Rosa Coimbra
De Wikidanca
Tabela de conteúdo |
A artista
Nascida em Belém do Pára, Rosa Coimbra, chegou à dança por acaso em um dia em que participando de uma competição de Ginástica Rítmica Desportiva foi vista por Eni Corrêa, que fazia parte daquela banca. Eni viu o potencial daquela garota e a convidou para fazer um teste de seleção e assim fazer aulas de dança no Centro de Atividades Artísticas da Universidade Federal do Pará. Foi aí onde Rosa Coimbra iniciou-se de verdade na dança e dela não mais se distanciou. Foi bailarina do Grupo Coreográfico da Universidade Federal do Pará por cinco anos (1970 a 1975), quando começou a atuar na própria Universidade como professora de dança moderna (1975/1976) e anos depois, ao vir para Brasília, sua atuação na área só vem aumentando.
Estudou dança clássica, jazz, moderno, alongamento e flexibilidade, psicomotricidade e contemporâneo com alguns dos mais renomados profissionais: Clariise Abumjanra, Constanze Legler, Gus Giordano, Jeanne Ruddy, Jonas Dalbecchi, Lydia Del Pichchia, Márcia Barros, Márika Gidalli, Marli Tavares, Paulo Roberto G. Lima, Regina Sauer, Ricardo Ordonez, Victor Navarro e Vilma Vernon, por exemplo.
Como herança trouxe de seus estudos com Eni Corrêa a prontidão, um quê de dramaturgia em suas obras coreográficas e o gosto por relação próxima entre intérprete e seu diretor, coreógrafo ou professor. Rosa Coimbra concentra-se na dança moderna embebida de dramaturgia nos primeiros anos de sua atuação profissional. Optou em se dedicar à dança moderna e posteriormente à contemporânea.
Ao chegar em Brasília, em 1978, Rosa Coimbra começa seu trabalho em terreno candango. Em 1984, abre a Academia Stillo e cria o Grupo Stillo, em 1985. Com sua base estabelecida na técnica moderna, Rosa Coimbra começa aos poucos dar uma atenção especial à dramaturgia de suas construções coreográficas. Esse processo a levará a aproximar-se cada vez mais da dança contemporânea e a transformação de sua maneira de compor poderá ser observada ao acompanhar a evolução das obras coreográficas do Grupo Stillo.
O grupo encerrou suas atividades ao final de 1999, quando Rosa Coimbra assumiu o cargo de 1ª Conselheira no Conselho de Cultura representando a área de Dança (2000/2002). Deixando grandes contribuições para a dança através de suas obras e de seus artistas que após o término do Grupo seguiram diferentes caminhos. Dentre os que permaneceram artisticamente ativos destacam-se, por exemplo: Beneto Luna e Christiane Lapa (hoje na Cia Alaya Dança) e Selma Trindade.
Obras
Grupo Stillo
Oficina de Bonecos(1985); Nosso Tempo, Nossa Terra(1986); Recordações (1987); Fragmentos (1988); Luzes da Vida (1989); Urbanos (1990); Conatus (1991); Limitações (1991); Joana D'Arc (1992); Memórias (1993); Bufões (1994); Nada Mais (1995); Três Trilhas (1996).
Premiações
Prêmio Fiat (1989) - por “Luzes da Vida”;
Concurso Nacional de Dança, RJ, (1991) - realizado pelo Conselho Conselho Brasileiro da Dança -CBDD, por Limitações
Mostra de Novos Coreógrafos, RJ (1991/1992); por Limitações
Prêmio APAC (1992) - por Joana D'Arc - melhor espetáculo, melhor coreografia, melhor bailarina e melhor iluminação;
Prêmio Applause (1992)- por Joana D'Arc melhor espetáculo e melhor iluminação;
Festival Coreógrafo Nota 10 (1993, RJ) por Limitações;
Festival Nacional de Teatro e Dança (PB, 1995) por Bufões; ;
Festival Nacional de Artes (PB, 1995) por Bufões;
Prêmio Classe Arte (DF-1995) por Nada Mais;
Prêmio Aluisio Batata (DF-1997) por Três Trilhas;
Prêmio Arte por Toda a Parte (DF-1999), com Cotidiano;
Prêmio Funarte Petrobrás de Fomento à Dança (2005), por Mesmo a distância... eu ainda quero falar, entre outros.
