Mercedes Baptista

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A primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, é considerada a principal precursora da dança afro-brasileira. Bailarina de formação erudita, e a partir da criação de seu grupo, no início da década de 1950, volta-se para o estudo dos movimentos ritualísticos do candomblé e das danças folclóricas. Suas criações coreográficas permanecem até hoje identificadas como repertório gestual da dança afro.

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Tabela de conteúdo

HISTÓRIA

Mercedes Ignácia da Silva Krieger, nasceu em 1921 no município de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro, filha de João Baptista Ribeiro e Maria Ignácia da Silva, uma família humilde que vivia do trabalho de sua mãe, que era costureira. Ainda jovem, mudou-se para a cidade do Rio, exercendo diversas atividades profissionais. Trabalhou em uma gráfica, em fábrica de chapéus e foi empregada doméstica. Trabalhou, também, em uma bilheteria de cinema, quando podia assistia aos filmes, neste período acalentava o sonho dos palcos. Mobilizada por realizar seu sonho, começou a dedicar-se a dança.


Mercedes Baptista foi iniciada no balé clássico e na dança folclórica, pela grande Eros Volúsia (bailarina que abrilhantou o Brasil através de suas coreografias inspiradas na cultura brasileira). Durante o Estado Novo a política cultural do ministro Gustavo Capanema valorizava a busca de uma arte brasileira. O Brasil se transformava: órgãos públicos eram especialmente criados para o fomento à cultura nacional, o Estado se aparelhava para intervir na cultura. Era o caso do Serviço Nacional do Teatro (SNT), criado expressamente para o fomento das artes cênicas nacionais e que também abrigava uma escola de dança dirigida por Eros, a primeira escola de dança freqüentada por Mercedes Baptista.


Na década de 1940 ingressou na Escola de Danças do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo a oportunidade de estudar com Maria Olenewa, Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek. No ano de 1947 torna-se a primeira mulher negra a ingressar como bailarina profissional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E Embora fizesse parte do corpo de Baile do Teatro, teve poucas chances de atuar, pois poucas vezes foi escalada para as apresentações. Em entrevistas e bibliografias sobre a artista, ela declara ter sofrido preconceito.


No mesmo período conhece Abdias do Nascimento e o Teatro Experimental do Negro¹, do que pretendia abrir espaço para o negro no teatro moderno, já que até então ele estivera relegado a papeis secundários, de empregados serviçais, ou de meros tipos populares, malandro, mulata faceira, baiana, etc, passando a acompanhar seus ideais. Mercedes participou de diversos eventos promovidos pelo TEN, sendo, em 1948, eleita a Rainha das Mulatas. No ano de 1950, tornou-se membro do Conselho de Mulheres Negras.


Em meados da década de 1950 foi escolhida pela coreógrafa, antropóloga e militante afro-americana Katherine Dunham para estudar dança nos Estados Unidos junto à sua companhia, Mercedes se licencia temporariamente do Teatro Municipal e viaja para Nova York onde passa aproximadamente um ano e meio, tendo aulas de dança moderna, danças do Haiti e participou do processo de luta pela valorização racial que era a especialidade de Katherine, além de lecionar balé clássico para o grupo de bailarinos.


De volta ao Brasil, no fim de 1951, no Rio de Janeiro, funda o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Grupo formado por bailarinos negros que desenvolviam pesquisas e divulgava a cultura negra e afro-brasileiras, introduzindo elementos afro na dança moderna brasileira. O grupo ganhou notoriedade e respeito, apresentaram-se na Europa e vários países da América do Sul.


Desbravadora, em 1963, junto aos carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, introduziu, a dança clássica no desfile da G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro, do Rio de Janeiro. Mercedes Baptista foi a coreógrafa da Comissão de Frente, que dançou o minueto, num cenário composto com a igreja da Candelária ao fundo. O Salgueiro ganhou o carnaval, com um desfile que se tornou referência, influenciando e mudando o rumo dos desfiles das escolas de samba, pois foi ela quem idealizou as apresentações das escolas com alas coreografadas. Essa novidade trouxe notoriedade pública e Mercedes ainda coreografou para cinema, televisão e teatro.


Ministrou diversos cursos fora do Brasil - Nova York e Califórnia. Influenciou a dança em outros países, mais também teve consistência e prestígio para introduzir na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a disciplina dança afro-brasileira.


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No ano de 2005 recebeu uma homenagem através da exposição “Mercedes Baptista: a criação da identidade negra na dança”, com curadoria de Paulo Melgaço e Jandira Lima. Em 2006 é lançado um documentário sobre sua trajetória, intitulado, Balé de Pé no Chão - A dança afro de Mercedes Baptista dirigido por Lílian Sola Santiago e Marianna Monteiro. E em desdobramento a exposição, foi lançado em 2007 o livro Mercedes Baptista: a criação da identidade negra na dança, de autoria de Paulo Melgaço, publicado pela Fundação Cultural Palmares.


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Também recebeu, em 2008 homenagem da G.R.E.S Acadêmicos do Cubango (grupo de acesso das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), sendo o tema do enredo, considerado um dos sambas mais bonitos daquele ano. No ano seguinte a G.R.E.S Vila Isabel, escolheu por tema o centenário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e por ser Mercedes Baptista uma figura emblemática da dança nacional e referência obrigatória no Teatro recebeu merecida homenagem.


Hoje aos 90 anos, é aposentada pelo Teatro Municipal, não leciona mais, e vive no Rio de Janeiro.


Além de ter sido uma excelente bailarina, seu principal legado é a valorização das culturas de matrizes africanas e a introdução de elementos da dança afro à dança moderna brasileira, e, sobretudo um exemplo de superação para os negros.


Nota:

¹ Teatro Negro Experimental, saber mais no endereço http://www.scielo.br/pdf/ea/v18n50/a19v1850.pdf



LIVROS RELACIONADOS

“Mercedes Baptista, A Criação da Identidade Negra na Dança”, de Paulo Melgaço Jr., 2007.


VÍDEOS RELACIONADOS

Balé de Pé no Chão - A dança afro de Mercedes Baptista - teaser disponível no endereço http://www.youtube.com/watch?v=CAlvZvBdO8s


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MELGAÇO, Paulo Jr. Mercedes Batista, A criação da Identidade Negra na Dança. Rio de Janeiro, Fundação Cultural Palmares, 2007. Disponível no endereço http://afro-latinos.palmares.gov.br/sites/000/2/publicacoes/mercedesbaptista.pdf


MONTEIRO, F. M. Marianna. Dança Afro: uma dança moderna brasileira, disponível no endereço http://www.cachuera.org.br/cachuerav02/images/stories/arquivos_pdf/artigomarianna.pdf


http://liliansantiago.blogspot.com/2009/10/bale-de-pe-no-chao-danca-afro-de.html

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