Lina do Carmo

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BREVE HISTÓRICO

A coreógrafa e dançarina Lina do Carmo reside e trabalha há muitos anos na Alemanha e no Brasil. Tem formação em dança/teatro no Brasi e nos Estados Unidos tendo concluindo o diploma na École Internationale de Mimodrama com Marcel Marceau, em Paris. Lina do Carmo apresenta suas danças-solos em teatros e Festivais internacionais na Alemanha, Áustria, Itália, França, Polônia, Lichtenstein e naturalmente no Brasil. Leciona igualmente em diferentes partes do mundo, dirigindo seminários, por exemplo, no TANZHAUS Düsseldorf (Alemanha)», no »Internationale TANZWOCHEN-WIEN« (Áustria), na »Ecole Internationale de Mimodrame de Paris Marcel Marceau, na Goldston Mime Foundation«, Ohio (USA), no International Dance-Workshop Genova (Itália), e em importantes centros de dança e Universidades brasileiras.

No ano 2000, Lina do Carmo concentrou suas atividades no Brasil, onde desenvolveu novas pesquisas relacionadas à dança e arqueologia, em estreita colaboração com a FUMDHAM (Fundação Museu do Homem Americano), no Parque Nacional Serra da Capivara-Piauí, sua terra natal, dando início ao projeto de arte educação, Pro-ARTE FUMDHAM, um programa de formação, criação e pesquisa, premiado em 2002 Cidadão 21-ARTE, pelo Instituto Ayrton Senna. Em 2003, ela idealiza e dirige o 1° INTERARTES, Festival Internacional Serra da Capivara. E, pelo seu engajamento social e político foi contemplada na indicação em fomento cultural para o “Prêmio Multicultural Estadão“. Entre o Brasil e Alemanha, Lina do Carmo buscou combinar inovação artística, herança pré-histórica e proteção da natureza. Após o sucesso da segunda edição do Festival INTERARTES, em 2004, ela foi premiada pelo CARAVANA FUNARTE INTRA-REGIONAL, que apoia sua tournée nacional com o seu solo CAPIVARA.

Desde 2005, Lina do Carmo dedica-se igualmente na Alemanha com projetos de dança na educação, voltados para crianças e jovens, por exemplo: ” Dance Meets Identity “,” 180° Drehung “, em cooperação com o NRW Landesbüro TANZ in Schulen (Norte-Rhine/Westphalia Escritório Nacional de DANÇA nas Escolas) e KölnMusik GmbH, Vivaldi ” As Quatro Estações “, apresentada na Filarmônica de Colônia. Além disso, o foco especial de seu trabalho artístico tem sido o ponto de encontro entre Coreografia e Metafísica. Assim, na estréia de sua mais recente coreografia solo „VIAJANTE DA LUZ“, em Colônia (Alemenha) e Varsóvia (Polônia) 2007, Lina Carmo comunica novamente com sucesso a dança como a experiência da alma e igualmente como fonte de consciência humana. Viajante da Luz foi apresentado no México, (2009) e Suécia (2010). Sempre em aprofundamento, Lina expandiu sua atividade artística e pedagógica, trilhando novas formações em Gurdijeff-Moviments e Kundalini Yoga na França e na India (Daramashala), integrando estas grandes escolas de auto-desenvolvimento holístico ao seu fazer criativo, vendo que a dança, independente de idade ou talento, pode servir como caminho de transformação, evolução para todos.

Em 2011 Lina estará criando a coreografia para o projeto multimedial “Was ist Wahrheit” (O que é Verdade ?) ‘Johannespassion’ (A Paixão de João) de J.S.Bach, com o coral Vox Bona condizido por Karin Freist-Wissin e direção de Christoph G. Amrhein. Uma produção da Orquestra de Camera da Kreutzkirche (Catedral de Bonn). A estréia será na Catedral de Bonn no dia 03.04.2011. Mais info: www.johannespassion2011.de



TRAJETÓRIA

Lina do Carmo nasceu em Teresina. Ainda na infância a piauiense ganha "ares de artista" nas primeiras aulas de teatro e balé na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí, por meio do Grupo Laborarte e do diretor de Teatro na época (1966) Américo Azevedo Neto. Ainda muito jovem em tempos de ditadura e Tropicália, junto a coreógrafa piauiense Eleonora Paiva, músicos e escritores da capital , Lina fez parte de uma geração que rompe com os limites que a capital do Piauí hoje desconhece. Aos 17 anos vai estudar em Fortaleza onde fez o primeiro workshop sobre o método de Eugênio Kusnet no Teatro José de Alencar. De lá parte para o Rio de Janeiro onde cursa a UniRio, faz a Escola de Teatro Martins Penna, e se aproxima da pantomima e do mestre Klauss Vianna, bem como, de artista e referências - Isadora Duncan, Charlin Chaplin - que iniciariam a trilha de sua formação profissional.