Outras Direções e Coreografias
Suas obras acabaram se destacando pela visível diversidade e forte dramaturgia com quais eram construídas. Sua experiência com os desafios e surpresas vividos no Grupo Coreográfico com Eni Corrêa, sua experiência de vida e artística, juntos com o conhecimento sobre piano, que estudou por 17 anos fez com que Rosa Coimbra conseguisse transitar pelas diversas linguagens sendo convidada a coreografar e dirigir não só outros grupos e artistas de Dança, mas também grupos de música e teatro, em suas mais distintas estéticas.
Ponte para o Invisível (1988), de Ricardo Movits;
Letícia (1989), de Francisco Quaresma;
Brujerias (1990), de Itamar Barros;
A Turma do Beco (1991), de Gustavo Pacheco;
Celebração da Vida (1991), de Fernanda Pelosi;
Réquiem (1998), de Mozart, coreógrafa convidada pelo Grupo Arte Maior;
Esse Homem, uma reflexão de vida (1998), da Cia. de Dança Deles;
Cotidiano (1999), quando foi contemplada no Projeto “Arte Por Toda a Parte”, levou o espetáculo à diversas cidades satélites do DF;
A Cor das Cordas (1999), no projeto “Sons Visuais” da Caixa Econômica Federal, direção cênica e coreografia do espetáculo. Direção musical de Flávio Fonseca;
Máscaras (2001) e Primata, (2001 e 2002), da Cia Alaya Dança, atuando como ensaiadora, assistente de direção e de coreografia à convite de Lenora Lobo;
No período de 2001 a 2010 presta consultoria para o SESI (Serviço Social da Indústria) no Concurso Regional de Quadrilhas e na Mostra Nacional;
Senhora de Nazaré (2002), para a cia Alaya Dança, à convite de Lenora Lobo, criação e direção da obra que foi construída baseando-se em uma das mais conhecidas procissões brasileiras, o Círio de Nazaré, em Belém do Pará;
Coordenou e dirigiu o Projeto Entorno da Dança (2004), do Instituto Asas e Eixos, oferecendo oficinas gratuitas de dança, cenário/figurino, percussão e iluminação à 185 alunos da Rede Pública de Ensino do DF, na cidade de Taguatinga;
Pandora (2004) - Direção do espetáculo que contava com Mônica Berardinelli e coreografias de Yara de Cunto, Norma Líllia e Regina Maura;
Cantata cênica Catulli Carmina (2005), de Carl Orff, com o Madrigal de Brasília - assume a direção cênica da cantata, que teve a direção musical do maestro Éder Camúzis;
Gala (2005), de Mônica Berardinelli - coordenação de cena;
Em 2004 inicia uma parceria com Susi Martinelli - pesquisa de caráter investigativo de processos de criação de dança contemporânea, que resultou na criação da Trilogia Eu ainda quero falar...; Mesmo a distância... eu ainda quero falar e Agora eu quero ouvir;
Em Eu ainda quero falar... a pesquisa se propõe a investigar o processo de criação de espetáculos em versões a partir de um mesmo roteiro. Estreou em 2005 e teve como resultados posteriores solos, duo, trio e quarteto que se apresentaram separadamente ou simultaneamente em diversas localidades com diferentes intérpretes até 2009;
Em seguida, Mesmo à distância, eu ainda quero falar... (2005 - 2006) com o qual foram contempladas com Prêmio Funarte Petrobrás de Fomento à Dança. A proposta deste espetáculo segue um processo diferenciado de pesquisa pois vale-se de novas tecnologias de Educaçâo à Distância para mediar a construção coreográfica. O espetáculo estreou em 2006 na cidade de Brasília com duas versões e mais duas em Votorantim/SP;
Em 2006 foi contemplada com o Projeto Residência Funarte para a utilização/ocupação da Sala de Dança Klauss Vianna, anexo ao Teatro Funarte Plínio Marcos;
A dança ao longo da história (2006), de Susi Martinelli - Rosa Coimbra assume direção do espetáculo. Também ministrou a oficina “Apreciação Estética em Dança
Em 2009 as duas pesquisas (de versões e da criação à distância), estrearam em Lisboa (Portugal), com intérpretes de Lisboa (Portugal) e de Piracicaba (SP).
