Maria Baderna

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Marietta (que no Brasil também era chamada de Maria) Baderna nasceu em Castel San Giovanni ou Piacenza, Itália em 1828. Desde cedo mostrou inclinação para a dança, estudando com um reconhecido mestre da época, Carlo Blasis. Bonita e talentosa, já aos 15 anos era saudada como uma das revelações mais promissoras em Milão, sede do Scala, um dos teatros líricos mais importantes do mundo.  
Marietta (que no Brasil também era chamada de Maria) Baderna nasceu em Castel San Giovanni ou Piacenza, Itália em 1828. Desde cedo mostrou inclinação para a dança, estudando com um reconhecido mestre da época, Carlo Blasis. Bonita e talentosa, já aos 15 anos era saudada como uma das revelações mais promissoras em Milão, sede do Scala, um dos teatros líricos mais importantes do mundo.  
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Depois de uma temporada de grande sucesso na Inglaterra, em 1847, voltou à Itália, mas por pouco tempo. No auge do sucesso na Europa, a bailarina obedeceu à ordem da diretiva revolucionária de não participar da vida artística dos teatros enquanto a Itália estivesse sob domínio austríaco. Seu pai, o médico Antonio Baderna, foi seu incentivador, em uma época em que ser bailarina era o mesmo que escolher ser prostituta. Mas ele era também republicano e tinha sido derrotado no movimento democrático de 1848. Para fugir à repressão, levou a filha a aceitar um convite para se apresentar no Brasil, onde desembarcaram no ano seguinte. Como primeira-bailarina do Scala, Marietta despertou desde o início a atenção dos brasileiros, que nunca tinham visto uma artista dessa categoria. Fez sucesso no principal teatro carioca, o São Pedro de Alcântara, mais tarde renomeado para Teatro João Caetano.
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Depois de uma temporada de grande sucesso na Inglaterra, em 1847, voltou à Itália, mas por pouco tempo. No auge do sucesso na Europa, a bailarina obedeceu à ordem da diretiva revolucionária de não participar da vida artística dos teatros enquanto a Itália estivesse sob domínio austríaco. Seu pai, o médico Antonio Baderna, foi seu incentivador, em uma época em que ser bailarina era o mesmo que escolher ser prostituta. Para fugir à repressão, levou a filha a aceitar um convite para se apresentar no Brasil, onde desembarcaram no ano seguinte. Como primeira-bailarina do Scala, Marietta despertou desde o início a atenção dos brasileiros, que nunca tinham visto uma artista dessa categoria. Fez sucesso no principal teatro carioca, o São Pedro de Alcântara, mais tarde renomeado para Teatro João Caetano.
Segundo o biógrafo Silverio Corvisieri, que publicou "Maria Baderna: a bailarina de dois mundos" em 2001, Marietta tinha personalidade rebelde, vivendo de maneira excessivamente liberal para o Brasil de D. Pedro II. Além de namoradeira, ela às vezes dançava em bailes, praças e praias. Nessas ocasiões, longe da rigidez dos palcos, preferia os ritmos calientes como o sensual lundum, então relegado aos lugares freqüentados por escravos.  
Segundo o biógrafo Silverio Corvisieri, que publicou "Maria Baderna: a bailarina de dois mundos" em 2001, Marietta tinha personalidade rebelde, vivendo de maneira excessivamente liberal para o Brasil de D. Pedro II. Além de namoradeira, ela às vezes dançava em bailes, praças e praias. Nessas ocasiões, longe da rigidez dos palcos, preferia os ritmos calientes como o sensual lundum, então relegado aos lugares freqüentados por escravos.  
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Sempre à frente de seu tempo, Baderna se interessou pelos ritmos afro-brasileiros e saiu às ruas para ver o requebrar das mulatas. Em pouco tempo foi considerada a musa do lundum, da cachuca e da umbigada, danças com movimentos bastante ousados para a época de dom Pedro 2º. Num ambiente de moralismo e preconceito (ao menos para efeito público), pode-se imaginar o escândalo quando, no Recife, em 1851, Baderna resolveu apresentar um lundum. Apesar dos protestos racistas, a temporada foi mais um sucesso. E marcou o início do abrasileiramento da artista, cujo primeiro contato com as danças dos negros e mulatos tinha sido pela leitura das Cartas Chilenas, do poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga.  
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Sempre à frente de seu tempo, Baderna se interessou pelos ritmos afro-brasileiros e saiu às ruas para ver o requebrar das mulatas. Em pouco tempo foi considerada a musa do lundum, da cachuca e da umbigada, danças com movimentos bastante ousados para a época de dom Pedro 2º. Num ambiente de moralismo e preconceito (ao menos para efeito público), protagonizou um escândalo no Recife em 1851 ao encenar um lundum. Apesar dos protestos racistas, a temporada foi mais um sucesso. E marcou o início do abrasileiramento da artista, cujo primeiro contato com as danças dos negros e mulatos tinha sido pela leitura das Cartas Chilenas, do poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga.  
Nos anos seguintes, o panorama artístico do Rio de Janeiro alterou-se. O público interessava-se cada vez mais pela ópera e pelas cantoras, o que levou à marginalização da dança. As referências à Baderna na imprensa escasseiam, sabendo-se que ainda estava no Rio, em 1856, mas inativa. Reapareceria na França em 1863, onde fez sua despedida dos palcos, em 1865.
Nos anos seguintes, o panorama artístico do Rio de Janeiro alterou-se. O público interessava-se cada vez mais pela ópera e pelas cantoras, o que levou à marginalização da dança. As referências à Baderna na imprensa escasseiam, sabendo-se que ainda estava no Rio, em 1856, mas inativa. Reapareceria na França em 1863, onde fez sua despedida dos palcos, em 1865.
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Seu estilo de vida, considerado transgressor, deu à bailarina uma existência plena em dois mundos: de noite, uma sílfide nos palcos, de dia, uma revolucionária.
Seu estilo de vida, considerado transgressor, deu à bailarina uma existência plena em dois mundos: de noite, uma sílfide nos palcos, de dia, uma revolucionária.
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== Os "baderneiros" ==
== Os "baderneiros" ==

