Cacuriá

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Autor: Massuel dos Reis Bernardi

O Cacuriá é uma das Danças Populares brasileiras de roda, animada por instrumentos de percussão, que surgiu nos festejos do Divino Espírito Santo no Maranhão no início da década de 1970. O Cacuriá agrega vários outros ritmos e festas da região como A Dança do Carimbó, o Bumba meu boi, os ritmos das caixas da Festa do Divino Espírito Santo e as festividades juninas. Esta dança típica representa parte do folclore da região do Maranhão, aparece durante a Festa do Divino Espírito Santo na tradição junina.


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Tabela de conteúdo

História

O Cacuriá surgiu do final da Festa do Divino Espírito Santo, após a chamada derrubada do mastro, as caixeiras e os festeiros, aproveitavam para nesse momento se divertirem, já que nos dias da festa não era possível. Tocavam e dançavam o carimbó de caixas, ou ainda o baile de caixas, de forma sensual, mas sem ser vulgar. A partir desse baile, nasce o Cacuriá, trazido a São Luís por Seu Lauro, folclorista e morador do bairro da Vila Ivar Saldanha.

Ele, o senhor Alauriano Campos de Almeida (1017-1993), festeiro do Divino e organizador de brincadeiras como Bumba meu boi e Baião Cruzado que, ao final dos festejos do Divino, levava para a praça pública uma suíte de brincadeiras as quais deu o nome de Cacuriá. Essa brincadeira ganha espaço nos festejos de toda a capital São Luís e no interior maranhense sendo popularizada principalmente por Almerice da Silva Santos (1924), conhecida como Dona Teté. Caixeira, lavadeira e rezadeira, montou um Cacuriá com o apoio do Laborarte, que ficou muito conhecido por Cacuriá de Dona Teté. Ela cria em 1986, o grupo que hoje é conhecido em todo o país, o “Cacuriá de Dona Teté” que vem difundindo a dança desde então.

Após essa fase o Cacuriá assume e realça sua dança sensual.


Entre o Cacuriá e o Carimbó

Depois da derrubada do mastro que acontece ao final da Festa do Divino as caixeiras de carimbó descansam ao passar à porção profana dos festejos, no Cacuriá. O conjunto de vozes é composto por versos respondidos de maneira improvisada por coro de brincantes. A Dança do Carimbó maranhense representa ritmo típico do evento.

Nos seus primeiros dias folclóricos a dança era praticada apenas com caixas. Aos poucos, com o reconhecimento e popularidade entre o público, novos instrumentos foram adicionados para o arranjo musical, caso das flautas, clarinetes, violões e banjo.

Dona Teté do Cacuriá representa principal símbolo do movimento folclórico. Por vezes a percussionista natural do Maranhão é citada por introduzir novos instrumentos no sentido de enriquecer os traços musicais do gênero.

A história aponta que a dança foi desenvolvida na segunda metade do século XX, no interior do Maranhão. De modo rápido conquistou sucesso na capital! O carimbó de caixa, instrumento que serve para batucar, consiste no instrumento fundamental do Cacuriá.


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A Música

No acompanhamento geral há instrumentos de percussão conhecidos como “Caixas do Divino”. Esses pequenos tambores feitos geralmente com couro de boi, acompanham a dança, animada por um cantador ou cantadora, cujos versos de improviso são respondidos por um coro formado pelos brincantes.

O repertório de músicas, em geral, é composto pelos próprios Grupos.

As músicas curtas fazem parte das danças. Existe uma pessoa que introduz as ladainhas, ela é seguida pelos demais participantes que dançam e respondem o coro no compasso.

Indumentária

As mulheres dançam com blusas geralmente curtas e saias rodadas compridas e coloridas.Elas geralmente adornam o cabelo com flores ou em outras partes do corpo. Já os homens geralmente usam colete sem camisa por baixo e calças curtas, ou por vezes blusas e calças bordadas. A roupa masculina sempre acompanha a estampa da roupa feminina. Damas e cavalheiros devem dançar com os pés descalços.


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A Dança

Pares compostos em rodas fazem parte do elemento básico da dança onde há composição de um círculo, denominado “cordão”.

Sob forte característica sensual dos movimentos, o Cacuriá é dançado com passos marcados, e os dançarinos se utilizam principalmente do rebolado do quadril, improviso e muita interação com o público.

Um casal por vez sai do círculo central e abana com a mão.

Na sequência a dança acontece em separado, embora a dupla chegue a se tocar apenas com o abano no momento do punga, quando retorna ao cordão circular para conceder a vez de outro par brilhar.