Foi responsável pelas coreografias das duas apresentações vencedoras, pelo Madrigal de Brasília com direção musical do maestro Éder Camúzis, no 58º Concorso Polifonico Internazionale Guido d”Arezzo em 2010, na Itália, na categoria música popular/folclórica.
O terceiro trabalho da trilogia intitulado "Agora eu quero ouvir... ", está em construção com um intérprete residente na Alemanha e tem o intuito de aprofundar a pesquisa partindo da pausa para a escuta e ampliando a capacidade de intervenção;
Sempre ativa e envolvida com a dança e seus movimentos, Rosa Coimbra já foi coordenadora de Bancas de Capacitação Profissional de Dança do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do DF (SATED-DF), no período de 1987 à 1994, dentre outras bancas examinadoras das quais participou ou foi responsável.
Atuação Política
Além disso, seu comprometimento com a dança não se reduz à atuação artística, mas abrange sua participação com a política e educação direcionada à Área ou que de alguma forma a envolva. Assim já participava ativamente como representante da comunidade na área de dança em inúmeras comissões de análise, estudo e implantação como nos casos da Proposta Pedagógica da Escola Profissional de Dança de Brasília” e do “Projeto de Criação e Instalação do Centro de Dança do DF”.
Seu papel e representatividade tem ficado cada vez maior e consistente, haja vistas que Rosa Coimbra não representa apenas a comunidade e sim a própria área de Dança em fóruns e outros âmbitos de discussão e decisão que a envolva e/ou afete seus profissionais.
Dentre as principais questões nas quais a participação de Rosa Coimbra foi essencial , até mesmo decisiva, destacam-se:.
1986 – 1991 Foi Diretora Fundadora da 1ª Associação de Dança do Distrito Federal.
2000 - 2002 Atuou como 1ª.conselheira no Conselho de Cultura do Distrito Federal representando a área de dança, conseguindo um percentual específico para a área, o que antes não existia.
2000 - 2007 Fundou informalmente o Fórum de Dança do DF- FDDF, atuando como sua representante neste período. Em 2000 articula-se nacionalmente com os profissionais da área contra as ingerências do Conselho Federal de Educação Física. Permaneceu na direção do FDDF até janeiro de 2007. Posteriormente o FDDF se institucionalizou e atua também no Entorno do DF.
2001 - 2004 Foi eleita Diretora Executiva do Instituto Asas e Eixos e reeleita para o biênio 2004/2005.
2000 - 2003 Integrou a Comissão Executiva do Fórum Nacional de Dança, associação não institucionalizada, permanecendo em sua direção por três anos, até que em 2003 o Fórum foi constituído formalmente.
2003- Foi eleita para a primeira diretoria do Fórum Nacional de Dança e reeleita para os triênios 2005/2008, 2008/2011 e 2011/2014.
2005 - 2007 Eleita pelo Fórum de Dança do DF como representante do Distrito Federal na Câmara Setorial de Dança da Funarte/MinC.
2007 - 2009 Foi membro titular do Conselho Consultivo da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura da Câmara dos Deputados.
2007 - 2010 Nomeada Assessora na Secretaria de Cultura do Distrito Federal torna-se responsável pelo Centro de Dança do DF, que até então era somente um anexo, sem de fato existir no organograma da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e que se encontrava irregular a mais de uma década. Na coordenação do Centro de Dança assume a luta por sua legalização, conseguindo em maio de 2010 torná-lo uma Diretoria como os demais equipamentos daquela Secretaria.
