilde contratou professores particulares, que davam aula para as crianças que faziam parte do CCB, além de serem oferecidas aulas de línguas estrangeiras, como francês, inglês e até mesmo russo.
Uma crítica, publicada no jornal Diário de Notícias, por D`Or, ressalta a importância de iniciativas como a tomada por Dona Clotilde, e a qualidade da União das Operárias de Jesus e do Conjunto Coreográfico Brasileiro:
“Foi, enfim, essa estreia do Conjunto Coreográfico Brasileiro um acontecimento dos maiores na temporada que se finda.
Por que revelou uma cosa nova, inédita e de grande alcance, tornando patente o quanto é rica nossa terra de pendores artísticos. O que é preciso é apenas aproveitá-los, ampará-los moral e materialmente, como é o caso desse grupo de dançarinozinhos ao qual cumpre a todos nós, governo e particulares, olhar com o máximo de carinho e interesse” (D`Or, 12 de dezembro de 1945).


O Conjunto Coreográfico Brasileiro


Formado pelas meninas Amélia dos Santos Moreira, Clotilde Moreira, Hilda de Oliveira, Maria Adelaide Saturnino, Maria do Carmo Pessoa, Miriam Guimarães, Neuza Vasconcelos, Olga Baptista ( substituída mais tarde por Beatriz Costa de Oliveira), Orlanda Saturnino, Teresa Bittencourt, Yara Garrido da Silva, Yeda Rio Doce; e pelos meninos Nilton Vasconcelos e Yellê Bittencourt, totalizando 14 jovens bailarinos, o Conjunto Coreográfico Brasileiro cumpria uma rotina exigente. Aulas teóricas pela manhã, aula dedicada ao desenvolvimento da técnica e ensaios a tarde, ensaios esses que muitas vezes adentravam parte da noite.
Veltchek era responsável por tudo que dizia respeito ao conjunto. Lecionava, escolhia os papéis que os alunos interpretariam e criava as coreografias que seriam apresentados. Dona Clotilde concedera carta branca ao mestre, dando a ele liberdade para trabalhar da maneira que julgasse melhor para o rendimento do grupo.
Em uma entrevista concedida por Veltchek para a revista Vamos Ler!, no dia 30 de janeiro de 1947, o mestre confessou que dirigir um grupo de jovens bailarinos era um sonho seu, e que cada vez que tentava realizá-lo esbarrava em um grande obstáculo: as mães dos alunos. Cada mãe só se importava com o próprio filho, brigando por papéis, se pautando na premissa de que seu filho ou filha era melhor que o outro. Havia muita rivalidade e ciúmes entre os pais, o que o impedia de realizar um bom trabalho.
Já na União das Operárias de Jesus, tudo era muito diferente. As crianças tinham uma única mãe, Dona Clotilde, e o trabalho era realizado com muita confiança, paixão e vontade, entre todas as partes envolvidas.
Ao longo dos anos e dos inúmeros espetáculos apresentados, o Conjunto Coreográfico Brasileiro foi construindo seu nome, e sendo reconhecido, cada vez mais, como um grupo de balé de alto nível, arrancando sempre elogios da crítica e do público, tanto pela qualidade das coreografias feitas e executadas, tanto pela perfeição do figurino.
Sempre acompanhadas por Antonieta Monteiro e seu piano, a fama das crianças e do Conjunto se alastrou, fazendo com que a quantidade de apresentações aumentasse.
Por conta do belíssimo trabalho que o Conjunto apresentava, e pela brilhante iniciativa, de garantir a crianças carentes melhores condições de vida, vários artistas de grande nome na época faziam contribuições para o Conjunto, cedendo músicas para serem usadas nas apresentações, como o músico Camargo Guarnieiro, e desenhando figurinos.
Quando companhias internacionais visitavam o Rio de Janeiro, Veltchek, que tinha conhecimento na maioria delas por conta do seu período de trabalho na Europa, entrava em contato e as convidava para visitar a União das Operárias de Jesus e conhecer o Conjunto Coreográfico Brasileiro.
Assim como a UOJ, o Conjunto Coreográfico Brasileiro era mantido por doações de seus benfeitores, além de contar com a bilheteria dos espetáculos para arcar com as despesas operacionais e de produção das apresentações.
As turnês do Conjunto, que passou por cidades como Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, eram bancadas pela bilheteria e por doações a apoio dado por empresários locais. Maria Teresa usava de sua grande influência para conseguir apoio para o Conjunto. Viajava primeiro e entrava em contato com os comerciantes e empresários das cidades onde o Conjunto de apresentaria, conseguindo estadia gratuita para toda a temporada.
O ano de 1947 foi de grande sucesso para o Conjunto Coreográfico Brasileiro. Espetáculos lotados e elogios da crítica especializada, que dizia que as crianças haviam alcançado o máximo de aperfeiçoamento técnico possível, e que agora lhes faltava somente a experiência para se consagrar como grande talentos da dança no Brasil.
Os nome de Yellê, Orlanda, Beatriz, Myriam, Iedda, Teresa e Amélia foram destaque naquele ano.
Também em 1947, foi realizada, com apoio de uma empresa de aviação do Brasil que garantiu a viagem do Conjunto gratuitamente, uma turnê internacional, com apresentações em Montevidéu e em Buenos Aires.