Nos anos 70, lembrando do slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o" do ditador Médici, Lina do Carmo segue rumo ao estrangeiro e matricula-se no National Mime Theatre(EUA). Retorna ao Rio de Janeiro em 1981 lançando-se no mercado profissional com a criação de " Pierrô Nordestino " , onde, fixa-se como artista independente dando aulas em diferentes escolas de dança e teatro. Nesta época recebe o convite de Nelson Xavier para compor o grande elenco da peça "A Moda da Casa", ao lado de artistas como Henriqueta Brieba, Iara Amaral, Nelson Dantas, e Anselmo Vasconcelos Ainda e começa a ganhar o reconhecimento da crítica. Transitando no efervescente cenário artístico carioca ganha chances que a conduziam para o mercado da TV Globo e até mesmo para o cinema defendendo uma ponta no filme "Bar Esperança"de Hugo Carvana, mas entende que àquela época o Brasil ainda parecia impor limites as suas aspirações. Com o contato com a da dança contemporânea e por meio das aulas de Carlos Affonso, Graziela Figuerosa e Klauss VIanna, Lina opta por ir de encontro a Europa e ao Mestre Marcel Marceau. Em 1983 chega a Paris para a formação na École Internationale de Mimodrame com quatro malas e um filho de quatro anos. Ali, na grande escola européia Lina se inspira para ir mais longe no mundo arcaico e culturalmente poderoso de sua terra natal através de rompimentos e buscas por uma estética própria.

Após temporada na França em 1986 Lina é convidada pela Goldston Mime Foundation, em Ohio, como assistente de Marcel Marceau no seu seminário de verão e os novos convites surgidos nessa oportunidade acabam redesenhando seu retorno ao Brasil. Estabelece-se em Botafogo e se debruça sobre projetos pedagógicos sonhando em abrir uma escola própria nos agitados anos 80. No subsolo do Teatro Vila Lobos ministra as primeiras aulas para alunos como Bebel Gilberto, Cazuza e muitos outros que acabaram despontando no cenário nacional e internacional. Lina inicia então um período de intensa atividade profissional no mercado brasileiro coreografando projetos, dentre outros diretores, com Hans Donner (abertura da novela Sassaricando, especiais para o Fantástico) e atuando em inúmeros projetos no meio artístico carioca. É nesta época que recebe o convite de Eleonora Paiva, coreógrafa que estava a frente da Escola de Dança em Teresina. Lina recebe com entusiasmo e carinho a oportunidade de reencontrar suas origens e retornar pela primeira vez à sua terra natal.

Em 1988 participa do festival de Wiesbaden e acaba sendo capturada por novas propostas de trabalho onde, a partir daí, fixa um lugar no território germânico. As facilidades de uma sociedade extremamente organizada e a perca da referências da vida franco-latina tornam possível o desabrochar de um repertório de dança-solo. E na década seguinte a Alemanha traz à carreira de Lina do Carmo uma espécie de estabilidade profissional. No encontro com a cultura estranha surgem : "Victória Régia, a fiction from Amazonas", trabalho que conquistou forte aceitação sendo um dos solos de dança mais vendidos no inicio dos anos 90 e em seguida "Fugitus" uma homenagem à "Arte da Fuga de J. S. Bach.

Em 1996 Lina percorre longa estrada até a cidade de São Raimundo Nonato, onde está localizado um importante parque arqueológico do Piauí e ali dá continuidade a sua pesquisa sobre o "corpo arcaico brasileiro". Toma, então, esse novo retorno à origem como imput para a coreografia Capivara e leva a cena contemporânea alemã um pouco da sua terra natal e da pré-história. O encontro com a cultura ancestral parece ser definitivo em sua trajetória artística e, ainda no Brasil, Lina toma conhecimento do trabalho de Suely Brígido, o ritual da música e da dança do Aruanã, dos índios Karajás que dá origem a um novo projeto anos mais tarde. O espetáculo Aruanãzuz foi premiado pelo Stifung Kunstm und Kultur NRW (Instituto de Arte e Cultura de NRW) e estreou em 1999 em Düsseldorf.

Anos mais tarde, nos trajetos de idas e voltas entre Alemanha e Piauí, confrontada com os paradoxos violentos e a necessidade insustentável de romper essas barreiras culturais, a Serra da Capivara torna-se o hábitat do imaginário de Lina. Nasce assim a idéia de fazer um festival internacional de Artes. Em 2003, com a parceria da antropóloga Niéde Guidon, Elaine Ignácio, Cris Buco, dentre outros colaboradores, acontece o primeiro Festival INTERARTES, um ganho cultural histórico para o Piauí.

PRINCIPAIS TRABALHOS

»VIAJANTE DA LUZ (LICHTREISE)«, »FLAMME DES AUGENBLICKS (FLAMA DO INSTANTE)«, VICTORIA REGIA- A Fiction from Amazonas« (1990),  »VOODOO DO PLASTIK«(1992), »FUGITUS« (1994); »CAPIVARA« (1997),  »BODY IMAGENS«,  »ARUANÃZUG« (1999). Em 2002, nova versão de »ARUANÃZUG« com a Cia Alaya Dança, com a presença dos Indios Karajá no Teatro Nacional de Brasília-DF.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Piauienses em mundo sem fronteiras/Raimundo Nonato Monteiro de Santana; Organizador. - Teresina: FUNDAPI; 2005 268p.

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