2008 - 2009 Eleita na Câmara Setorial de Dança como representante da área (membro suplente) para o Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) do Ministério da Cultura. Nesse mesmo ano foi eleita como representante do Centro-Oeste para o Colegiado Setorial de Dança MinC/CNPC(2008/2011).
2008 - 2010 Assume a Presidência do Conselho de Cultural do Distrito Federal.
Foi Secretária Adjunta da Secretaria de Cultura do Distrito Federal (2010), Membro Titular do Conselho de Cultural do Distrito Federal (mandato 2010) e foi eleita representante titular da área de Dança no Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC/Ministério da Cultura (2010/2012). No CNPC foi eleita membro titular da Comissão Temática do Sistema Nacional de Cultura.
Contribuições Outras
Como se já não fosse o suficiente o legado deixado em seus trabalhos artísticos, nas discussões e toda a ação política que Rosa Coimbra tem assumido em benefício dos profissíonais da Dança e da Dança em si, outras contribuições merecem um destaque especial:
Com sua participação ativa na Secretaria de Cultura do DF, lutou e conseguiu pela primeira vez que a lista tríplice sugerida pela sociedade civil de todas as áreas artísticas representadas no Conselho de Cultura do DF, fosse respeitada (2008 a 2010).
Por sua ação junto aos órgãos responsáveis, Rosa Coimbra foi uma das articuladoras para que a EMENDA À LEI ORGÂNICA do Distrito Federal Nº 52, de 2008, fosse assinada, fazendo com que no mínimo, 0,3% da Receita Corrente Líquida do Governo do Distrito Federal seja repassado anualmente para o Fundo de Apoio à Cultura (FAC). A Lei do FAC saiu graças à mobilização de várias pessoas, mas em especial de Rosa Coimbra, que conseguiu inclusive que esta Lei fosse assinasse no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, no Dia Internacional da Dança (29 de abril).
Como Secretária Adjunta da Secretaria de Cultura do DF, foi responsável, em 2010, pela parceria com o Instituto Federal de Brasília que resultou na implantação do 1º Curso de Licenciatura em Dança no DF no Centro de Dança.
No dia 07 de maio de 2011, conseguiu a aprovação e assinatura do apelidado "Decretão", que além de legalizar o Centro de Dança do DF, corrigia alguns erros com relação às diferenciações de cargos e funções para servidores da Secretaria de Cultura do DF.
Homenagens
Homenagem da Associação de Dança do Distrito Federal, 1989;
Ordem do Mérito Cultural do Distrito Federal, em 2001;
Homenagem do Ballet Norma Líllia Biavaty em 2004;
Homenagem do Stúdio de Dança Regina Maura em 2005;
Homenagem do Fórum de Dança do DF e Entorno em 2008 e 2009;
Homenagem pelo Incentivo à Cultura pela Associação Nacional de Dança de Salão em 2008;
Homenagem do I Festival de Dança de Salão do DF e Entorno em 2008;
Homenagem do Taguatinga Dança 10 anos em 2009;
Outorga do Diploma de Mérito Artístico e Cultural do Clube dos Pioneiros de Brasília e da Academia Brasileira de Arte Cultura e História em 2009;
Homenagem do Madrigal de Brasília, direção do maestro Éder Camúzis, em 2010.
REFERÊNCIAS
Consulta a arquivo, memorial/currículo pessoal de Rosa Coimbra, em 24 de outubro de 2011.
COIMBRA, Rosa. A dança escrita no fazer: múltiplas visões da dança no Distrito Federal. In: NORA, S.(Org.). Húmus 4. Caxias do Sul: Lorigraf, 2011.
De CUNTO, Yara e MARTINELLI, Susi. A História que se Dança: 45 anos do movimento da Dança em Brasília. Concepção e Organização: Yara De Cunto, Texto: Susi Martinelli. 2005.
Agradecimento à Rosa Coimbra que gentilmente disponibilizou informações de seu arquivo pessoal,bem como as imagens ilustrativas para elaboração deste verbete.