O fim do Conjunto Coreográfico Brasileiro


O Conjunto Coreográfico Brasileiro alcançou uma posição de destaque no cenário nacional da dança, se tornando referência entre companhias e grupos de balé, porém, o sucesso alcançado não refletia no relacionamento interno entre duas pessoas importantes para a manutenção do Conjunto: Vaslav Veltchek e Clotilde Guimarães.
Por razão até hoje desconhecida, um dia, subitamente, Veltchek deixou a direção da companhia, após se desentender com Dona Clotilde numa reunião que aconteceu à portas fechadas, somente entre os dois.
Apesar da saída de Veltchek, o Conjunto não terminou, não naquele momento ao menos, se mantendo sem direção, até que Dona Clotilde encontrou o substituto para Veltchek: o bailarino, coreógrafo e professor russo, Igor Schwezoff.
Schwezoff, assim como Veltchek, era figura de destaque no cenário internacional do balé. Integrou, como bailarino e coreógrafo, a companhia [[Original Ballet Russe de Monte Carlo[[, e veio para o Brasil em 1945 para dirigir o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a Escola de Danças do Theatro Municipal, que mais tarde viria a se tornar Escola de Danças Maria Olenewa.
O estilo de Schwezoff, muito dramático e extravasado, não agradou a diretora da instituição e logo ele foi substituído por Dimitri Rostoff, ator e bailarino russo que fez parte da companhia Ballet Russo do Colonel de Basil. Rostoff também não ficou muito tempo na direção do Conjunto Coreográfico Brasileiro.
No período em que tiveram aulas com Schwezoff, e depois com Rostoff, o Conjunto não realizou nenhuma apresentação, e após da saída de Rostoff, continuaram praticando uns com os outros, por conta própria, mas logo desanimaram e pararam de ensaiar. Faltava alguém para incentivar e dirigir o grupo.
O grupo ficou parado por um bom tempo, sem ensaios e muito menos apresentações. Sua pouca maturidade profissional fez com que nenhum deles buscasse uma maneira de continuar com o balé, seja fazendo testes para outras companhias ou grupos, ou fazendo parte de apresentações em cassinos da cidade. Faltava a faísca, faltava Veltchek, e a saída dele foi, para a maioria, o fim de um sonho.
Algum tempo depois Dalal Achar alugou o estúdio de balé da União das Operárias de Jesus, para ter aulas particulares com Eugenia Feodorova que havia acabado de chegar da Europa.
Miriam Guimarães, uma das integrantes do já extinto Conjunto Coreográfico Brasileiro, sempre observada as aulas, até que um dia, foi percebida por Dalal Achar, que puxou conversa com a menina.
Miriam contou que fazia parte do Conjunto Coreográfico Brasileiro, assim como outras crianças da instituição, mas como não havia professor eles tinham parado de estudar dança. Foi então que Dalal Achar convidou alguns dos integrantes do Conjunto para frequentar as aulas de Feodorova.
Mais tarde, quando Dalal Achar abriu seu próprio estúdio em Copacabana, manteve o convite para as crianças. O grupo, que não era mais tão grande quanto antes, contava com Orlanda, Miriam, Amélia e sua irmã, Clotilde.
Durante o período em que estudaram com Feodorova, as meninas fizeram parte da montagem do balé O Quebra Nozes, que Feodorova organizou para o grupo de Achar, porém, não mais como Conjunto Coreográfico Brasileiro.
Após algum tempo, um incidente acabou com a parceria feita entre as meninas, Eugenia Feodorova e Dalal Achar, dando fim à participação das meninas nas aulas de Feodorova.
Sempre que havia aula, as meninas tinham que se deslocar de Botafogo para Copacabana de bonde. Um dia, perderam o horário e voltaram a pé, demorando muito mais tempo que o normal. Dona Clotilde, nada satisfeita com o ocorrido, proibiu as meninas de frequentarem as aulas.

