E por falar em dança... Programa 02 - 04/08/2009

De Wikidanca

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O “E por falar em Dança...” de 04 de agosto de 2009 rendeu homenagem a Pina Bausch, coreógrafa alemã que faleceu no dia 30 de junho de 2009, deixando uma enorme lacuna no mundo das artes cênicas.


Depois que no ano de 1973, Pina Bausch assumiu a direção do Tanztheater Wuppertal, a dança e o teatro nunca mais foram os mesmos. Bausch inaugurou não apenas uma nova cena em que o movimento, a fala, os objetos se integram numa única experiência poética, mas também inaugurou um método de coreografar. O material que se transformou em dança ao longo de mais de 30 anos de lindas criações sempre era levantado a partir de perguntas que fazia a seus bailarinos. Em vários momentos de sua vida afirmou que o a interessava era o ser humano. Seu foco não era modo como as pessoas se moviam, mas aquilo que as movia. Não foi à toa que o cinema também namorou a arte de Pina Bausch: Felini, Almodóvar e atualmente Wim Wenders se interessaram pelo fluxo de belas e contundentes imagens da dança dessa genial criadora que nos deixou.


Entrevista: Thereza Rocha

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Hoje a nossa entrevistada é a pesquisadora e diretora Thereza Rocha, que prepara um espetáculo inspirado na obra Café Müller, de Pina Bausch.


Silvia Soter:

Thereza, qual o maior legado que deixa Pina Bausch?


Thereza Rocha:

Ela deixa uma lacuna de legado, mas além da lacuna, dada a importância que ela tem, a referência que ela é para todos nós, eu acho que ela deixa um legado especial no que toca a pesquisa de movimento e a invenção de movimento, que eu acho que é um traço bastante marcante do trabalho dela e que ela deixa pra gente como uma possibilidade da dança, que ainda há muitos caminhos a inventar a partir disso, crio eu.


Silvia Soter:

E de que modo você percebe as marcas da Pina, ao longo desses anos, na dança brasileira?


Thereza Rocha:

De dois modos: eu acho que ela influencia bastante um primeiro movimento de dança contemporânea muito forte que acontece no Brasil, na década de 90 sobretudo. Já na década de 80 a gente começa a sentir os primeiros ecos, mas sobretudo na década de 90. Sinto isso sobretudo no que diz respeito à possibilidade da invenção de uma linguagem de movimento a partir da pesquisa de cada coreógrafo. E isso é uma influência que ela exerce muito grande e que não seria uma influência, uma leitura direta da influência do tipo de movimento da Pina Bausch ou dela mesma nos criadores, mas sim a inspiração, cada um deles poder desenvolver a sua própria linguagem coreográfica, o seu próprio vocabulário a partir de uma pesquisa de movimento muito genuína e muito dedicada que marcou muito o movimento de dança contemporânea na década de 90, que fez história no Brasil todo, tendo a cidade do Rio de Janeiro muito forte como um pólo centralizador e produtor de muita boa dança.


Silvia Soter:

E Thereza, você está preparando um espetáculo que se baseia ou inspirado na obra Café Müller, uma peça de 1978 da Pina. Por que escolher o Café Müller?


Thereza Rocha:

Tem vários motivos: isso que a gente chama corretamente de espetáculo, ele vai se configurar como uma linguagem um pouco híbrida que a gente costuma, pode chamar, de conferência dançada. Eu vou estar em cena junto com duas grandes amigas.


Silvia Soter:

Você dirige, escreve o espetáculo?


Thereza Rocha:

Eu dirijo o espetáculo, escrevo a dramaturgia dele. A dramaturgia dele combina trechos, então, que a gente poderia dizer que se aproximam mais do que seria uma conferência com a releitura de trechos dessa obra de 78 da Pina, chamada Café Müller. O espetáculo que futuramente vai ter estreia em 2010, em março de 2010, ele tem o nome de Três Mulheres e Um Café.


Silvia Soter:

Quem são as outras duas mulheres?


Thereza Rocha:

São duas grandes amigas e duas grandes criadoras nessa história recente da dança contemporânea, que é a Maria Alice Poppe, que é bailarina, e a Márcia Rubin, que é bailarina e coreógrafa. Então nós três vamos, num trabalho de colaboração. Essa reunião não é gratuita. Nós três nos reunimos muito em torno do trabalho da Pina, no modo como ele foi formador um pouco no modo do nosso olhar e dos nossos afetos em dança. Então isso também é um reencontro nosso, que já trabalhamos juntas há algum tempo atrás, e agora também é um reencontro de afetos tendo esse café como mote e como lugar, digamos assim, de encontro da gente.


Momento Solo

Essa semana a gente vai pensar em descansar os olhos. Muitas horas diante do computador, dirigindo, prestando atenção, os olhos também se cansam. Você vai escolher um momento de pausa, você pode estar inclusive sentado diante do monitor e vai fechar seus olhos. Com as mãos você vai fazer conchas, com as palmas das mãos, e vai cobrir seus olhos um pouquinho e vai descansar. Devagarzinho você vai passar seus olhos de um lado para o outro, como você quisesse olhar direita e esquerda, mas com os olhos fechados. Fique assim alguns minutos, preste atenção na sua respiração. Tire as mãos. Devagar, abra as pálpebras e volte ao trabalho.


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--Gabriel Lima 14h32min de 5 de agosto de 2013 (BRT)

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