Escola Klauss Vianna

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Edição de 19h19min de 1 de novembro de 2011

Angel vianna e Klauss Vianna criaram, em meados da década de 1950, a Escola Klauss Vianna, uma das primeiras escolas de dança de Belo Horizonte, que funcionou até o ano de 1963. Eles lecionavam aulas de balé clássico com uma estrutura pedagógica diferenciada e complementada com disciplinas como a música e a ioga. “Esta última possibilitou a utilização de apoios inusitados do corpo no chão, distintos daqueles trabalhados até então no balé clássico, que privilegiava a postura ereta” (TAVARES: 2009, p.2)


As aulas de dança eram enriquecidas pelo conhecimento científico do movimento corporal adquirido pelo casal no curso de anatomia, que passaram a frequentar informalmente, na Escola de Odontologia e Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Nas aulas de Angel Vianna começaram a aparecer pessoas com algum tipo de deficiência, que foram recebidas e acolhidas por ela para o aprendizado em dança juntamente com as pessoas ditas normais. “Angel parece ter iniciado a política de inclusão no campo da dança bem antes das políticas atuais estarem tentando realizá-la no campo da educação e do trabalho” (FREIRE: 2005, p. 93).


 Ainda em Belo Horizonte surgiram pessoas com problemas os mais variados. Desde o comecinho meu trabalho possuía uma conotação 
terapêutica, o que era bastante inusitado na época. Não sei exatamente porque tais pessoas me procuravam, só sei que através da dança 
e de uma maneira bem peculiar de abordar e tratar o ser humano fui descobrindo os imensos potenciais terapêuticos do movimento. O 
resultado desde o começo era excelente. Através da dança descobri que tais pessoas aprendem a conviver melhor com a própria vida, 
dando assim maior qualidade a sua movimentação pelo mundo (LIMA apud POLO: 2005, p. 17). 


De acordo com TAVARES (2009), a pluralidade reconhecida no projeto pioneiro da Escola Klauss Vianna, bem como da Escola e Faculdade Angel Vianna nos dias atuais, pode ser analisada se levarmos em conta a participação dos Vianna em um grupo batizado de Geração Complemento.

Tabela de conteúdo

A Geração Complemento

Para Angel Vianna, a Geração Complemento era como uma irmandade artística, na qual se conseguia uma “troca verdadeira” com pessoas de várias áreas. Faziam parte desse grupo, além de Angel e Klauss Vianna, o maestro Isaac Karabtchevsk e a soprano Maria Lúcia Godoy; os escritores Ivan Ângelo, Fernando Gabeira, Silviano Santiago e Henfil; no teatro, Carlos Kroeber, Jonas Bloch e Jota Dangelo; o crítico de arte Frederico Moraes; na área de crítica de cinema, Jacques do Prado Brandão, Cyro Siqueira e Maurício Gomes Leite; dentre outros.


De acordo com ALVARENGA (2002), a Geração Complemento segue um percurso semelhante ao dos modernistas de 1922, que, após a Semana de Arte Moderna, buscam as referências no passado nacional, “por intermédio dos ricos mananciais da cultura regional”. Um modernismo que, paradoxalmente, procura aliar passado e presente, recuperando no passado referenciais locais e estímulos para criações originais.


Complemento foi também o nome da revista literária criada pelos intelectuais vanguardistas da época, cujo nome foi retirado do poema Galo galo de Ferreira Gullar: “Grito, fruto obscuro/ e extremo dessa árvore: galo./ Mas que, fora dele,/ é mero complemento de auroras”. A revista funcionava como os suplementos literários e substituiu as precedentes Edifício e Vocação. “Com relação às anteriores, a geração Complemento se distinguiu pela interdisciplinaridade, com cada participante 'dentro da sua profissão, dando incentivo ao outro'” (TAVARES: 2009, p.2).


Ballet Klauss Vianna

Essa atmosfera intelectual e artística repercutiu ainda na companhia de dança Ballet Klauss Vianna, oficializada em 1959. Essa companhia, fundado inicialmente com discípulos daquela primeira escola, foi fruto da necessidade em dar continuidade ao trabalho iniciado com Carlos Leite, no Ballet Minas Gerais.


A Universidade Federal da Bahia

Rolf Gelewsky (1930-1988), na época diretor do curso superior de dança da Universidade Federal da Bahia, havia conhecido o casal em Curitiba, no Primeiro Encontro de Escolas de Dança do Brasil, e se encantou com o projeto pedagógico e coreográfico dos Vianna desenvolvidos na Escola Klauss Vianna e no Ballet Klauss Vianna. Por esse motivo, em 1963, convidou Angel e Klauss para trabalharem na Escola de Dança do primeiro curso superior de dança criado no Brasil em 1956.

A estadia de dois anos em Salvador enriqueceu o conhecimento em disciplinas como música e anatomia, além proporcionar contacto 
com a capoeira, o ritual do candomblé e o sistema Laban. Quando volta da Bahia, o casal se instala no Rio de Janeiro, retomando seu 
próprio projeto pedagógico.(TAVARES: 2009, p.3)


Ver Também


Referências Bibliográficas

FREIRE, Ana Vitória. Angel Vianna – uma biografia da dança contemporânea. Rio de Janeiro: Dublin, 2005.

POLO, Juliana. Angel Vianna através da história – a trajetória da dança da vida. Oitavo Programa de Bolsas RioArte: Rio de Janeiro, 2005.

TAVARES, Joana Ribeiro da Silva. Escola Angel Vianna – Uma escola “em movimento”. O Percevejo Online. Periódico do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas PPGAC/UNIRIO. Rio de Janeiro, 2009. Volume 1, Fascículo 2.

VIANNA, Klauss. A dança. São Paulo: Summus, 2005.

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