Os casais possuem as mais variadas idades, desde jovens até pessoas com 75 anos de idade. Ao passo que a dança se desenvolve as caixeiras cantam as toadas (tipo de letra característica para o canto) de forma improvisada, sem dúvida um desafio encarado por poucos.

O Cacuriá é considerado mistura de marcha, valsa e samba.

Exige excesso de esforço físico. Por esse motivo as partes não duram mais do que trinta minutos.

A dança coreografada, é repleta de simbolismos, e cada passo da dupla transmite a manifestação da cultura, crenças e costumes do povo. Os elementos da natureza fazem parte da maioria das músicas. As composições também brincam com as crenças, brincadeiras antigas e demais anseios em forma popular.


Não se pode ignorar a importância do Cacuriá em preservar as tradições culturais e os conhecimentos populares, dois elementos que fizeram o gênero crescer em principal na região nordestina do Brasil.

O Cacuriá, além de ser muito divertido e de ter um inegável valor cultural, possibilita um interessante trabalho de cuidado com o corpo do outro, pois nele, o toque é parte fundamental e indispensável da brincadeira.

Como recursos atrativos se utilizam do riso e da sensualidade para colocar o público dentro da dança. O rebolado e requebrado do corpo, o contato corporal com o parceiro da dança, o riso e o olhar entre os dançantes e espectadores tornam essa dança provocante e excitante. O prazer relacionado à prática do Cacuriá se reflete na expressão corporal e facial que é o elo direto com todos que participam e assistem.


Grupo Cacuriá de Filha Herdeira de Brasília

Grupo que foi fundado em São Luís do Maranhão no mês de maio de 1993, na cidade de Sobradinho, por Seu Laurindo, Dona Florinda e Dona Elisene de Fátima, três personalidades musicais conhecidas como pioneiras do gênero musical.

Especialistas apontam que o respectivo grupo é singular representante do Cacuriá na região de Brasília. Tem características de manter a verdadeira tradição não apenas nos passos da dança como também de instrumentos e indumentárias.

Por doze anos o Centro de Tradições de Sobradinho foi sede principal do Cacuriá na região de Brasília. Na atualidade tem espaço próprio e conta com dezenas de integrantes.


Cacuriá na Festa do Divino Espírito Santo

A Festa do Divino Espírito Santo está relacionada de forma direta com o Cacuriá. De fato o evento é considerado como principal atração turística e núcleo de manifestações culturais na região do Maranhão. A festa acontece sete dias após a Páscoa, no dia de Pentecostes. Tem objetivo de celebrar o dia em que Jesus renasceu no sentido de reencontrar os doze apóstolos.

Apesar da tradição cristã a grande parte das pessoas presentes na peça não é apostólica romana praticante. Dentro das celebrações existem influências de outras religiões, em principal àquelas com origem da África. Logo após o carimbó, o Cacuriá é a dança mais profana do evento!


O Cacuriá e o Folclore

Na região de Brasília existe um grupo de pessoas que trabalha para recolher documentos que comprovam os verdadeiros criadores, assim como herdeiros e representantes oficiais. O objetivo da pesquisa foi recuperar conjuntos de materiais suficientes para solicitar o tombamento e reconhecimento oficial da manifestação cultural de origem brasileira.

Em outubro de 1975 o Departamento de Turismo do Maranhão catalogou o Cacuriá como manifestação folclórica típica da região. Talvez tenha sido o último estilo musical criado em terras maranhenses no século XX.

De acordo com publicação do jornal “A Gazeta”, em 14 de outubro do mesmo ano, o criador do gênero musical foi Alauriano Campos de Almeida, popular Lauro.

Os batuques retratam as peculiaridades dos ritmos da Festa do Divino. As partes dançantes executam passos engraçados, formados no cordão circular em todas as caixeiras e pares.

Seu Lauro aponta que não existe segredo para fazer folclore, basta realizar alguma atividade diferente que serve para divertir o povo. De fato, a ajuda oferecida por órgão público na época não trouxe compensações inclusive em apoiar a confecção das fantasias, o que representou uma pedra no caminho para a evolução do movimento folclórico.

Interessante notar que no ano do reconhecimento do Cacuriá (1975) como manifestação folclórica não aconteceu a tradicional Festa do Divino. Mas atualmente o evento representa um dos grandes polos econômicos da região.


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Referências

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: 1954.

Jornal “A GAZETA” de 14 de outubro de 1975.

http://enap2010.files.wordpress.com/2010/03/rita_cassia_cruz.pdf junho/2013

http://www.enapet2012.ufma.br/index.php/programacao/festa junho/2013

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19247 junho/2013

http://www.culturamix.com/cultura/cacuria-danca-e-folclore junho/2013

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