Ballet Klauss Vianna
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Breve Histórico
Angel vianna e Klauss Vianna fundaram sua primeira escola de dança, em Belo Horizonte, em meados da década de 1950, a Escola Klauss Vianna, com uma estrutura pedagógica diferenciada, complementada com disciplinas como a música e a ioga, além do conhecimento científico do movimento corporal adquirido pelo casal no curso de anatomia, que passaram a frequentar, informalmente, na Escola de Odontologia e Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Com discípulos desse escola, fundaram o Ballet Klauss Vianna (BKV), oficializado em 1959, fruto da necessidade em dar continuidade ao trabalho iniciado com Carlos Leite, no Ballet Minas Gerais.
Nessa época havia em Belo Horizonte duas companhias de dança: o Ballet de Minas Gerais, de Carlos Leite, pautado na formação e estética clássicos, e o Ballet Klauss Vianna, que seguia tendências de vanguarda. O BKV foi inicialmente inspirado pela dança clássica, porém preocupava-se em quebrar as fronteiras entre as artes e construir uma dança genuinamente brasileira.
Com o BKV, Angel e Klauss Vianna desenvolveram conceitos, tanto na área artística quanto educacional, que lançaram bases a toda uma grande construção do balé moderno naquela cidade (ALVARENGA: 2002, 118).
De acordo com FREIRE (2005: 53-54), “a partir desses conceitos vivenciados e desenvolvidos por Angel e Klauss, se deflagra o movimento contemporâneo em Minas Gerais, e mais tarde no Rio de Janeiro, tornando-os referências da construção da dança contemporânea brasileira”.
O BKV encerrou suas atividades no ano de 1963, quando o casal deixou Belo Horizonte para trabalhar na Escola de Dança da Universidade da Bahia – primeiro curso superior de dança criado no Brasil, em 1956 –, a convite de Rolf Gelewsky (1930-1988), na época diretor da Escola.
A Geração Complemento
De acordo com TAVARES (2009), a pluralidade reconhecida no projeto pioneiro da Escola Klauss Vianna, bem como da Escola e Faculdade Angel Vianna nos dias atuais, pode ser analisada se levarmos em conta a participação dos Vianna em um grupo batizado de Geração Complemento, cuja atmosfera intelectual e artística repercutiu ainda no Ballet Klauss Vianna.
A Geração Complemento reunia jovens artistas para o intercâmbio de idéias e divulgação das novidades do meio cultural desde meados da década de 1950 e tinha como elemento agregador a procura por uma expressão individual fundada na modernidade.
Imbuídos de espírito pioneiro, “eles se portavam como sonhadores de um futuro mais claro, filtrado por nossas lentes, e não mais contentes em manter o olhar passivo de um povo colonizado que assume a civilização européia como a forma certa e ideal de ser e estar (FREIRE: 2005, p.55).
Repertório
Caso do Vestido
Dentre as peças compostas no BKV, destaca-se a coreografia O Caso do Vestido, inspirada em poema homônimo do poeta Carlos Drummond de Andrade, considerada por TAVARES (2009) e ALVARENGA (2002) como uma obra de referência, um marco da pesquisa coreográfica brasileira. “Os recursos utilizados na coreografia destacam-se por uma ousadia e soluções incomuns na dança em Belo Horizonte, e mesmo no Brasil, chamando a atenção pela modernidade que apresentavam” (ALVARENGA: 2002, P. 142).
O Caso do Vestido, de Klauss Vianna, teve na verdade três versões. Na primeira (1955), quando ele ainda era integrante do Ballet Minas Gerais, a dança desenvolvia-se ao som de música original composta pelo maestro L. Torres e com cenário de Vicente de Abreu. Na segunda versão (1959), já com o BKV, cenário de Alfredo Muci e figurinos de Elys Baot, a música foi substituída por um coro, que narrava o poema de Drummond, de tal forma que as palavras sugeriam um ritmo para aquela dança. Na última versão (1960), o coro foi composto pelos alunos do Teatro Experimental, que narravam o poema de fora da cena, como uma orquestra de vozes, com cenários de Augusto Degois e figurinos de Wilma Martins.
“Foi quando, pela primeira vez, segundo a jornalista Amélia Carmem Machado, tivemos 'a associação de músico, cenógrafo, coreógrafo, cenarista e bailarinos genuinamente mineiros, tendo ainda a fonte de inspiração num poeta mineiro de Itabira'” (ALVARENGA: 2002, p. 127).
Dom Quixote
Ano: 1957
Coreografia: Klauss Vianna
Suíte Clássica
Ano: 1958
Coreografia: Klauss Vianna
Arlequim
Ano: 1959
Coreografia: Klauss Vianna
Arabela a Donzela e o Mito
Ano: 1959
Coreografia: Klauss Vianna
Apache
Ano: 1959
Coreografia: Angel e Klauss Vianna
A face Lívida
Ano: 1960
Coreografia: Angel e Klauss Vianna
Divertissiment
Ano: 1960
Coreografia: Klauss Vianna
Composição
Ano: 1960
Coreografia: Klauss Vianna
Concerto Barroco
Ano: 1960
Coreografia: Klauss Vianna
Neblina de Ouro
Ano: 1960
Coreografia: Klauss Vianna
Cobra Grande
Ano: 1961
Coreografia: Klauss Vianna
Variações
Ano: 1961
Coreografia: Angel Vianna
Suítes de Danças Antigas (séc. XV)
Ano: 1962
Coreografia: Angel e Klauss Vianna
Egmont
Ano: 1962
Coreografia: Klauss Vianna
Marília de Dirceu
Ano: 1962
Coreografia: Klauss Vianna
Bailarinos: Angel Vianna e Cemy Jambay
Ver Também
- Angel vianna
- Klauss Vianna
- Rainer Vianna
- Grupo Brincadeiras
- Grupo Teatro do Movimento
- Grupo Corpo Teatro do Movimento
Referências Bibliográficas
ALVARENGA, Arnaldo. Dança moderna e a educação da sensibilidade: Belo Horizonte (1959/1975). Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, UFMG, Belo Horizonte, 2002.
FREIRE, Ana Vitória. Angel Vianna – uma biografia da dança contemporânea. Rio de Janeiro: Dublin, 2005.
MILLER, Jussara. A escuta do corpo. São Paulo: Summus, 2007.
NEVES, Neide. O movimento como processo evolutivo gerador de comunicação técnica Klauss Vianna. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica) - Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.
RIBEIRO, Joana. Do Coreógrafo ao Diretor. São Paulo: Anablume. 2010.
TAVARES, Joana Ribeiro da Silva. Escola Angel Vianna – Uma escola “em movimento”. O Percevejo Online. Periódico do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas PPGAC/UNIRIO. Rio de Janeiro, 2009. Volume 1, Fascículo 2.
VIANNA, Klauss. A dança. São Paulo: Summus, 2005.