Com o fim do Conjunto e das aulas com Feodorova, a maioria das crianças desistiu do sonho de serem bailarinos, apesar do grande talento que tinham e do sucesso que haviam alcançado junto à Veltchek.
Alguns ainda seguiram a carreira da dança, como os rapazes Nilton Vasconcelos e Yellê Bittencourt, que foram para o Uruguai à convite de Vaslav Veltchek. Nilton fez carreira por lá e Yellê permaneceu um tempo por lá, e depois seguiu para a Europa e Estados Unidos.
Yellê fez parte da Ópera de Bordeaux, do Grand Ballet du Marquis de Cuevas, do Ballet Theater of Harlen, entre outros. Após encerrar sua carreira como bailarino, dedicou-se a ensinar, lecionando em companhias como a de Maurice Béjart e da Ópera de Berlim;
Amélia Moreira passou a dar aulas na academia de balé formada por Dona Clotilde, na União das Operárias de Jesus, até sair de lá e lecionar no Colégio Imaculada Conceição. Dançou na Fundação Brasileira de Ballet, sob direção de Eugenia Feodorova, e foi professora da Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro até se aposentar;
Miriam Guimarães firmou uma parceira de muitos anos com Dalal Achar. Dançou na Associação de Ballet do Rio de Janeiro, no Ballet Brasileiro da Bahia, em Salvador, e lecionou na Ebateca (Escola de Ballet do Teatro Castro Alves).Também deu aulas no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e no curso de licenciatura em dança do Centro Universitário da Cidade – UniverCidade e no Ballet Dalal Achar; Maria do Carmo foi convidada para trabalhar em Juiz de Fora, onde abriu uma escola de dança ; Olga fez carreira em teatro de revista e trabalhou em cinema, e , por fim, Beatriz Costa, que foi para os Estados Unidos integrar o New York City Ballet. As demais crianças seguiram caminhos diferentes ao da arte, como Orlanda Saturnino, que se formou no curso superior de Direito, e montou um escritório de advocacia junto com seu marido, também advogado.
Durante os seis anos de duração do Conjunto Coreográfico Brasileiro, Veltchek coreografou balés com diferentes temáticas. Por ser grande apreciador do Brasil e de nossa cultura, compôs peças bem nacionalistas, como O Uirapuro, com música de Villa-Lobos; Valsas de Esquina, de Francisco Mignone; Quadros de uma Exposição, com música de Frutuoso Viana; além de Children`s Corner, de Debussy, e Suite de Danses, de Chopin, que eram sempre muito aclamadas pelo público.
Muito se especula sobre o motivo que levou o Conjunto ao fim. Alguns dizem que havia conflito de interesses, que enquanto Dona Clotilde queria apenas dar melhores condições de vida e oferecer oportunidades que garantissem uma boa educação e formação para as crianças, Veltchek queria transformá-las em bailarinos profissionais, o que não era o objetivo da instituição.
O fato é que, o trabalho desenvolvido na União das Operárias de Jesus foi exemplar, não só por ser pioneira, no que se trata do envolvimento com manifestações artísticas em obras sociais, mas pela alta qualidade dos cursos e recursos que eram oferecidos as crianças.
A União das Operárias de Jesus funciona até hoje. Atualmente, com o nome de União das Crianças, abriga cerca de 70 crianças de ambos os sexos.

Fonte


BRAGA, Paola Secchin.
Conjunto Coreográfico Brasileiro. O pioneirismo de um projeto social.
In: PEREIRA, Roberto, Soter, Silvia. (orgs). Liçoes de dança 5
Rio de Janeiro. Editora Univer Cidade, 2005. P 69-89

União das Operárias de Jesus

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