Edição de 01h27min de 20 de junho de 2013

Maria ou Marietta Baderna foi uma bailarina italiana que viveu no século XIX e veio para o Brasil para fugir à repressão logo após seu pai ter sido derrotado no movimento democrático de 1848. Tendo alcançado grande e precoce sucesso como dançarina clássica na Europa, ao vir para o Brasil encantou-se e imergiu na cultura brasileira, chocando o público conservador e racista da época ao apresentar espetáculos de lundum, cachuca e umbigada. Era uma mulher livre que desafiava os preconceitos moralistas com sua maneira de viver e ao mesmo tempo encantava legiões de pessoas que apreciavam sua arte e que a seguiam por todo canto, sendo chamados de badernistas ou baderneiros. Seu último nome - Baderna - entrou para a história do Brasil e também para o dicionário ao ganhar o significado de confusão, desordem e bagunça, sendo muito usado, também, para designar um aglomerado de pessoas lutando por uma causa social.

Biografia

Marietta (que no Brasil também era chamada de Maria) Baderna nasceu em Castel San Giovanni ou Piacenza, Itália em 1828. Desde cedo mostrou inclinação para a dança, estudando com um reconhecido mestre da época, Carlo Blasis. Bonita e talentosa, já aos 15 anos era saudada como uma das revelações mais promissoras em Milão, sede do Scala, um dos teatros líricos mais importantes do mundo.

Depois de uma temporada de grande sucesso na Inglaterra, em 1847, voltou à Itália, mas por pouco tempo. No auge do sucesso na Europa, a bailarina obedeceu à ordem da diretiva revolucionária de não participar da vida artística dos teatros enquanto a Itália estivesse sob domínio austríaco. Seu pai, o médico Antonio Baderna, foi seu incentivador, em uma época em que ser bailarina era o mesmo que escolher ser prostituta. Para fugir à repressão, levou a filha a aceitar um convite para se apresentar no Brasil, onde desembarcaram no ano seguinte. Como primeira-bailarina do Scala, Marietta despertou desde o início a atenção dos brasileiros, que nunca tinham visto uma artista dessa categoria. Fez sucesso no principal teatro carioca, o São Pedro de Alcântara, mais tarde renomeado para Teatro João Caetano.

Segundo o biógrafo Silverio Corvisieri, que publicou "Maria Baderna: a bailarina de dois mundos" em 2001, Marietta tinha personalidade rebelde, vivendo de maneira excessivamente liberal para o Brasil de D. Pedro II. Além de namoradeira, ela às vezes dançava em bailes, praças e praias. Nessas ocasiões, longe da rigidez dos palcos, preferia os ritmos calientes como o sensual lundum, então relegado aos lugares freqüentados por escravos.

Sempre à frente de seu tempo, Baderna se interessou pelos ritmos afro-brasileiros e saiu às ruas para ver o requebrar das mulatas. Em pouco tempo foi considerada a musa do lundum, da cachuca e da umbigada, danças com movimentos bastante ousados para a época de dom Pedro 2º. Num ambiente de moralismo e preconceito (ao menos para efeito público), protagonizou um escândalo no Recife em 1851 ao encenar um lundum. Apesar dos protestos racistas, a temporada foi mais um sucesso. E marcou o início do abrasileiramento da artista, cujo primeiro contato com as danças dos negros e mulatos tinha sido pela leitura das Cartas Chilenas, do poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga.

Nos anos seguintes, o panorama artístico do Rio de Janeiro alterou-se. O público interessava-se cada vez mais pela ópera e pelas cantoras, o que levou à marginalização da dança. As referências à Baderna na imprensa escasseiam, sabendo-se que ainda estava no Rio, em 1856, mas inativa. Reapareceria na França em 1863, onde fez sua despedida dos palcos, em 1865.

Depois, veio o silêncio, ajudando a alimentar o mito: o mito da bailarina que foi amiga do grande ator João Caetano, contemporânea de cantoras famosas como Candiani e elogiada por escritores e jornalistas como José de Alencar ou José Maria da Silva Paranhos, o futuro Visconde do Rio Branco. Mito de uma mulher que ousou desafiar as normas de uma sociedade conservadora e escravista e cujo fantasma, segundo Corvisieri, ainda ronda no céu do Rio, com um sorriso ambíguo (...), como se quisesse conservar uma margem de vaga e etérea elegância continuando sua dança, estrela entre as estrelas (CORVISIERI, 2001).

Seu estilo de vida, considerado transgressor, deu à bailarina uma existência plena em dois mundos: de noite, uma sílfide nos palcos, de dia, uma revolucionária.

Os "baderneiros"

Referências

CORVISIERI, Silverio. Maria Baderna: a bailarina de dois mundos. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2001.

SANCHEZ, Vera A. S. "Entre o popular e o erudito, 'a civilização no Brasil começou pelos pés'". Soc. e Cult., Goiânia, v. 13, n. 2, p. 269-276, jul./dez. 2010.


Filme: "Veja & Ouça - Maria Baderna no Brasil", 18min. Dir:. André Francioli (2004-2005)

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